Por Jorge Hessen (*)
Os
primórdios do “espiritismo”
De conformidade com as fontes compulsadas,
identificamos os primórdios do movimento “pré-espírita” brasileiro nas
experiências dos partidários do mesmerismo (1). Dentre os seus
adeptos, encontramos os médicos homeopatas Benoît Jules Mure (francês) e João
Vicente Martins (português). Ambos chegaram ao Brasil em 1840. Havia mais
apaixonados pela técnica de Mesmer, a exemplo de José Bonifácio de Andrada e
Silva (o “Patriarca da Independência”), igualmente adepto à homeopatia, e
Mariano José Pereira da Fonseca (Marquês de Maricá), este último publicou um
livro de essência “pré-Codificação espírita, em 1844.
O “Espírito” Humberto de Campos explanou em
“Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho” (*) que Benoît Jules Mure e João
Vicente Martins “fariam da medicina homeopática verdadeiro apostolado. Muito
antes da codificação espírita já conheciam os transes mediúnicos e o elevado
alcance da aplicação do magnetismo espiritual. Introduziram vários serviços de
beneficência no Brasil e traziam por lema, dentro da sua maravilhosa intuição,
a mesma inscrição divina da bandeira de Ismael – “Deus, Cristo e Caridade”.
Aplicavam aos doentes os passes como um ato religioso. Não o faziam por
charlatanismo. Samuel Hahnemann recomendava esse processo auxiliar da
Homeopatia. Foram os homeopatas que lançaram os passes, não os espíritas. Estes
continuaram a tradição.
(*) Na qualidade de historiador
identifiquei em “Brasil coração do mundo pátria do Evangelho” diversas
interpolações, isto é, percebi várias “adaptações” a partir da psicografia
original, identifiquei um conjunto controlado de informações infligidas ao
texto de Humberto de Campos. Deste modo, há indícios evidentes de inserções
descontextualizadas nos capítulos, prejudicando inclusive os fatos históricos
propostos pelo Espírito. Dentre algumas interferências externas ao autor, há
gritante evocação da primazia injustificável de uma instituição espírita sobre
todas as instituições co-irmãs no Brasil. Nada, absolutamente nada, justifica
tal supremacia. O próprio Chico Xavier, que doou de boa-fé para a FEB as suas
mais importantes literaturas psicográficas, mormente na gestão de Guillon
Ribeiro, recordo que na década de 1960, por livre iniciativa, Chico Xavier se afastou em caráter irrevogável da
pretensa “casa mãe” dos espíritas no Brasil. Até 2002 (ano da sua
desencarnação) nunca mais retornou para lá….
Tal situação fez-me recordar uma advertência
de Emmanuel contido em A Caminho da Luz, capítulo 16, observemos a coincidência
histórica: “A igreja de Roma, que antes da criação oficial do Papado
considerava-se a eleita de Jesus, ao
arvorar-se em detentora das ordenações de Pedro, não perdia ensejos de firmar a
sua injustificável primazia junto às
suas congêneres de Antioquia, de Alexandria e dos demais grandes centros
da época. Herdando os costumes romanos e suas disposições multisseculares,
procurou um acordo com as doutrinas consideradas pagãs, pela posteridade,
modificando as tradições puramente cristãs, adaptando textos, improvisando novidades injustificáveis e
organizando, finalmente, o Catolicismo sobre os escombros da doutrina
deturpada.” (Grifei)
Foi no Rio de Janeiro que se formaram os
precursores do movimento espírita brasileiro, mormente pelo grupo fundado pelo
médico e historiador Alexandre José de Mello Moraes, cujos integrantes eram
Pedro de Araújo Lima (Marquês de Olinda), Bernardo José da Gama (Visconde de
Goiana), José Cesário de Miranda Ribeiro (Visconde de Uberaba) e outros
destacados personagens do Segundo Reinado. Há fontes que remontam ao ano de
1845, quando no distrito de Mata de São João, Província da Bahia, foram
registradas as primeiras manifestações do “além-túmulo”.
Alguns fenômenos das mesas girantes que
ocorriam especialmente nos Estados Unidos da América e na Europa foram
noticiados pela primeira vez no Brasil entre 1853 e 1854 no Jornal do
Commércio, Rio de Janeiro, no Diário de Pernambuco, Recife, e em O Cearense, em
Fortaleza. Porém, somente a partir de “1860 que encontramos as primeiras
publicações espiritistas.”.3
Na capital do Brasil, as primitivas sessões
espíritas foram realizadas na década de 1860, por franceses, muitos deles
exilados políticos do regime de Napoleão III de França.4 Desses
precursores, mencionamos o jornalista Adolphe Hubert, editor do periódico
“Courrier do Brésil”, o professor Casimir Lieutaud5, e a médium
psicógrafa, Madame Perret Collard6. O primeiro periódico com trechos
traduzidos das obras de Allan Kardec foi “A Verdadeira Medicina Física e
Espiritual associada a Cirurgia”, um jornal científico sobre as ciências
ocultas e especialmente de propaganda magnetotherapia,
publicado de janeiro a abril de 1861 por Eduardo Monteggia.7
Em 1865 (mesmo ano do lançamento da obra “O
Céu e o Inferno”), Luiz Olímpio Teles de Menezes (um distribuidor das obras de
Roustaing no Brasil) criou em Salvador o “Grupo Familiar de Espiritismo”
(considerada a primeira instituição espírita brasileira). Em 1866, Teles de
Menezes publicou o opúsculo “O Espiritismo – Introdução ao Estudo da Doutrina
Espírita”, contendo páginas extraídas e traduzidas de O Livro dos Espíritos. No mesmo ano, na cidade de São Paulo, a
Tipografia Literária publicou “O
Espiritismo reduzido à sua mais simples expressão”, de Allan Kardec (sem
indicação de tradutor).
Em 1869 (ano da desencarnação do
Codificador), Luís Olímpio publicou o primeiro jornal espírita do Brasil – O “Eco do Além-Túmulo” – no mês de julho
de 1869. O “Eco” contava com 56 páginas e chegou a circular em Londres, Madri,
Nova Iorque, Paris. Em novembro de 1873 foi fundada em Salvador a Associação
Espírita Brasileira (extensão do “Grupo Familiar do Espiritismo”) e, no ano
seguinte (1874), alguns membros dessa Associação fundaram o “Grupo Santa Teresa
de Jesus”.
Torteroli,
um líder dos “científicos”
Um dos divulgadores da Doutrina dos Espíritos
no século XIX foi Afonso Angeli Torteroli, fundador do “Centro da União
Espírita do Brasil”, instituição que tinha a intenção de coordenar o movimento
espírita brasileiro. Para esse objetivo (união e unificação) Torteroli organizou
em 1881, no Rio de Janeiro, o 1º Congresso Espírita Brasileiro. Sob sua influência
e liderança, “ocorreu certa oposição ao trabalho da edificação “evangélica”
(rustanista) no Brasil.”8 Torteroli, então líder dos “científicos”
(anti-rustanista), investiu contra Bezerra de Menezes (“místico”)
(neo-rustanista), e sob a liderança do genovês9 ocorreram
desacordos. No século passado costumava-se denominar os espíritas que
compartilhavam do aspecto científico (anti-rustaing) do Espiritismo de
“científicos”. Os que encaravam o Espiritismo como religião (rustanistas) eram
denominados “místicos”. Chegou-se mesmo
a denominar espíritas apenas os que aceitavam O Livro dos Espíritos como expressão da Doutrina Espírita, e
Kardecistas os que se dedicavam com mais afinco ao estudo das demais obras
escritas por Allan Kardec. Essas ramificações não mais existem, pois atualmente
emprega-se o vocábulo espírita para identificar os que aceitam o Espiritismo ou
Doutrina Espírita como um todo, em seu tríplice aspecto de ciência, religião e
filosofia.
Após a desencarnação de Torteroli, este se
manifestou pela mediunidade de Chico Xavier, expressando algum pesar pelas
dissenções ocorridas. A carta foi psicografada no dia 4 de abril de 1950. Nela
o italiano reconhece ter entendido o Espiritismo apenas como ciência e
filosofia10 [por causa das puerilidades dos “quatro evangelhos”].
Sobre isso, os simpatizantes do “academista” afirmam que a carta psicografada
contém conteúdo anímico do médium de Uberaba. Para tais, a posição doutrinária
assumida por Torteroli (estritamente “científica” e “filosófica”, portanto
antiroustaing) não prejudicou sua militância espírita, tanto no que diz
respeito à divulgação da obra de Allan Kardec quanto à prática do
assistencialismo.
Grupo
Confúcio
Avancemos para outros eventos. Os Benfeitores
supostamente “sugeriram aos espiritistas brasileiros a necessidade de criar, no
Rio de janeiro, um núcleo central das atividades, que ficasse como o órgão
orientador [federação] de todos os movimentos da doutrina no Brasil”.11
Tal instituição pioneira foi a Sociedade de Estudos Espiríticos – Grupo
Confúcio, em 1873. “Confúcio” aqui não era uma homenagem ao grande filósofo
chinês, mas a um Espírito que vinha desde algum tempo nos trabalhos
particulares do Dr. Sequeira Dias, sugerindo alguns princípios de moral.
Conforme previsto no estatutos do Grupo, devia seguir os princípios e as
formalidades expostos em O Livro dos
Espíritos e em O Livro dos Médiuns. A
divisa da sociedade era: “Sem caridade
não há salvação”. Suas atividades incluíam ainda o receituário gratuito de
homeopatia e a aplicação de passes aos necessitados.
Entre as grandes proezas do “Confúcio”
destacou-se a tradução das obras básicas de Kardec para a língua portuguesa,
realizada por Fortúnio (pseudônimo do médico Joaquim Carlos Travassos); o
lançamento da “Revista Espírita”12, organizada e dirigida por
Antônio da Silva Neto, constituindo o segundo periódico espírita do Brasil e o
primeiro do Rio de Janeiro.
Na Revista Espírita foram publicadas artigos doutrinários e de refutação aos
oponentes da Doutrina, duramente atacada pelo “Jornal do Comércio”, nos anos de
1874/5, que tachava o Espiritismo de “epidemia mais perigosa que a febre
amarela”, “verdadeira fábrica de doidos”13. Ao “Confúcio” deve o Espiritismo
brasileiro os serviços de tradução das obras de Kardec e assistência gratuita
homeopática.
O “Grupo Confúcio” foi efetivamente o embrião
da autoproclamada “casa-mãe” dos espíritas no Brasil, “constituindo
[supostamente] a base da obra tangível do suposto “espírito” “Ismael” (nome
alcunhado e criado pelo “médium” Frederico Junior), na terra brasileira”14.
No grupo participavam, entre outros rustanistas”, Bittencourt Sampaio, Joaquim
Carlos Travassos, Francisco de Siqueira Dias Sobrinho, Antônio da Silva Neto,
Casemiro Lieutaud. Todos lutaram contra a opinião antirustanista, contra o
insulto, sobretudo, contra as ondas de dissensões”.15
Outros
grupos
Ao “Grupo Confúcio” seguiu-se a Sociedade de
Estudos Espíritas “Deus, Cristo e Caridade”, criado em 1876.16 “Sob
a direção de Bittencourt Sampaio, que juntamente com Bezerra de Menezes17,
tivera a sua tarefa previamente determinada no Alto. A ele se reuniu outro
rustanista, Antônio Luiz Sayão, em 1878, para a imposição do livro de Roustaing
nas terras do Cruzeiro. Foram reorganizadas as energias existentes, para
fundarem em 1880 a “Sociedade Espírita Fraternidade”, com a qual se carregava
em triunfo o bendito lema do suave estandarte do emissário do Divino Mestre”.18
Nesse contexto (1880), Antônio Luís Sayão fundou, com os rustanistas Frederico
Pereira Júnior, João Gonçalves do Nascimento, Francisco Leite de Bittencourt
Sampaio e outros, o chamado “Grupo dos Humildes”, popularmente conhecido como
“Grupo do Sayão”, e posteriormente a confraria veio a chamar-se “Grupo Ismael”.
A ele juntou-se Bezerra de Menezes, Frederico Júnior, Domingos Filgueiras,
Pedro Richard e outros.
Naquela época, era uma verdadeira epidemia a
criação de grupelhos espíritas. O confrade Pedro Richard descreveu que “no
século XIX os espíritas, ou por discordância de ideias, ou por criminosa
pretensão, criaram considerável número de grupos [facções], cujos membros, em
sua maioria, desconheciam os preceitos mais rudimentares da Doutrina. Qualquer
espírita formava um grupo, só para satisfazer a vaidade de dar-lhe por título
um nome que ele venerava. De grupos produtivos apenas se contavam alguns, em
número por demais reduzido.”.19
Federação
espírita brasileira
Em 1883, Augusto Elias da Silva, fotógrafo
português radicado no Brasil, lança, com seus próprios recursos, o periódico
“Reformador”. No ano subsequente, em reunião em que participaram Francisco
Raimundo Ewerton Quadros, Manoel Fernandes Filgueiras, João Francisco da
Silveira Pinto, Maria Balbina da Conceição Batista, Matilde Elias da Silva,
Luis Móllica, Elvira P. Móllica, José Agostinho Marques Porto, Francisco
Antônio Xavier Pinheiro, Manoel Estêvão de Amorim e Quádrio Léo, foi proposto a
criação da Federação Espírita Brasileira. A partir desse projeto, “as
divergências tenderam arrefecerem, para que a fleuma voltasse a todos os
centros de experimentação e de estudo.”20
A primeira diretoria da FEB foi composta por
Ewerton Quadros (presidente), Domingos Filgueiras (vice-presidente), Silveira
Pinto (secretário), Augusto Elias da Silva (tesoureiro), e Xavier Pinheiro
(arquivista). Em 1895, Bezerra de Menezes assumiu a presidência e imprimiu à
Instituição a orientação doutrinário-evangélica (lamentavelmente com ênfase no
quatros evangelhos). O “Grupo Ismael” acompanhou Bezerra, apoiando-o na direção
da federação e integrando-se a ela. Paulatinamente, todos os grupos afinados
com a filiação ideológica rustanista foram-se reunindo em torno da FEB.
Os
presidentes da FEB
À guisa de ilustração, registramos aqui na
sequência os nomes dos presidentes da FEB (após Ewerton Quadros e Bezerra de
Menezes) são eles: Dias da Cruz, Leopoldo Cirne (apresentou o trabalho “Bases
de Organização Espírita em 1904”, estimulou a fundação de Federações Estaduais
e em 1913 inaugurou a sede Histórica no Rio de Janeiro, na Av. Passos)21,
Aristides Spínola, Manuel Quintão, Guillon Ribeiro, Luiz Barreto, Paim
Pamplona, Antônio Wantuil de Freitas ( permaneceu 27 anos no cargo,
formalizou o “Pacto Áureo”22,
instalou o Conselho Federativo Nacional da FEB. Durante sua gestão foi
efetivada a “Caravana da Fraternidade”), Armando de Assis (criou os Conselhos
Zonais do CFN e inaugurou as dependências da FEB em Brasília), Francisco
Thiesen (transferiu o Conselho Federativo Nacional e a sede da FEB para
Brasília, transformou os Conselhos Zonais em Comissões Regionais, Juvanir
Borges de Souza, Nestor Mazotti e Cesar Perri.
A
arrumação do “pacto áureo”
No início do século XX surgiram vários
líderes do Espiritismo, entre eles: Batuíra, Cairbar Schutel e Eurípedes
Barsanulfo. No meado de século, Deolindo Amorim fundou o Instituto de Cultura
Espírita do Brasil (ICEB) e atuou na Liga Espírita do Brasil (patrocinadora do
II Congresso da CEPA), realizado no Rio, em 1949. Na década de 1940 o movimento
espírita paulista começou a se organizar através de congressos e concentrações
de mocidades espíritas. Leopoldo Machado foi um dos grandes incentivadores das
mocidades espíritas. Toda essa movimentação doutrinária culminou com a criação,
em 1947, da União Social Espírita (atual USE).23
Com a consolidação da União Social Espírita,
a nova federativa convocou em 1948 o Congresso Brasileiro de Unificação
Espírita, realizado de 31 de outubro a 5 de novembro, com a participação de 16
Estados, por conseguinte, um ano antes do “Pacto Áureo”. Percebe-se que a
consolidação do “Pacto Áureo” foi antecedida por vários eventos, como a
fundação da Liga Espírita (1926), fundação da USE (1947), Congresso Espírita
Brasileiro de Unificação (1948), I Congresso de Mocidades Espíritas do Brasil
(1948) e o II Congresso da CEPA (1949)
Decorridos várias décadas do estranhíssimo
“Pacto Áureo”, ainda hoje se ouvem vozes coerentemente discordantes, motivo
pelo qual retrocedemos ao evento histórico, a fim de identificarmos o ideal que
animou aqueles espíritas de então na busca da unidade doutrinária. E para
narrar algo do “Pacto”, não há como fugir de citar o episódio ocorrido no
início de outubro de 1949, em que as delegações nacionais e estrangeiras
(Argentina, Cuba, México, Porto Rico, Estados Unidos, Colômbia e Uruguai)
estiveram reunidas no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, participando da
abertura do II Congresso Espírita Pan-Americano, que teria continuidade de suas
sessões na Liga Espírita do Brasil.
Participavam desse evento alguns confrades
que no congresso da USE defenderam a proposta da criação de uma “Confederação Espírita Brasileira”,
pois se avaliava no contexto que as articulações doutrinárias da FEB nada mais
eram do que de um Centrão-Laboratório, e não uma federativa aglutinadora. A
intrigante sedução inconsciente do “Pacto Áureo” foi sendo estabelecida
momentos antes da realização do II Congresso da CEPA. A rigor, foi resultante
da decisão de alguns participantes desse conclave, que aproveitaram o ensejo a
fim de visitarem a sede da Federação Espírita Brasileira. Visitação que
culminaria na realização da “Grande Conferencia Espírita” sendo quase que
imposta por Wantuil de Freitas uma proposta de agenda pré-elaborada, cuja
anuência sem maior amadurecimento dos participantes, foi firmada a 5 de outubro
de 1949.24
Um
livro, uma tática, uma ambiguidade histórica
O “Acordo não DEBATIDO” foi uma agenda com
dezoito itens, sendo que no primeiro constava: “Cabe aos espíritas do Brasil
colocarem em prática a exposição contida no livro “Brasil, Coração do Mundo,
Pátria do Evangelho”. Aqui abrimos um parêntese por entendermos que neste
dispositivo houve uma proposição passível de consequência indesejável,
considerando o foco da unidade entre os espíritas. Até porque a mais razoável
seria constar no primeiro item que os espíritas colocassem em prática a
exposição contida no Evangelho Segundo o Espiritismo, de maneira a acelerar a
marcha evolutiva do Espiritismo.
Os signatários do Pacto concluíram sem maior
DEBATE e maturação de que o livro Brasil Coração do Mundo, Pátria do Evangelho
continha dados interessantes e demonstrava qual seria a missão do Espiritismo
no Brasil. Porém os que firmaram o “Pacto” não se preocuparam com os
detalhamentos ufanistas e controversos do livro, talvez aí o “X” da questão. Não
levantamos este ponto com aversão a alguns bons conteúdo da obra (os que não
foram alterados por agentes externo ao texto original, aliás, a psicografia
original foi incinerada pela FEB), muito pelo contrário – amamos a literatura
de Humberto de Campos (sem as inserções febianas), entretanto urge apartar bem
as coisas, pois a simples entronização de Roustaing pelo suposto “autor
espiritual” contraria o pensamento de Kardec contido no Cap. XV da obra A
Gênese.
Lamentavelmente, o livro de Roustaing chegara
ao Brasil muito cedo, (via Luiz Olímpio Telles de Menezes, que tinha um pacto
de revenda da obra no Brasil) quase ao mesmo tempo que os livros de Kardec. Os
espíritas “místicos” à frente dos quais se achava– Bittencourt Sampaio –
tomaram “Os Quatro Evangelhos” como vade-mécum e o levaram à altura de última
palavra sobre a doutrina de Jesus.
Em face de inexistirem maiores quantidade de
livros para serem lidos à época, o livro de Roustaing apresentava para os quase
neófitos de Kardec, o mesmo valor doutrinário de “O Livro dos Espíritos”, isto é, ambos atribuíam o que estava
escrito a uma revelação ditada. Mas os rustanitas concebiam ter sobre a obra de
Kardec uma “vantagem”, ou seja, todas as explicações dos quatro evangelhos eram
dadas como advindas supostamente dos próprios “evangelistas”, assistidos pelos
“Apóstolos”, e estes, a seu turno, assistidos por “Moisés”. Os rustenistas
dispensaram em regra as provas, o bom senso, a lógica kardeciana.
Contentaram-se com a presunção de boa-fé sob ausência de maior raciocínio.
O rustanismo conseguiu assim, graças a pouca
discussão mais racional, ganhar adeptos entre os “místicos”. Se jamais os
prepostos, e muito menos o seu líder, afirmaram que na obra de Roustaing estava
o verdadeiro sentido da vida e doutrina de Jesus, também omitiram assertiva em
contrário. Talvez, se tal fizessem, perderiam o tempo e apagariam a leve chama
de uma fé doutrinariamente insipiente, que cumpre alimentar cuidadosamente. A
obra de Roustaing concorreu e ainda concorre para dividir os espíritas (pelos
menos dentro da própria FEB atual) e criar dificuldades invencíveis à desejada
harmonia de vistas.
Como vemos, foi uma estratégia precipitada do
“autor espiritual”, a nosso ver, citar o emblemático João Batista Roustaing
como “organizador” do trabalho da “fé espírita” ao lado de um Léon Denis, que
efetuaria o desdobramento filosófico; de Gabriel Delanne, que apresentaria a
estrada científica e de Camille Flammarion, que abriria a cortina dos mundos.
Óbvio que não houve critério mais acurado, segundo cremos. E afirmamos isso de
forma pacífica e bem à vontade, pois Humberto de Campos é o responsável
espiritual do grupo mediúnico que conduzimos há muitos anos.
O problema é que o suposto “Humberto de
Campos” evoca “as tradições do mundo espiritual”, conforme o próprio autor
espiritual assevera na Introdução do livro “Brasil, coração do mundo…”.
Obviamente esse argumento de “tradições de além” não esclarece, e sequer abona,
as ingerências da obra. E isso fica claro se compararmos o livro “Brasil,
coração.do mundo…” com “Crônicas de Além-Túmulo” e “Boa Nova” de autoria do
mesmo Espírito, nos quais Humberto de Campos utiliza de algumas informações
obtidas das chamadas “tradições do mundo espiritual”, mas sem cometer os vários
lapsos presentes em “Brasil, Coração do Mundo…”. A propósito da obra “Crônicas
de Além-Túmulo” no capítulo 21 intitulado “O Grande Missionário”, publicado
antes de “Brasil, coração.do mundo…”, são citados como colaboradores de Allan
Kardec somente os missionários Camille Flammarion, Léon Denis e Gabriel
Delanne, sem nenhuma menção a Roustaing. Isso indica interpolação ingênua na
obra Brasil Coração do Mundo……
Há alguns anos entrevistamos o ponderado
Cesar Perri, ex-presidente da FEB, e indagamos se diante da clara divisão que
existe no Movimento Espírita, algumas vezes manifestada em posturas radicais,
como a FEB deveria conduzir clara e publicamente o tema Roustaing. Que
iniciativas faltavam para apaziguar ânimos? Perri esclareceu o seguinte: “Nós
já vivemos momentos bastante delicados no Movimento Espírita, que eu acompanhei
muito de perto. Sobrevieram momentos muito complicados em algumas gestões.
Houve nessa interconexão um momento em que o presidente Thiesen decidiu junto
com o CFN que a base dos trabalhos federativos é a obra de Allan Kardec, e isso
tem sido seguido até hoje. Nessas condições, fica muito claro que o CFN em
termos de movimento nacional trabalha com a obra de Allan Kardec.
De modo óbvio, respeitamos perfeitamente e
convivemos com pessoas que gostam e estudam a obra de Roustaing, mas não usamos
isso como ponto de atrito ou desunião; procuramos buscar hoje o ponto de
convergência, e esse eixo de estabilização do Movimento Espírita é a obra de
Kardec. As obras de Roustaing, embora continuem sendo republicadas, e ainda
constem do catálogo da FEB, não há mais sua divulgação, por exemplo, nas
páginas da Revista Reformador, e essa foi uma decisão adotada em gestões
anteriores, mas respeitamos aqueles que pensam ou que adotam as obras de Roustaing.25
Tornemos ao “Pacto Áureo”. Na cláusula
segunda do Acordo ficou decidido que a FEB criaria um Conselho Federativo
Nacional permanente, com a finalidade de executar, desenvolver e ampliar os
planos da sua atual Organização Federativa. Com efeito, em janeiro do ano
seguinte instalou-se o Conselho Federativo Nacional (CFN), congregando os
representantes das Federações Espíritas Estaduais signatárias com o objetivo de
promover e trabalhar pela “união” dos espíritas e pela unificação do Movimento
Espírita.26
Caravana
da “fraternidade”
Para a tentativa de união dos espíritas,
durante a década de 1950, houve um trabalho de convencimento junto às entidades
espíritas sobre a importância e as diretrizes da tarefa de organização e
unificação do Movimento Espírita brasileiro. A tarefa coube ser realizada,
principalmente, pela chamada “Caravana da Fraternidade”. Em 31 de janeiro de
1950, o grupo (27) partiu do Rio de Janeiro com destino a Salvador,
e depois a todas as capitais dos 11 Estados do Nordeste e Norte do país. Dentre
os planos da missão estavam as finalidades da maior aproximação dos
espiritistas, visando o ideal da unificação social da Doutrina, da divulgação
cultural do Espiritismo na sociedade laica e estímulo às obras de assistência
social.
Os
espíritas estamos unidos?
Dez anos após o pífio Pacto foram realizados
Simpósios Regionais para tentativa de “união” e unificação do Movimento Espírita
Brasileiro. Atualmente o CFN reúne-se ordinariamente uma vez por ano na sede da
FEB em Brasília, durante três dias, para tratar burocraticamente de assuntos de
interesse do Movimento Espírita Nacional, a fim de promover, realizar e
aprimorar o estudo, a difusão e a prática do Espiritismo. É justo informar que
todas as Entidades que, direta ou indiretamente integram o CFN (Entidades
Federativas Estaduais, Entidades Especializadas de Âmbito Nacional, Centros e
demais Sociedades Espíritas), não adotam as obras de Roustaing, mantêm a sua
autonomia, independência e liberdade de ação (meno male– menos mal).
Em
resumo
Óbvio que as ajuizadíssimas críticas ao
“Pacto Áureo” têm seus fundamentos válidos. Não há como negar que foi
constrangedor naquela época, e ainda hoje repercute, a maneira pela qual as
cláusulas do documento tenham sido apresentadas e consagradas, diante de um
número reduzido de dirigentes e “ad
referendum” das instituições federativas, sem que tivesse havido mais
cautelosa discussão racional e lógica e concordância pelas bases, sobretudo no
que tange à apresentação do livro supostamente adulterado Brasil, Coração do
Mundo e não as Obras Básicas.
P.S. É muito importante refletirmos
sobre as advertências do além, em cujos Benfeitores permitiram a falência do
parque gráfico febiano de São Cristóvão. Essa destruição é uma intervenção do
Cristo. Hoje temos que lamentar e ver a publicação das obras de Kardec e Chico
Xavier pela “Planeta”, uma editora (que não tem nenhum compromisso com o
Evangelho), em empresa que pelo lucro publica qualquer livro, inclusive aqueles
de ranços obscenos e pornográficos…Que degradação! Jesus, Kardec e Chico Xavier
não mereciam isso!
Notas
e referências bibliográficas:
1 Técnica terapêutica criada
pelo médico vienense Franz Anton Mesmer (1734-1815), que consiste em utilizar o
“magnetismo animal” como fonte de tratamento de saúde. Assemelha-se, como
técnica, ao hipnotismo.
2 Xavier, Francisco Cândido.
Brasil, Coração do mundo, Pátria do Evangelho, ditado pelo Espírito Humberto de
Campos, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1938
3 Idem
4 Sobrinho e herdeiro de
Napoleão Bonaparte. Foi o primeiro presidente francês eleito por voto direto.
Suas primeiras tentativas de golpe de Estado falharam, mas, na sequência da
Revolução de 1848, conseguiu estabelecer-se na política, sendo eleito deputado
e, em seguida, presidente da República. Finalmente, o bem sucedido Golpe de
1851 pôs fim à Segunda República e permitiu a restauração imperial em favor de
Luís. Seu reinado, inicialmente autoritário, progrediu de forma gradativa após
1859 para o chamado “Império Liberal”. Implementou durante seu reinado a
filosofia política publicada em seus ensaios Idées napoléoniennes e
L’Extinction du Paupérismeele – mistura de romantismo, liberalismo autoritário
e socialismo utópico.
5 Fundador e diretor do
Colégio Francês no Rio de Janeiro, Em 1860, publicou a tradução, em língua
portuguesa, das obras “Os tempos são chegados” (“”Les Temps sont arrivés”) e “O
Espiritismo na sua mais simples expressão” (“Le Spiritisme à sa plus simple
expression”).
6 Palmeira, Vivian. “Curiosas
Histórias do Espiritismo”. in: “Universos Espírita”, nº 49, ano 5, 2008. pp.
8-12.
7 Eduardo Monteggia era um
homem eclético
8 Xavier, Francisco Cândido.
Brasil, Coração do mundo, Pátria do Evangelho, ditado pelo Espírito Humberto de
Campos, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1938
9 Torteroli
nasceu em Gênova(Itália) em 23 de
setembro de 1849 e desencanado no Rio de Janeiro em 11 de janeiro de 1928, há
pesquisadores que citam o seu nascimento
no dia 2 de junho de 1849 no Rio de Janeiro.
10 O conteúdo da mensagem foi
publicada no Reformador de julho de 1950 e republicada na mesma revista em
novembro de 1977
11 Xavier, Francisco Cândido.
Brasil, Coração do mundo, Pátria do Evangelho, ditado pelo Espírito Humberto de
Campos, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1938
12 Publicação mensal de
Estudos Psicológicos, nos moldes da “REVUE SPIRITE”, de AIIan Kardec
13 O Jornal do Commercio,
tradicional periódico da então Capital brasileira, em artigo publicado em 23 de
setembro de 1863 na seção “Crónicas de Paris”, abordou os espetáculos acerca
dos espíritos então populares nos teatros de Paris e, em seguida, passava a
tecer comentários em torno do Espiritismo. Esse artigo é citado pela “La Revue
Spirite”, onde Allan Kardec comenta que o autor do artigo não se aprofundou no
estudo do Espiritismo, de cuja parte teórica ignorava os processos.
14 Xavier, Francisco Cândido.
Brasil, Coração do mundo, Pátria do Evangelho, ditado pelo Espírito Humberto de
Campos, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1938
15 Idem
16 Em 1877 Um grupo de
dissidentes da “Sociedade de Estudos Espíritas “Deus, Cristo e Caridade” funda
a “Congregação Espírita Anjo Ismael”. Em 1878 outros componentes da mesma
instituição reúnem-se no “Grupo Espírita Caridade”. Essas instituições, bem
como o “Grupo Confúcio”, desaparecem em 1879.
17 Em 1875, Bezerra de Menezes
lê, pela primeira vez, “O LIVRO DOS ESPÍRITOS”, que lhe fora oferecido por
Joaquim Carlos Travassos, seu primeiro tradutor em língua portuguesa.
18 Xavier, Francisco Cândido.
Brasil, Coração do mundo, Pátria do Evangelho, ditado pelo Espírito Humberto de
Campos, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1938
19 Disponível em
http://www.guia.heu.nom.br/no_rio_de_janeiro.htm, acesso em 22/08/2014
20 Xavier, Francisco Cândido.
Brasil, Coração do mundo, Pátria do Evangelho, ditado pelo Espírito Humberto de
Campos, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1938
21 A grande aspiração da quase
totalidade dos espíritas brasileiros era a realização do congraçamento geral de
todas as instituições espíritas do Brasil. Desde os primórdios da propaganda,
manifestando-se em diferentes ocasiões, esse tema da união entre todos
permaneceu na ordem do dia, sendo Bezerra de Menezes um dos seus paladinos.
22 A expressão “Pacto Áureo” é
atribuída a Artur Lins de Vasconcellos Lopes
23 Resultado do acordo de
união da “Liga Espírita do Estado de São Paulo”, “União Federativa Espírita
Paulista”, “Federação Espírita do Estado São Paulo” e “Sinagoga Espírita Nova
Jerusalém”.
24 Os protagonistas do “Pacto
Áureo “foram: Antônio Wantuil de Freitas, presidente da Federação Espírita
Brasileira; Arthur Lins de Vasconcellos Lopes, por si e pelo Sr. Aurino Barbosa
Souto, presidente da Liga Espírita do Brasil; Francisco Spinelli, pela Comissão
Executiva do Congresso Brasileiro de Unificação Espírita e pela Federação
Espírita do Rio Grande do Sul; Roberto Pedro Michelena; Felisberto do Amaral
Peixoto; Marcírio Cardoso de Oliveira; Jardelino Ramos; Oswaldo Mello, pela
Federação Espírita Catarinense; João Ghignone, presidente e Francisco Raitani,
membro do Conselho da Federação Espírita do Paraná; Pedro Camargo – Vinícius e
Carlos Jordão da Silva, pela União Social Espírita de S. Paulo (USE); Bady
Elias Curi, pela União Espírita Mineira; Noraldino de Mello Castro, presidente
do Conselho Deliberativo da União Espírita Mineira.
25 Disponível em
http://jorgehessenestudandoespiritismo.blogspot.com.br/2013/04/luz-na-mente-entrevistou-cesar-perri.html acesso 29/08/2014
26 Atualmente o CFN é composto
pelas Entidades Federativas espíritas de todos os Estados do Brasil e do
Distrito Federal, bem como de um quadro de Entidades Especializadas de Âmbito
Nacional
27 Os caravaneiros foram Artur
Lins de Vasconcelos (PR), que regressou de Recife, sendo substituído por, Luiz
Burgos Filho (PE), Ary Casadio (SP), Carlos Jordão da Silva (SP), Francisco
Spinelli (RS) e Leopoldo Machado (RJ)
(*) Articulista com textos publicados na
Revista Reformador da FEB, O Espírita de Brasília, O Médium de Juiz de Fora,
Brasília Espírita, Mato Grosso Espírita, Jornal União da Federação Espírita do
DF. Artigos publicados na Revista eletrônica O Consolador, no Jornal O Rebate,
site da Federação Espírita Espanhola, site da Espiritismogi.com.br
Belo resgate histórico. Longo, mas necessário. Para uma melhor compreensão do leitor evitei publicar em partes, como costumo fazer.
ResponderExcluirBoa leitura!
Elucidativo!
ResponderExcluirOnde há trigo, mãos invigilantes lançam o joio.
Tristes interpolações, supressões, adulterações, queima de originais.
A pujança da Doutrina Espírita atrai adversários que, a pretexto de apoiá-la, trabalham para dilapidá-la, enganando as melhores mentes.
Mas a verdade triunfa sempre.
Por sugestão de Jorge Luiz, resolvi ler esse artigo até o final. Pelo que conheço do Movimento Espírita desde 1976, após ter participado da antiga União Espírita Cearense, da Aliança Espírita do Ceará e da Federação Espírita do Estado do Ceará e de ter participado de algumas reuniões do CFN e de alguns Encontros Zonais ou Regionais, ouso tecer alguns comentários ao texto do Confrade Jorge Hessen. Sobre a adoção do livro Coração do Mundo Pátria do Evangelho, penso que deve ter sido por duas razões, a primeira delas porque uma parte dos que discutiam essa questão queria adotar os Quatro Evangelhos, a segunda porque os partidários da CEPA não aceitavam e nem aceitam a obra de Kardec, o Evangelho Segundo O Espiritismo, portanto o livro de Humberto de Campos estava na linha de Centro e colocava ao Brasil uma posição central. Outra, é que a chamada Caravana da Fraternidade tinha como objetivo principal a implantação de órgãos federativos estaduais para a difusão da Doutrina Espírita, o que seria um importante instrumento com essa missão. Só para exemplificar, à época da celebração do chamado Pacto Áureo, quem representou o Ceará foi um cidadão que residia no Rio de Janeiro! Para concluir devo dizer que, embora as Federativas e a própria FEB não estejam cumprindo os papéis que o Movimento Espírita espera e merece, têm sido importantes instrumentos para a difusão da Doutrina Espírita, e isso é o mais importante na minha modesta opinião!
ResponderExcluirOlá, Castro,
ResponderExcluirVejo a situação no viés dos seus comentários. Os direcionamentos, mesmo no movimento espírita onde não deveria ter tal tipo de predomínio, ainda reina o personalismo refletido no egoísmo do Homem do Mundo, muito bem expresso na frase do anônimo? "Onde há trigo, mãos invigilantes lançam o joio" Belíssimas opiniões.