Dados
recentes, divulgados pela organização não-governamental (ONG) britânica Oxfam
no relatório intitulado “Uma economia a
serviço de 1%”, atestam que o capital acumulado por 1% das pessoas mais
ricas do mundo suplantou os 99% restantes.
A
Oxfam exorta o fim dos chamados “paraísos
fiscais”, considerando que nove em cada dez empresas que figuram “entre sócios estratégicos” do Fórum
Econômico Mundial de Davos, na Suiça, “estão
presentes em pelo menos um paraíso fiscal”. Isso tem sido imperativo para o
fomento das desigualdades no mundo.
Enquanto
isso, estatísticas apontam que há 800 milhões de pessoas desnutridas na Terra,
um bilhão de pessoas passando fome, 30 mil crianças morrem de fome a cada dia,
15 milhões a cada ano, um terço das crianças dos países em desenvolvimento
apresentam atraso no crescimento físico e intelectual, 1,3 bilhão de pessoas no
planeta não dispõe de água potável, 40% das mulheres dos países em
desenvolvimento são anêmicas e encontram-se abaixo do peso. Uma pessoa a cada
sete da população mundial padece de fome. (1)
O
Brasil é, senão o mais, um dos países mais desiguais do mundo, onde a
concentração de renda é associada à pouca tributação dos mais ricos. Segundo
estudos também recentes, foram encontradas diferenças gritantes entre a
concentração de rendas tributadas e a concentração de renda total. Sustenta
ainda a posição do 9º país com o maior número de pessoas com fome, tem 15
milhões de crianças desnutridas. 45% de suas crianças, menores de cinco anos,
sofrem de anemia crônica.
A
FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura exibe esse
retrato da indiferença quando mostra que a cada ano 1,3 bilhão de toneladas de
alimentos, ou seja, cerca de 1/3 do que se produz são perdidos por manipulação
indevida, ou por se jogados fora. No Brasil, são mais de 25 milhões de
toneladas de alimentos que vão parar no lixo todo ano, equivalente a 12 bilhões
de reais, montante suficiente para alimentar 30 milhões de pessoas.
Esses
números atestam o que representa uma sociedade centrada no egoísmo. A esse
respeito, o Espírito Viana de Carvalho, pela pena psicográfica de Divaldo
Pereira Franco, na obra Atualidade do Pensamento Espírita, afirma que “A Terra tem condições para manter quase
cinco vezes mais o número dos seus atuais habitantes, já que nas Esferas
espirituais estão programados para a reencarnação mais de vinte bilhões de
seres, que aguarda o momento próprio.”
Em
“O Livro dos Espíritos”, no capítulo
da Lei de Igualdade, os Reveladores
Celestes dissertam sobre a desigualdade das riquezas. Eles afirmam que a
igualdade absoluta das riquezas, defendida por alguns, é impossível.
Entretanto, advertem-nos que o “bem-estar
é relativo e cada um poderia gozá-lo, se todos se entendessem bem..., e os
homens se entenderão bem quando praticarem a lei da justiça.” Concluem a
questão nº 812 afirmando que “O
equilíbrio existe em tudo e é o homem quem o perturba.”
A explicação também é
clara no que tange as desigualdades sociais, que desaparecerão da Terra
juntamente com a predominância do orgulho
e do egoísmo, restando somente a desigualdade do mérito. Portanto, a
estratificação social em vigor, que define os grupos sociais em função das
dimensões social, econômica, política e ideológica deixarão de existir. O que
prevalecerá é o status moral do
Espírito, como mais ou menos puro o que não mais dependerá de posição social.
No
capítulo XII, questão nº 913, quando se reportam à Perfeição Moral, os Espíritos Superiores acentuam que no egoísmo se encontra a verdadeira chaga da sociedade.
A
crise do Brasil, como a crise do Mundo, é a crise moral do Homem.
O ser humano é apenas um dígito no
emaranhado de índices e siglas no contexto da economia da Nações. Figura nos
quesitos dos superavit, PIB, como
também nas estatísticas das misérias
sociais. A fome que mata. As guerras que matam. O terrorismo que mata.
Allan
Kardec, no robusto ensaio sobre “O
Egoísmo e o Orgulho”, publicado em Obras Póstumas, adverte que a maior
parte das misérias humanas, como as aqui colocadas, são oriundas do egoísmo. Faceta
do instinto de conservação, foi importante para a construção da individualidade
do Espírito. Entretanto, sua exacerbação é fomentador das paixões mais vis do
homem. Necessita-se atingir um novo estágio de consciência, superando-o através
da Lei do Amor, tendo na caridade a sua dinâmica. Caso isso não aconteça,
continuaremos a contabilizar o seu superavit,
refletido nas misérias sociais que ainda assolam à Humanidade, em
contraposição à concentração de renda como a publicada pela Oxfam.
Jesus,
consciente dos prejuízos espirituais da riqueza, em uma passagem encontrada nos
evangelhos sinóticos ao ser indagado por um jovem rico de como proceder para
herdar a vida eterna, já que afirmava conhecer e guardar os mandamentos, recebe
dele a resposta para que vendesse todos os seus bens e doasse o dinheiro aos
pobres, o que deixou o interlocutor profundamente entristecido.
Allan
Kardec, buscando esclarecer melhor o assunto, pergunta aos Benfeitores
Celestes, na questão nº 816, de “O Livro
dos Espíritos”, que apesar das tentações que provoca, a riqueza também abre
maiores possibilidades para se fazer o bem. Recebe como resposta:
“- E justamente o que nem sempre faz;
torna-se egoísta, orgulhoso e insaciável; suas necessidades aumentam com a
fortuna e julga não ter o bastante para si mesmo.”
Na
sequência, Allan Kardec comenta:
“A riqueza e o poder despertam todas as
paixões que nos prendem à matéria e nos distanciam da perfeição espiritual. Foi
por isso que Jesus disse: - “Em verdade vos digo, é mais fácil um camelo passar
pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus.”
Aí estão as causas do superavit do egoísmo.
(2)
http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/lixo/comida-jogada-fora-aumenta-poluicao-682620.shtml
FRANCO, Divaldo. Atualidade do pensamento espírita. Salvador.
LEAL. 1998.
KARDEC, Allan. O Livro dos espíritos. São Paulo. LAKE.
2014;
_____________ Obras póstumas. São Paulo. FEB. 1987.
"O ser humano é apenas um dígito no emaranhado de índices e siglas no contexto da economia da Nações. Figura nos quesitos dos superavit, PIB, como também nas estatísticas das misérias sociais."
ResponderExcluirLamentavelmente tem sido assim, com respeitáveis exceções.
Como sempre, são matérias que nos levam a reflexão e daí, compartilhar com os companheiros espíritas.
ResponderExcluirMuita paz.