Por Francisco Castro (*)
IDEIAS SOBRE A EDUCAÇÃO
João Amós Comenius (1.592 -1.670) em
sua Didática Magna – Tratado da Arte Universal de Ensinar Tudo a Todos, logo no
primeiro capítulo, nos diz textualmente: “Um
dos primeiros ensinamentos, que a Sagrada Escritura nos dá, é este: Sob o sol
não há nenhum outro caminho mais eficaz para corrigir as corrupções humanas que
a reta educação da juventude”. Como exemplo, ele cita o provérbio 22:6: “Educa a criança no caminho em que deve
andar; e até quando envelhecer não se desviará dele.”
Dizendo mais adiante, ainda do
primeiro capítulo: “Cristo ordena que
nós, adultos, nos convertamos como criancinhas, isto é, para que desaprendamos
os males que havíamos contraído com uma má educação e aprendido com os maus
exemplos do mundo, e regressemos ao primitivo estado de simplicidade, de
mansidão, de humildade, de castidade, de obediência, etc. (...) Daí resulta que
não há coisa mais difícil que voltar a educar bem um homem que foi mal educado.
Na verdade, uma árvore, tal como cresce, alta ou baixa, com os ramos bem
direitos ou tortos, assim permanece depois de adulta e não se deixa
transformar.”
Comenius, um estudioso da arte de educar,
coloca a educação da juventude como a única forma de corrigir as corrupções
humanas, colocando a criança como elemento central do processo educativo, ou
seja, “antes que a árvore cresça muito e
se encha de galhos.”
No final do século XVIII
e início do século XIX, Johann Heinrich Pestalozzi - (1.746 -1.827), apresenta um ensaio pedagógico onde procura
traçar as linhas gerais que deveriam ser seguidas com o objetivo de fazer da
criança um adulto bom, no qual trata dos princípios para se evitar que a criança
se torne má, o qual tem como pressuposto básico a crença na bondade natural do
homem.
Segundo Pestalozzi, o mecanismo da natureza segue uma marcha
elevada e sensível em toda a sua extensão: “o
homem imita-a!” Todo o ulterior desenvolvimento espiritual da pessoa se
baseia no vínculo natural (ou “animal”) entre filho e mãe. Por isto ele insiste
na influencia da família como fator de educação.
Para ele, o professor, e muito antes o pai e a mãe atuam como
educadores, ocupam uma posição especial no ponto de encontro, entre o desejo
sensível e a razão social na criança.
Pestalozzi considerava a educação como um processo que devia
seguir a natureza, a liberdade, a bondade inata do ser humano, unindo mente,
coração e mãos. A educação, para ele, consistia, assim, no desenvolvimento
moral, mental e físico da natureza da criança, de todas as crianças,
independentemente de suas condições sociais.
Segundo Pestalozzi a criança se desenvolve de dentro para fora
como, naturalmente, a semente se transforma em uma árvore; seus impulsos são
inatos. Assim, toda a instrução educativa deve ser extraída das próprias
crianças e nascer dentro delas. Concluindo que o método de toda educação
consiste em um princípio muito simples: “seguir
a natureza”.
No início do século XIX, coerente com o que pensava, Pestalozzi
inicia uma experiência bastante exitosa, em Iverdon-Suiça onde, durante aproximadamente
vinte anos, desenvolveu suas ideias sobre a educação, chamando atenção de toda
a Europa para o seu método. Muitos pais enviaram seus filhos para o seu
Instituto, dentre eles um inteligente jovem Francês, nascido em Lyon, Hippolyte
Léon Denizard Rivail (1.804-1.869), foi também enviado para lá por seus pais.
Ao retornar para a França, o jovem Rivail passou a se dedicar ao
magistério e aos estudos sobre a educação, assim é que, aos vinte anos de idade
(1.824) lançou sua primeira obra nessa área com o título: Curso Prático e Teórico de Aritmética segundo o método de
Pestalozzi, para uso dos professores e mães de família, essa obra fez grande
sucesso na França sendo reeditada por várias décadas.
Os estudos e a prática do
professor Rivail em Paris, aliados ao seu aguçado senso crítico e de observação,
o levaram a publicar na França um Plano Para o Melhoramento da Instrução
Pública (1.828), lançado no Brasil pela Editora Comenius sob o título Textos
Pedagógicos.
A TAREFA DE EDUCAR
Conforme
se lê no livro de Provérbios, que é um
dos livros que compõe o velho testamento, e que tem como propósito
ensinar a alcançar sabedoria, a disciplina e uma vida prudente, a fazer o que é
correto, justo e digno, em resumo, “ensina
a aplicar e fornecer instrução moral”.
Recuando-se no tempo, à época
de Salomão, que viveu cerca de nove séculos antes de Cristo, contando-se aí
quase trinta séculos da nossa era atual, não se pode imaginar, conforme se vê
no Provérbio 22:6, que a arte de educar fosse tarefa da escola, pelo menos da escola
conforme hoje entendemos.
Veja-se
o que disse o Professor Rivail ainda no Séc. XIX, quando concluiu, que “é pela educação, mais do que pela
instrução, que se transformará a humanidade”, nesse ponto percebe-se que
ele está plenamente de acordo com o ensino salomônico.
Em sua obra “Plano proposto
para a melhoria da educação”, o Prof. Rivail analisa em profundidade o assunto,
concluindo que: “A educação é a arte de formar os homens; isto é, a arte de
fazer eclodir neles os germens da virtude e abafar os do vício; de desenvolver
a inteligência e de lhes dar instrução própria às suas necessidades; enfim, de
formar o corpo e de lhe dar força e saúde. Numa palavra, a meta da educação
consiste no desenvolvimento simultâneo das faculdades morais, físicas e
intelectuais.”
Quando o Prof. Rivail afirma
que “a educação é a arte de fazer eclodir nos homens os germens da virtude e
abafar os do vício,” penso, igualmente, que ele não estava se referindo
como uma tarefa da escola, posto que a esta cabe o mister de “desenvolver a
inteligência e dar instrução própria às suas necessidades.”
Podendo-se identificar nessa
conceituação do Prof. Rivail uma síntese das ideias de Comenius e Pestalozzi,
concluindo que o alicerce sobre o qual a escola desenvolverá o seu trabalho
deve ser uma construção da família. O trabalho do Prof. Rivail dirigido para a
educação continuou, com a publicação de várias obras voltadas para essa área na
França.
(...)
Continua na III Parte.
Sugerimos
ao leitor fazer comentários, interagir com o autor dizendo o que pensa,
apontando falhas e sugerindo abordagens.
(*) escritor espírita, membro da AMLEF-Fortaleza, integrante da equipe do programa radiofônico Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de mOSTARDA.
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