“Comparemos a
Providência Divina a estabelecimento bancário, operando com reservas
ilimitadas, em todos os domínios do mundo. Pela Bolsa de Causa e Efeito, cada
criatura retém depósito particular, com especificação de débitos e haveres,
nitidamente diversos, mas, pela Carteira do Tempo, todas as concessões são
iguais para todos.”
(Estude e Viva, F.C. Xavier e Waldo Vieira)
Toneladas
de fogos de artifícios! Expectativas! Simpatias! Bebidas! Músicas! Tudo para
atender a demanda do sensorial. Eis um pequeno resumo do que é a passagem do
ano em todo o mundo. Em pouco tempo, a vida volta à rotina e se percebe que tudo continua como dantes no quartel d’ Abrantes.
Envolto nos burburinhos
da vida o homem não dispensa um tempo do seu tempo para meditar sobre o
significado e a importância do tempo em sua vida.
“O que é o tempo afinal? Se ninguém me
pergunta, eu sei; mas, se me perguntam e eu quero explicar, já não sei.” Assim,
Agostinho de Hipona conhecido universalmente como Santo Agostinho, define o tempo
em sua autobiografia Confissões. Talvez
uma das melhores definições sobre o tempo, pois atende à compreensão do vulgo.
Quem poderá defini-lo?
O
Espírito Galileu, em “A Gênese”, no capítulo VI, assim define o tempo:
“O tempo é apenas uma medida relativa da
sucessão das coisas transitórias; a eternidade não é susceptível de medida
alguma, do ponto de vista da duração; para ela não há começo, nem fim: tudo lhe é presente.”
(grifos nossos)
Portanto,
o passado e o futuro só existe para efeito de consciência. O tempo é o agora. O tempo é o devir.
Novamente em Santo
Agostinho, se encontra afirmativa vigorosa e que concilia com outros filósofos
e pensares científicos contemporâneos:
“O que agora se mostra com a clareza da
evidência, é que nem o futuro nem o passado existem.”
Para
G.I. Gurdjieff (1866-1949), místico e filósofo armênio o “tempo é respiração. Tente compreendê-lo.” Bela definição!
O tempo aqui em comento, é o
tempo da alma, o tempo do Espírito, definido por alguns filósofos como temporalidade, ou seja, a unidade dentro
da consciência, do passado, do futuro e do presente, e não o tempo do mundo.
Para Aristóteles
(348-322 a.C), filósofo grego e discípulo de Platão, o tempo só existe na perspectiva
do estado de mudança, quando isso não ocorre, não percebemos o tempo:
“Já que não tomamos consciência do tempo
quando não distinguimos nenhuma mudança, e a alma parece permanecer num estado
uno e indivisível, e que, ao contrário, quando percebemos e distinguimos uma
mudança, então dizemos que passou o tempo, é claro que não há tempo sem
movimento nem mudança.”
O tempo, portanto, é
presente do eterno. É capital inesgotável ao dispor do Espírito encarnado, para
a construção da sua regeneração. É de fundamental importância o aproveitamento dos
anos, dos meses, das horas, dos minutos e segundos na obra que se vem realizar,
ou seja, a construção do Reino de Deus em nós, conforme assinala o Mestre
Galileu. Os Benfeitores Espirituais afirmam, no entanto, que muitos Espíritos
retornam ao mundo espiritual de “mãos
vazias” em decorrência do mal uso do tempo na dimensão do corpo.
A esse respeito o Espírito
Massilon, em mensagem inserta na Revista
Espírita de novembro de 1860, assim se reporta:
“Se, por um instante, pudésseis refletir
sobre a perda de tempo, mas refletir muito seriamente e calcular o imenso erro
que cometeis, veríeis quanto esta hora, este minuto escoado inutilmente que não
podeis recuperar, poderia ser necessário ao vosso bem futuro. (...) E se
usastes mal, um dia sereis obrigados a repará-lo pela expiação, e, talvez, de
maneira terrível.”! O que não daríeis, então, para recuperar o tempo perdido!
Já o Espírito Marcilac, em
mensagem na Revista Espírita,
junho de 1861, seguindo o raciocínio do Espírito Massilon, considera que para
os Espíritos inferiores, em especial os que têm faltas pesadas a expiar, o
tempo se mede por seus pesares, seus remorsos e seus sofrimentos, fazendo-o tão
pesado. Para os Espíritos superiores, o tempo passa mais depressa, pois
percorrer as esferas em voo mais rápido.
Vê-se, pois, que a reflexão
do tempo nesses dias, nessas horas, é de fundamental importância para o
revigoramento das nossas potencialidades evolutivas, buscando a verdadeira
compreensão acerca do real sentido da vida, da morte e do próprio tempo.
Com a palavra final, os
Espíritos Emmanuel e André Luiz, na obra já citada, Estude e Viva:
“Para isso, reflitamos: o ontem
ter-nos-á trazido a luz da experiência e amanhã decerto nos sugere luminosa esperança. A melhor
oportunidade, entretanto, não se chama ontem nem amanhã. Chama-se hoje. Hoje é
o dia.”
Boa e profunda reflexão. Enriquece-nos ver o assunto através da lógica, com o perfilamento das ideias de diversos pensadores, onde se inclui, com destaque, o pensamento espírita.
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