Por Roberto Caldas (*)
As
leis da convivência e das relações humanas, aquelas que dimensionam o papel de
nossas atitudes no ambiente social em que vivemos, encontram-se contidas nos
registros que servem de base para a compreensão consciente dos fatos ao mesmo
tempo em que alimentam o psiquismo inconsciente. Os fatores educacionais da
atual existência podem passar por cima da leitura adequada das situações do
presente, alienando a pessoa e levando-a a perpetrar ações que ferem
absurdamente a harmonia social sem se dar conta da gravidade de sua atitude,
mas os acenos inconscientes da mente profunda não deixam espaços para enganos.
Os cometimentos contra a vida sempre deixam marcas que superam os limites das
lembranças atuais para gerarem constrangimentos que acompanham por longos anos.
O
Direito Humano, ciência jurídico-social da maior importância para ajudar nas
contendas de cada dia e arbitrar questões onde o entendimento se perca em
decorrência de divergências extremas de opinião, depende da capacidade jurídica
e subjetiva dos legisladores que esculpem as leis que sinalizam a legalidade
dos atos do cidadão. É natural que mediante os apelos da modernidade vejamos se
agigantarem discrepâncias nas tentativas de mudanças nas leis que, de forma
paradoxal intentam guardar o direito de liberdade de expressão das minorias,
como os negros e homossexuais, escolha que devemos aplaudir, enquanto incidem
cruelmente sobre os fetos e embriões, na medida em que vêem no aborto uma
condição banal de determinação da mulher em manter uma gravidez até o fim,
simples assim. Ou seja, um insulto verbal aos componentes das minorias pode
virar crime inafiançável, mas estancar o milagre da vida de um útero é apenas
uma opção das pessoas comprometidas com a gestação.
As leis humanas são ditadas
pela época em que são pensadas e nada mais forte que o tempo para provar-lhes
os equívocos ou acertos. Quantos reis, legisladores, imperadores, ditadores
viram cair por terra os seus castelos de costumes, enquanto as leis
verdadeiramente espirituais desafiam o tempo e se mostram mais fortes, à medida
que passam as gerações? O tempo destronou as leis esculpidas em pedra no Monte
Sinai, as quais deveriam servir de regra para os legisladores humanos, as quais
decretam claramente: Não Matarás!
Acima dos enganos, as leis
espirituais e duradouras, portanto divinas estão inscritas na consciência
humana, conforme a resposta dos Mentores da Codificação, em O Livro dos
Espíritos, à pergunta 621(Onde está escrita a lei de Deus?). A licenciosidade
das autoridades humanas em dispensar-nos da aplicação dessas leis não nos livra
de responsabilização se as ferirmos, enquanto eles mesmos se tornam
responsáveis por cada violação espiritual que as suas determinações permitiram
às instituições humanas.
A Doutrina Espírita respeita
todos os credos e crenças, parabeniza e se rejubila por toda atitude que
defenda a dignidade da vida, convida os adultos a cuidarem das crianças e dos
idosos, apóia a sociedade em sua tentativa de permitir manifestações legítimas
da liberdade de expressão mundo afora, mas jamais poderá se calar diante da
falaciosa condição dos legisladores e juízes humanos em quererem opinar sobre
questões que envolvam o direito à vida, pois decidir sobre a vida, sua origem e
conclusão, não nos compete, apenas Deus pode.
(*) escritor espírita, editorialista do
programa radiofônico Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.
¹ editorial do programa radiofônico Antena
Espírita de 14.02.2016.
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