Por Roberto Caldas (*)
A Doutrina Espírita além de cumprir com as
suas obrigações de estabelecer as normas de convivência entre o mundo material
e o invisível possibilitando ao ser encarnado uma ampla visão das
responsabilidades que o tornam senhor absoluto de suas ações antes e depois do
seu desencarne, também cumpre um papel social dos mais importantes. Pelo fato
de tornar claro que não existem dois mundos e sim apenas um, separados pela
morte, no qual vale mais uma atitude sadia do que mil orações vazias, o alcance
dos seus ensinos norteia a posição política e social dos seus seguidores.
Numa
época de disparates em todos os campos de ação humana, como a nossa, vemos
prêmio Nobel da Paz ser entregue a pessoas que usam armas, testemunhamos
governos instalarem esquadrões da morte, apreciamos cerimônias que exageram na
opulência quase surreal não fosse de uma realeza do mundo, acompanhamos
congressos votando matérias que punem a Natureza e absolvem o infrator,
aplaudem a ganância e temem a verdade. Tais fatos coexistem paralelos com a
existência de milhares de órfãos, vítimas das guerras armadas e das batalhas
sociais ditadas pela impiedade humana, além do contingente gigantesco de homens
e mulheres que cambaleiam de fome, resultantes sociais de um mundo injusto. É
numa época como essa que vivemos que a Doutrina Espírita pode nos auxiliar a
ultrapassar o estado da indignação revoltosa ou mesmo do pessimismo
paralisante.
Os
princípios do Espiritismo conduzem a alma humana à compreensão de que vale a
pena buscar nos elementos de uma ética espiritual baseada no conhecimento da
lei de causa e efeito, a serenidade necessária à mente, evitando com isso que
nós mesmos nos percamos apenas em descrença e revolta tornando-nos peças nulas
na conjugação de forças que compõem o quadro das imperfeições humanas.
Os
homens não precisam de esmolas. Os homens não precisam de piedade piegas. Os
homens não precisam da pena de morte, até porque não se morre. Os homens
precisam de uma nova ordem que estabeleça a dignidade consubstanciada numa
doutrina moral que mostre com clareza que todos sofremos de um mesmo mal, pois
o egocentrismo e a ambição declarados pelo poderoso de hoje que rasgam as
constituições e transigem o direito do cidadão, certamente foram as mesmas
moedas apresentadas pelas vítimas da atualidade quando o poder lhes pertencia.
O mundo precisa de uma estrada de esperanças que mostre a cada um de nós que
não é possível tornar a vida melhor se apenas uma parte das pessoas consegue
realizar os sonhos e alcançam a satisfação de se sentirem vivas.
O
mundo precisa das lições de elevada moral defendidas pela Doutrina Espírita,
mas que não lhe pertencem em exclusividade, porque representam a grandeza das
leis universais e que foram trazidas à Terra por todos os grandes mestres que
encarnaram no planeta para aliviarem às pessoas comuns como nós que sofrem a
própria inferioridade. Em síntese o mundo precisa do “amai-vos uns aos outros”
como ensinou Jesus Cristo.
¹ editorial do programa Antena Espírita de 13.12.2015.
(*) escritor espírita, editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.
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