Por Francisco Castro (*)
A EDUCAÇÃO NO BRASIL
No Brasil, a educação é
disciplinada pela Lei Federal nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996 a qual, em seu
artigo 1º, na versão mais atualizada, de março de 2015, assim define:
“A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na
vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e
pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações
culturais”.
Vê-se aí que o termo educação
tem um sentido bastante amplo, mas que, na sua essência, conforme definido na
lei, abrange os processos formativos que se desenvolvem, primeiramente na
família, em seguida na convivência humana, no trabalho, e por fim nas
instituições de ensino e pesquisa, além de outros.
Essa definição legal, conforme
se encontra destacado acima, imagina-se que tenha passado por um acurado exame
dos experts na área e não apenas daqueles que cuidam da técnica legislativa.
Esse artigo primeiro da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional vem acompanhado de dois parágrafos,
sendo que o primeiro deles esclarece que “a
lei disciplina a educação escolar que se
desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias”;
e o segundo esclarece que o objetivo da
educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social.
Pela redação desses dois
parágrafos citados acima, vê-se que a tarefa da educação escolar é,
predominantemente, a de instrumentalizar o indivíduo para a vida prática, ou
seja, preparar o indivíduo para o exercício de uma atividade profissional, em
suma, para o trabalho, o que não se pode imaginar que seja pouco,
principalmente nos dias de hoje.
Quando as famílias procuram
colocar seus filhos em boas escolas estão cobertas de razão, porque é através
da instrução que o indivíduo se prepara para a vida prática e não se pode
imaginar que os pais estejam cometendo algum tipo de erro em desejar que seus
filhos frequentem boas escolas, porque assim eles se preparam para a vida
profissional, e isso é uma tarefa das mais louváveis, portanto, é justo que as
famílias pensem e ajam assim.
Mas, e o que as crianças e os
jovens devem levar para a escola? Além de cadernos, lápis, borracha e
merendeira? Também precisam de fardamento, livros e boa alimentação! Só isso?
Será que não está faltando alguma coisa?
Lembremos o que foi citado
acima, quando nos referimos ao Prof. Hippolyte Leon Denizard Rivail, ainda no século XIX! De que “A educação é a arte de formar os homens; isto é, a arte
de fazer eclodir neles os germens da virtude e abafar os do vício; de
desenvolver a inteligência e de lhes dar instrução própria às suas
necessidades”.
Ora, instruir é a principal
tarefa da escola conforme vimos acima e que está definido na lei, que é
desenvolver a inteligência e dar instrução própria às necessidades da vida, mas
a quem caberá a tarefa de fazer eclodir neles os germens da virtude e abafar os
do vício?
Quer nos parecer que esse
aparelhamento a criança já deve levar de casa, portanto, esse tipo de
preparação é tarefa que cabe à família propiciar.
A
CRIANÇA COMO SER ESPIRITUAL
Importante, desde logo, ressaltarmos
que, embora essa tarefa seja facilitada pela idade, há sempre que se considerar
que as crianças são espíritos, os seja “almas antigas”, como diz Tom Shroder em
seu livro de mesmo título, que chegam para novas experiências no corpo físico,
os quais trazem vícios que, às vezes, foram desenvolvidos em várias existências
anteriores, e que, por isso mesmo, devem ser objeto da maior atenção dos seus
pais.
Assim, importante que se deva
considerar a vida no sentido contínuo, ora o ser espiritual encarnado, ligado a
um corpo, ora livre do liame físico, ou seja, do corpo, quando se encontra no
mundo espiritual aguardando a oportunidade para uma nova existência física.
No Capítulo III, da parte
segunda de O Livro dos Espíritos, que trata sobre a infância, na questão 383,
Allan Kardec pergunta de forma especifica aos Espíritos, o seguinte: Para o
Espírito, qual a utilidade de passar pelo estado de infância? A resposta
textual é: “Encarnando, com o objetivo de se
aperfeiçoar, o Espírito, durante esse período, é mais acessível às impressões
que recebe capazes de lhe auxiliarem o adiantamento, para o que devem
contribuir os incumbidos de educá-lo.”
Já
ficou bastante claro acima, que a tarefa de educar, conforme aqui estamos
tratando, não cabe à escola e sim aos pais, o que se pode reforçar transcrevendo a resposta que os Espíritos
deram a Allan Kardec na pergunta de nº 385 de O Livro dos Espíritos, que é
bastante extensa, entretanto, nos dois últimos parágrafos, essa questão fica
totalmente esclarecida, senão vejamos:
“(...)
A infância ainda tem outra utilidade. Os
Espíritos só entram na vida corporal para se aperfeiçoarem, para se melhorarem.
A delicadeza da idade infantil os torna brandos, acessíveis aos conselhos da
experiência e dos que devam fazê-los progredir. Nessa fase é que se lhes pode
reformar os caracteres e reprimir os maus pendores. Tal o dever que Deus impôs
aos pais, missão sagrada de que terão de dar contas.”
“Assim, portanto, a infância é não só
útil, necessária, indispensável, mas também consequência natural das leis que
Deus estabeleceu e que regem o Universo.”
O QUE A FAMÍLIA DEVE ENSINAR Á CRIANÇA
O Professor Rivail, já utilizando o
pseudônimo de Allan Kardec, na Questão 685 de O Livro dos Espíritos, na qual
ele, ao se referir à questão das crises na economia, com reflexo nas pessoas
idosas que não podem mais se manter pelo trabalho, diz o seguinte: “(...) Há um elemento, que se não costuma
fazer pesar na balança, sem o qual a ciência econômica não passa de simples
teoria. Esse elemento é a educação, não a educação intelectual, mas a educação
moral. Não nos referimos à educação moral pelos livros e sim a que consiste na
arte de forma os caracteres, à que incute hábitos, porquanto a educação é o
conjunto de hábitos adquiridos”.
Vamos nos deter na análise da parte
final do parágrafo anterior, na qual Allan Kardec deixa claro que não se refere
à educação moral pelos livros, porquanto a
“educação é o conjunto de hábitos adquiridos”.
Voltemos ao exemplo dado por Comenius,
citado acima, ao comparar o desenvolvimento da criança com os cuidados que se
deve ter com uma árvore, sabe-se que o jardineiro, desde cedo, costuma
ampará-la com uma pequena estaca para que possa crescer aprumada e reta, ou
seja, “antes que a árvore cresça muito e se encha de galhos.”
Assim, para se formar o caráter de
alguém se tem que começar desde cedo, nos primeiros anos de vida do indivíduo,
portanto, logo na primeira infância, como tarefa da família.
Partindo-se dessa premissa, os pais
devem cuidar da educação moral de seus filhos, desde as primeiras idades, para
que desenvolvam hábitos saudáveis que se refletirão no futuro quando se
tornarem adultos.
CONCLUSÃO
OS BONS HÁBITOS SE APRENDE NA INFÂNCIA
Durante os primeiros anos de vida a
criança, espírito encarnado, passa a maior parte do tempo no seio da família,
muito próxima dos pais, principalmente da mãe, a qual lhe supre as necessidades
de alimentação, segurança, higiene e conforto.
Como ainda não desenvolveu a fala,
caso esteja se sentindo desconfortável por alguma razão, a forma de atrair a
atenção materna é através do choro, ocasião mais que oportuna para que,
gradualmente lhe sejam incutidos hábitos que, no futuro, revelarão que recebeu
uma boa educação.
As mães, de maneira geral, desenvolvem
uma psicologia própria da maternidade quando identificam, através do choro da
criança, quais os tipos de necessidades que precisam atender sabem, por
exemplo, quando a criança está molhada ou quando é devido a outro tipo de
necessidade fisiológica, quando o choro é de sono, ou quando a criança quer
companhia, alguém por perto, ou até se o que ela quer é um colo.
Esse relacionamento é fundamental para
as duas, para a mãe e para a criança, porque aí é que se forma um laço de
confiança entre elas, o que, no futuro, propiciará oportunidades para o
desenvolvimento de hábitos importantes para o desenvolvimento sadio da criança.
À satisfação das necessidades básicas
vão dando lugar ao desenvolvimento de outros hábitos, por exemplo, de cuidar da
sua própria higiene e de buscar a sua própria alimentação, ao dizer de forma
específica que está com fome ou que já está satisfeita.
Desde cedo, a criança deve desenvolver
também sua ligação com Deus, através da oração, antes e/ou após as refeições,
antes de dormir e ao acordar, dependendo do costume da família. Assim, a
criança vai, gradualmente, reconhecendo que é através da oração que a criatura
entra em contato com o criador, seja para pedir e muito mais para agradecer, de
acordo com a orientação religiosa da família.
Segundo Aristóteles, Séc. IV a.C, “a
virtude moral ou ética é produto do hábito,” para Tomás de Aquino, “a formação
de hábitos é essencial para a educação do ser humano”. Assim, a criança, desde
cedo, deve aprender a reconhecer a autoridade dos pais, a desenvolver por eles
o respeito, a obedecer-lhes as orientações e a seguir-lhes os conselhos
inspirados na prudência e experiência de vida que só os anos conferem, caso não
reconheçam a autoridade dos pais, dificilmente aceitarão seguir outras normas
de conduta impostas pelos costumes, tradições e pela vida em sociedade.
Desde cedo a criança deve também
aprender a respeitar a vida em todas as suas manifestações, seja a vida humana,
animal, vegetal e o meio ambiente, pois todos são criações divinas e fatores
importantes de equilíbrio da sociedade e da vida no planeta, o que evitará, no
futuro, o cometimento de atitudes contrárias à preservação da vida como um
todo.
Mas o respeito à vida também deve se
iniciar por ele próprio, desenvolvendo hábitos de alimentação saudável e
evitando desenvolver vícios predatórios tais como o uso de drogas, fumo,
álcool, sexo desregrado dentre outros.
Uma sociedade equilibrada necessita de
indivíduos capazes de respeitar as normas estabelecidas para a convivência
geral, ou seja, as leis do país, sem o que a lei do mais forte ou do mais
ousado é que será imposta, situação que gera o desequilíbrio social e o
cometimento de abusos, especialmente dos mais fracos pelos mais fortes.
Dentre os hábitos que a criança deve
aprender na infância, os mais importantes são os de Boas Maneiras, da Verdade e
Honestidade, da Cooperação nas tarefas domésticas, de Cidadania, de Respeito às
Leis, e à Vida em todas as suas manifestações, vegetal, animal, humana e do
planeta.
Mas... Não esqueçam:
O melhor programa de educação moral é
aquele formado pelos bons exemplos dados pelos pais aos seus filhos enquanto
com eles convivem: De respeito a tudo que é respeitável e de amor a Deus e ao
próximo!
Como todo rio começa em um pequeno fio
d’água de uma fonte, pode-se imaginar que a transformação da humanidade deva
começar no lar de cada um de nós, em qualquer cidade, especialmente do nosso
País.
Nota: Espero que esse texto possa vir,
no futuro, a dar uma contribuição ainda que pequena para tornar, esse, em um
mundo melhor para se viver.
(*) escritor espírita, membro da AMLEF
de Fortaleza, integrante da equipe do programa radiofônico Antena Espírita e
voluntário do C.E. Grão de Mostarda.
Amigo Castro,
ResponderExcluirO Espiritismo como obra de educação por ser seu viés mais revolucionário, é pouco compreendido por grande parte dos espíritas brasileiros. Sua visita às iniciativas do C.E. "O Pobre de Deus", que você bem retratou no artigo "Um Oásis de Amor", tem uma experiência bem exitosa com a Escola Allan Kardec que se utilizou da pedagogia espírita. Veja que tem tudo a ver com a sua abordagem. Sugiro resgatar essa experiência mais amiúde, entrevistando o confrade Everaldo Mapurunga. Que achas?
Amigo Jorge,
ResponderExcluirConfesso que não havia pensado em associar o desenvolvimento desse ensaio com o trabalho desenvolvido nas instituições espíritas, mas sim nas famílias em geral. Mas a sua sugestão é boa e vou tentar desenvolvê-la! Obrigado parceiro e amigo!
O que vemos emergente é uma sociedade de Instituições de Ensino Aberto e a Distância com forte associação entre si. Às vezes, essa colaboração envolve a troca de materiais do curso e alguma forma de licenciamento cruzado e transferência de crédito. https://comprartcc.com.br Acho este site muito bom para redação de ensaios. Você pode visitar este site.
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