Objeto sexual dos homens, as mulheres sempre
estiveram presentes na história, ora como heroínas, ora como prostitutas, quase
sempre como prostitutas, mesmo sem sê-las, sempre que rompiam certos primados
moralistas e colocavam em cheque o poder masculino. A partir do término da
Segunda Guerra Mundial a sensualidade e o corpo da mulher foram cada vez mais
expostos, até chegar à nudez completa em teatros, televisão, cinema e revistas,
quando não em público comum.
Atualmente, tal como das drogas, o negócio da
prostituição é um dos mais lucrativos mercados da história. Larry Flynt,
empresário e dono do império Hustler, retratado por Milos Forman e Oliver Stone
no filme “O povo contra Larry Flynt”, Bob Guccione, da revista Penthouse e Hugh
Hefner, dono do Império Playboy, compõem alguns desses milionários da
exploração da fantasia sexual. Obviamente, uma fatia gigantesca desse mercado é
dominada pelo crime organizado.
Ultimamente, algumas garotas de programa na
Austrália, onde a prostituição é legalizada, estão perdendo a inibição e
assumindo abertamente sua profissão nas redes sociais, na tentativa de
desmistificar noções preconcebidas sobre elas. Muitas são estudantes
universitárias que se assumiram publicamente como profissionais do sexo,
postando fotos para mostrar seus rostos ao mundo. Para algumas delas era a
primeira vez que se assumiam publicamente, nas redes sociais, como prostitutas.
[2]
Não nos cabe julgar este ou aquele que comete
qualquer inadvertência moral, mesmo porque, com certeza, já estivemos nos dois
lados da moeda. Contudo não é incabível assentarmos nossos precários
conhecimentos doutrinários em exercício prático. Urge vivenciarmos o Evangelho
fora dos arraiais espíritas. Instruir nossos filhos sobre a responsabilidade de
uma comunhão afetiva. A respeitabilidade do ato sexual. A consideração pelo
sentimento do próximo. Respeito por si próprio.
A disposição de tornar-se prostituta é de
foro íntimo da mulher que assim deseja, e não nos interessam seus pretextos; é
responsabilidade dela, tanto quanto é responsabilidade dos fregueses que a
sustentam e estimulam para o comércio sexual do próprio corpo. Sem esconder-nos
por trás de uma falsa máscara de tolerância, lembramos que uma prostituta é
alguém que passa por sérias amarguras e obviamente deve ser tratada sem
preconceitos a fim de que seja auxiliada a reencontrar o caminho do equilíbrio.
Profere o Espírito Emmanuel o seguinte: “qual
ocorre aos flagelos da guerra, da pirataria, da violência e da escravidão que
acompanham a comunidade terrestre, há milênios, diluindo-se, muito pouco a
pouco, a prostituição (…) ainda permanece, na Terra, por instrumento de prova e
expiação, destinados naturalmente a desaparecer, na equação dos direitos do
homem e da mulher, que se harmonizarão pelo mesmo peso, na balança do progresso
e da vida”. [3]
Antes da vinda do Cristo já havia a
prostituição no Planeta, porém não era admitida pela religião (que até mesmo
condenava a lapidação da mulher), para refrear a sua ampliação. O comércio
constituído dos prazeres sexuais não surgiu originariamente das mulheres, mas,
sim dos homens. Sob o aspecto pernicioso à digna finalidade do sexo, na
condição básica de formação familiar, a prostituição, como estigma social, só é
consentida do ponto de vista do direito ao direcionamento às manifestações do
livre-arbítrio feminino, atentatórias ao completo respeito à lei de procriação,
a que tragicamente conservam-se desatentos o homem e a mulher.
Creio que o reconhecimento da prostituição como
trabalho ainda não foi efetivado no Brasil. Salvo qualquer engano, parece que
existe um projeto de lei sobre o assunto, que em síntese permite que
profissionais do sexo possam contribuir como autônomas/os para fins de
seguridade social: auxílio doença, aposentadoria. Não tenho dúvida de que a
vida desses “profissionais” não é nada atraente. Comumente tais pessoas são
levadas à prostituição em idades que não lhes permitem discernimento; Em regra,
provenientes de famílias desestruturadas, vítimas de violência, ou forçadas a
isso.
As prostitutas padecem muito mais com
agressão sexista e preconceito social. Na maioria das vezes não têm habilitação
para profissões menos degradantes, e ainda padecem com a opressão provinda de
exploradores, sejam familiares, companheiros, gigolôs ou titulares de bordéis.
E ainda há o tráfico humano, em que quase todas as vítimas são meninas ou
mulheres. Estudos afirmam que em sua maioria, mulheres prostitutas não o são
por escolha, mas sim por desventura material.
No meretrício, ainda mais grave nos dias de
hoje é a prostituição infantil. O incentivo à prostituição é absurdo. Homens ou
mulheres vendendo-se nas avenidas de forma “alegre” e “divertida”, choram o
vazio que sentem por viverem à margem da sociedade. No Brasil há casos em que
meninas de 10 a 12 anos, frequentadoras dos peculiares bailes funk (ambientes
extremamente promíscuos), se prostituem. No nordeste há diversos casos de
aliciamento de menores, muitas vezes abusadas pelos próprios pais. Obviamente,
uma precoce atividade sexual induz a graves problemas: prostituição infantil e
juvenil, aborto, lesão da autoestima, escravidão sexual, drogadição.
“Atire-lhe a primeira pedra aquele que
estiver sem pecado” [4] – disse Jesus. “Esta sentença faz da indulgência um
dever para nós outros, porque ninguém há que não necessite, para si próprio, de
indulgência. Ela nos ensina que não devemos julgar com mais severidade os
outros do que nos julgamos a nós mesmos, nem condenar em outrem aquilo de que
nos absolvemos. Antes de condenarmos a alguém uma “falta”, vejamos se a mesma
censura não nos pode ser feita.” [5]
Não podemos nos acomodar, porém, nem sequer
nos omitir ante a onda de promiscuidades e corrupção moral. “Pensamento é
fermentação espiritual. Em primeiro lugar estabelece atitudes, em segundo gera
hábitos e depois governa expressões e palavras através das quais a
individualidade influencia na vida e no mundo”. [6] Nada justifica ficarmos
indiferentes e imóveis diante do acelerado aniquilamento dos valores cristãos.
Se descuidarmos da vigília, é certo que resgataremos obrigatoriamente à
indiferença e inércia diante desse cenário preocupante do envilecimento do
sexo.
Referências
bibliográficas:
[1] Disponível em
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/04/150403_prostitutas_selfie_australia_pai
acesso 07/05/15
[2] Xavier, Francisco Cândido. Vida e
Sexo – Cap. “Adultério e prostituição”, ditado pelo espírito Emmanuel, RJ: Ed.
FEB, 2001
[3] Mt 7: 1-2
[4] Kardec, Allan. Evangelho segundo o
Espiritismo, Capitulo X, item 13, RJ: Ed FEB, 2001
[5] Xavier, Francisco Cândido. Fonte
Viva, ditado pelo espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001.
(*) Articulista com
textos publicados na Revista Reformador da FEB, O Espírita de Brasília, O
Médium de Juiz de Fora, Brasília Espírita, Mato Grosso Espírita, Jornal União
da Federação Espírita do DF. Artigos publicados na Revista eletrônica O
Consolador, no Jornal O Rebate, site da Federação Espírita Espanhola, site da
Espiritismogi.com.br
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