segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

PELA ÉTICA E A DECÊNCIA¹



         


Por Roberto Caldas (*)



         A Doutrina Espírita além de cumprir com as suas obrigações de estabelecer as normas de convivência entre o mundo material e o invisível possibilitando ao ser encarnado uma ampla visão das responsabilidades que o tornam senhor absoluto de suas ações antes e depois do seu desencarne, também cumpre um papel social dos mais importantes. Pelo fato de tornar claro que não existem dois mundos e sim apenas um, separados pela morte, no qual vale mais uma atitude sadia do que mil orações vazias, o alcance dos seus ensinos norteia a posição política e social dos seus seguidores.

            Numa época de disparates em todos os campos de ação humana, como a nossa, vemos prêmio Nobel da Paz ser entregue a pessoas que usam armas, testemunhamos governos instalarem esquadrões da morte, apreciamos cerimônias que exageram na opulência quase surreal não fosse de uma realeza do mundo, acompanhamos congressos votando matérias que punem a Natureza e absolvem o infrator, aplaudem a ganância e temem a verdade. Tais fatos coexistem paralelos com a existência de milhares de órfãos, vítimas das guerras armadas e das batalhas sociais ditadas pela impiedade humana, além do contingente gigantesco de homens e mulheres que cambaleiam de fome, resultantes sociais de um mundo injusto. É numa época como essa que vivemos que a Doutrina Espírita pode nos auxiliar a ultrapassar o estado da indignação revoltosa ou mesmo do pessimismo paralisante.
            Os princípios do Espiritismo conduzem a alma humana à compreensão de que vale a pena buscar nos elementos de uma ética espiritual baseada no conhecimento da lei de causa e efeito, a serenidade necessária à mente, evitando com isso que nós mesmos nos percamos apenas em descrença e revolta tornando-nos peças nulas na conjugação de forças que compõem o quadro das imperfeições humanas.
            Os homens não precisam de esmolas. Os homens não precisam de piedade piegas. Os homens não precisam da pena de morte, até porque não se morre. Os homens precisam de uma nova ordem que estabeleça a dignidade consubstanciada numa doutrina moral que mostre com clareza que todos sofremos de um mesmo mal, pois o egocentrismo e a ambição declarados pelo poderoso de hoje que rasgam as constituições e transigem o direito do cidadão, certamente foram as mesmas moedas apresentadas pelas vítimas da atualidade quando o poder lhes pertencia. O mundo precisa de uma estrada de esperanças que mostre a cada um de nós que não é possível tornar a vida melhor se apenas uma parte das pessoas consegue realizar os sonhos e alcançam a satisfação de se sentirem vivas.
            O mundo precisa das lições de elevada moral defendidas pela Doutrina Espírita, mas que não lhe pertencem em exclusividade, porque representam a grandeza das leis universais e que foram trazidas à Terra por todos os grandes mestres que encarnaram no planeta para aliviarem às pessoas comuns como nós que sofrem a própria inferioridade. Em síntese o mundo precisa do “amai-vos uns aos outros” como ensinou Jesus Cristo.

¹ editorial do programa Antena Espírita de 13.12.2015.
(*) escritor espírita, editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.

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