segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

REFLEXÕES SOBRE O NATAL¹



Por Roberto Caldas (*)


            O nascimento de Jesus datado em 25 de dezembro não se trata de um fato histórico. É uma presunção. Como de resto muitos relatos que se multiplicam a seu respeito ainda carecem ser comprovados, ausentes elementos definitivos de certificação. A sua existência se revestiu de simbologias e enigmas preservando a sua biografia através dos tempos com toda a carga emocional que sobreviveu aos dois últimos milênios.
            Definitivamente a vitória que alcançou sobre a morte foi o registro que o consolidou como o maior entre todos os líderes espirituais do Ocidente, ícone que dividiu a História em duas eras, a que o antecedeu e essa que perdura até os dias atuais. Dados demográficos apontam uma fatia de 32% da população mundial como seus profitentes, 86% entre os brasileiros. Natural que, depois de tantos anos de conhecida a sua mensagem, já tivéssemos familiaridade com uma eficiente maneira de interpretá-lo, mas infelizmente não é assim que os fatos nos sinalizam.

            O modelo do progresso humano, aquele que privilegia a forma à essência, aponta para uma combinação de valores que se posicionam muito distante daqueles exaltados no Sermão do Monte, quando entre tantos ensinamentos fomos convidados à simplicidade, à mansuetude, ao amor à justiça, além de termos sido comparados ao sal da terra e à luz do mundo. Enquanto exibimos a nossa fragilidade às dores que campeiam no mundo parece que não conseguimos enxergar os repastos de serenidade que as Suas palavras mapeiam em nossos cérebros ansiosos e acabamos por responder de maneira aflita diante das aflições que nos alcançam, incapazes do encontro com a paz interior.  Reverenciamos a simbologia essencial do seu nascimento sem que tenhamos alcançado o cerne mais profundo que o envolve.
            O homem que nasceu naquele hipotético dia, há dois milênios, é o grande amigo de nossas vidas. Suas palavras trazem o DNA da felicidade que se aspira na Terra. A simplicidade é a chave das conquistas que nos incentiva a alcançar. O respeito ao outro é o roteiro que a Sua pedagogia determina. A esperança em dias melhores a grande nutridora de Sua doutrina.  A certeza do futuro a maior das ferramentas que nos deixou à disposição.
            Durante a sua curta e inspiradora passagem pela Terra, Jesus não deixou nenhuma dúvida de que entregara a sua existência para uma finalidade que apenas iniciava naqueles repastos longínquos. Cumpria uma missão que ainda se encontra em andamento e distante do seu final. Conduzir à humanidade às majestosas planícies do autoconhecimento, única via de condução dos destinos do ser espiritual ao grande abraço com as maravilhas da criação divina.
            Cientes das necessidades prementes que as nossas imperfeições dispõem com justiça, em nossos caminhos, aprendamos com Jesus que a confiança em Deus é a maior de nossas conquistas humanas e que coisa alguma, senão a Sua Vontade e que haverá de prevalecer por todos os dias até a consumação dos séculos.
            Feliz Natal!

¹ editorial do programa Antena Espírita de 20.12.2015.
(*) escritor espírita, editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.
               
                  

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