Por Roberto Caldas (*)
O
Espiritismo bem que poderia ter como um dos seus codinomes Doutrina do
Destemor. E uma justificativa para tal denominação seria a sua enorme vocação
para o esclarecimento das pessoas em torno de conceitos que historicamente
estabeleceram padrões e impedimentos ao livre exercício do pensamento, mercê de
receios descabidos de forças que se impunham enquanto autoridades espirituais.
Começando
pela clareza com que define o gráfico da existência na Terra passando pela
morte. Nesse momento a Doutrina do destemor abre a mente das pessoas para a
compreensão desse fenômeno não apenas natural como necessário ao equilíbrio
planetário e evolucional do seres encarnados. Explica com lógica racional o
paralelo de um mundo espiritual concreto e palpável para os seus habitantes
baseando cientificamente a existência de planos invisíveis aos olhos terrenos,
mas absolutamente reais, de onde o dito morto pode repensar as circunstâncias
do período de vida no corpo. Essa visão da morte permite uma reviravolta que
transforma o entendimento. Acaba com a ideia da fixidez de regiões, cuja
teologia clássica diz dividir-se em céu e inferno, repletas de delícias
enfadonhas ou de sofrimentos demasiado cruéis para serem acreditados.
A
conseqüência maior de tornar o fenômeno morte uma transição natural, e que não
altera as condições individuais de cada Espírito, é a cessação de outro temor
que corrói as entranhas da grande maioria dos crentes. A Doutrina do Destemor
anuncia um Deus que não pune, pois permite oportunidades incontáveis de retorno
à existência física, quando a individualidade espiritual retoma os seus
compromissos com a finalidade de concluir todos os aprendizados necessários à
conquista de sua libertação intelecto-moral. Jesus já o teria afirmado quando
questionou (Lucas XI; 11 e 12) “E qual o pai dentre vós que, se o filho
lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir peixe, lhe dará por peixe
uma serpente? Ou, se pedir um ovo, lhe dará um escorpião?”. Deus
decididamente não nos poderia condenar à eternidade de dores e sofrimentos, o
que leva a outra constatação: se inferno é uma quimera, logo o Demônio, figura
mitológica que tem assombrado as inteligências humanas que lhe creditam
alternância de forças com o poder Divino, não existe. Se Deus Soberanamente
Justo e Bom não pune e o mal personificado por Satanás não passa de um estágio
de imperfeições a ser vencido na escalada ao progresso dos Espíritos, então o
que há de se temer de fato?
A
Doutrina Espírita quebra o ciclo de medo gerado pelas antigas teologias
religiosas cristãs que, segundo Allan Kardec em O Céu e O Inferno, conseguem
ser mais cruéis que a visão pagã, consideradas as penas a serem sofridas pelos infiéis
depois da morte do corpo físico. A Inteligência suprema e Causa primária de
todas as coisas (LE – q 01) ao gerar os princípios inteligentes do Universo
simples e ignorantes (LE – q 115) com a finalidade que se tornassem Espíritos
Puros, estabeleceu na morte o retorno do ser espiritual ao mundo normal
primitivo e na volta ao corpo, para outras existências, a possibilidade de
seguir aprendendo.
O
esclarecimento nos livra dos medos, os quais geram os enganos e a submissão. A
Doutrina do Destemor nos ensina com simplicidade como vencer os medos.
¹ editorial do programa
Antena Espírita de 29.11.2015.
(*) escritor espírita,
editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de
Mostarda.
Oportuno e muito bom!
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