Francisco Castro (*)
Estamos no primeiro século
do III milênio após a vinda do Cristo. No Brasil, um país considerado do terceiro
mundo pelo seu estado de desenvolvimento, porém de um povo relativamente pacífico,
de arraigado sentimento religioso, com uma história sem guerras, que aboliu a
escravatura ainda no sáculo XIX, mas que, na atualidade, enfrenta sérios
problemas estruturais de educação, saúde, habitação, emprego, renda, violência,
e principalmente nos costumes e desigualdades regionais.
O autor, desejoso de dar
uma contribuição, ainda que pequena, para que, no futuro, a situação de seu
país possa ser diferente, em suas leituras e reflexões, interessou-se pelas
ideias de um estudioso da área da educação no século XIX, o qual afirma que “os problemas da humanidade provém da
imperfeição dos homens”.
Lembramos que a afirmação
acima foi feita na segunda metade do século XIX, na França, e que esse pensador
cujo verdadeiro nome era Hippolyte Léon Denizard Rivail o qual, apesar de
publicar várias obras na área da educação, veio a se tornar mais conhecido pelo
pseudônimo, ALLAN KARDEC.
Os estudos de Allan Kardec
sobre certos fenômenos surgidos naquela época em toda a Europa e nos Estados
Unidos resultaram na publicação de várias obras, dentre elas, e a que mais
chamou a atenção de estudiosos e opositores, publicada em abril de 1.857, em
Paris, sob o título de “O Livro dos Espíritos”.
O Livro dos Espíritos
representa um marco importante na história da Humanidade, pelas suas conclusões
de que o ser humano é formado de uma parte material, o corpo, e uma imaterial,
denominada Alma ou Espírito.
Importante considerar que,
todos os seres humanos, independente de nacionalidade, condição socioeconômica,
e do tipo de doutrina que professe, é em si a união desses dois elementos:
Corpo e Espírito (Alma)!
A análise desses fenômenos
o levou Allan Kardec a concluir que o Espírito sobrevive à morte do corpo, o
qual pode voltar para uma nova existência física em outro corpo, ou seja,
reencarnar tantas vezes quantas forem necessárias para progredir, entendendo-se
o termo progredir no sentido de evoluir, de melhorar-se.
A partir das observações
dos fenômenos e através dos diálogos que mantinha com os seres que se
autodenominaram Espíritos de pessoas que haviam habitado corpos como o nosso,
em várias épocas da história da humanidade, o levaram a várias conclusões,
dentre elas a de que “os problemas da
humanidade provêm da imperfeição dos homens e de que, quando os homens forem
bons organizarão boas instituições que serão duráveis, pois todos terão
interesse em conservá-las”.
Allan Kardec concluiu
também, que a questão social não tem por ponto de partida a forma de tal ou
qual instituição; que ela se encontra toda no melhoramento moral dos
indivíduos; vindo a afirmar que é aí que reside o princípio e a verdadeira
chave da felicidade do gênero humano; para concluir que “é pela educação, mais do que pela instrução, que se transformará a
humanidade”.
Essa afirmação
impressionou bastante ao autor desse texto, a ponto de fazê-lo ficar meditando por
algum tempo: se a chave do problema seria reduzir as imperfeições do indivíduo,
pensou, então somente o próprio indivíduo é que deve empreender essa tarefa,
levando-o a concluir que é nesse ponto que se encontra a solução do problema, ou
seja, que só a educação pode fazer com que o ser humano possa, conscientemente,
mudar o seu comportamento e dar solução aos seus problemas.
Fazendo-se uma análise dos
graves problemas enfrentados nos dias de hoje, a começar com a desigualdade das
riquezas, concentrada nas mãos de poucos, enquanto muitos, apesar do esforço
realizado, carecem do essencial para sua própria sobrevivência, embora deva se
entender que a concentração em si, de uma maneira geral, não é ruim, tendo-se
como exemplo os reservatórios tipo caixas d’agua, os açudes, as lagoas, os oceanos
e as florestas.
A concentração dos
recursos econômicos só se torna um mal, quando conduz à exploração do homem que
depende do trabalho para suprir as necessidades próprias e da família; pelos
baixos salários percebidos; condições de
trabalho desumanas e às vezes até degradantes; ausência de benefícios sociais;
tudo isso associado à sonegação de impostos e encargos sociais e trabalhistas,
em benefício do incremento das margens de lucro, tendo como consequência uma
maior concentração da riqueza nas mãos de poucos, enquanto falta o necessário
para a grande maioria.
Outra questão importante a
ser citada é a alta carga de tributos imposta pelo Estado, sem a devida
contrapartida de benefícios sociais às classes menos favorecidas, aliada à
falta de programas de distribuição de renda, ausência de modernos projetos de formação
profissional, e de programas de remuneração justa do corpo docente das escolas
e universidades públicas, bem como a falta de investimentos na agricultura, que
resultem na produção de alimentos de qualidade e em quantidades suficientes a
custos acessíveis.
Adicione-se ao exposto
acima os problemas políticos, dentre os quais a profissionalização dos que se
dedicam a esse tipo de atividade, levando à formação de todo tipo de manobra a
fim de manter o status quo, sempre
regado a muitos privilégios e mordomias e a um distanciamento das reais
necessidades da população como um todo, principalmente da camada menos
favorecida, tudo isso aliada a uma aproximação sempre crescente das faixas
sociais mais aquinhoadas e propensas a serem favorecidas pelas benesses
destinadas àqueles que exercem a militância política como profissão, onde
poucos são os que se excluem desse grupo.
A questão da violência
urbana cada vez mais se agrava devido à proliferação e consumo de drogas e de
bebidas alcóolicas, somado ao despreparo do aparelho do estado para lidar com
esse tipo de problema, sistema prisional inadequado em quantidade e qualidade,
ausência de instrumentos legais e judiciais, sendo que a soma desses fatores
leva a um favorecimento daqueles que desejam burlar a estrutura legal vigente e
tirar proveito ainda maior do despreparo do Estado, esse é, em rápida síntese,
o quadro geral no início do III milênio.
(...)
Continua na 2ª Parte.
Sugerimos
ao leitor fazer comentários, interagir com o autor dizendo o que pensa,
apontando falhas e sugerindo abordagens.
(*) escritor, membro da AMLEF, expositor espírita, integrante da equipe do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.
Estão muito bem contextualizados:
ResponderExcluir- Os problemas deste início de milênio.
- A EDUCAÇÃO (não enquanto serviço que o poder público oferece e que as entidades privadas comercializam): que aprimora a consciência e faz o homem melhorar-se, e assim melhorar o mundo em torno de si.
- A solução dos problemas já referidos, através da também definida educação.
- A solução de melhoria do mundo que o Espiritismo apresenta: Através da melhoria do mundo, através da educação.