“Orai e Vigiai,(...)”
Jesus
Em 1978, James Warrem Jones
(1931-1978), conhecido mundialmente por Jim Jones foi o mentor do suicídio
em massa da comunidade de Jonestown,
na Guiana, que culminou com a morte de 918 pessoas, a maioria por
envenenamento.
Desde a década de 50,
preocupados com esses fenômenos, cientistas buscam estudar a suscetibilidade da
mente humana, a partir da conformidade ao grupo, principalmente do poder com o
qual líderes como Jim Jones manipulam seus seguidores, ao ponto de levá-los ao extremo
de darem fim à própria existência terrena. O psicólogo polonês Dr. Solomon Asch
(1907-1996) foi o pioneiro nas pesquisas sobre o poder da conformidade ao grupo. Ele queria entender se existiam
nesses seguidores algo de estranho ou especial; e se pessoas comuns poderiam
ser induzidos a essas influências. Até que ponto se é impermeável à persuasão
de outras pessoas? Parafraseando os Espíritos na questão nº 459 de “O Livro dos Espíritos”, as pessoas
influem sobre os nossos pensamentos e ações muito mais do que imaginamos.
As pesquisas do Dr. Asch são
conhecidas nos estudos da psicologia social. O processo é simples. Ele
convocava um grupo de pessoas em que somente uma seria estudada, as demais
seriam apenas atores que desempenhariam as funções bem definidas. Vejam o
processo: é mostrado um par de fichas. A primeira contém uma linha desenhada. A
segunda, três linhas diferentes, onde apenas uma tem dimensão igual à desenhada
na primeira ficha. Tarefa dos indivíduos-atores: dar resposta declaradamente
errada. Esperava-se que o indivíduo testado desse a resposta certa,
contrariando a resposta do grupo. O resultado da pesquisa: 75% dos
participantes da experiência acabaram por se conformar com o grupo pelo menos
uma vez, enquanto 5% conformaram-se todas as vezes. Vê-se, portanto, a
importância do meio na forma de pensar do indivíduo, contrapondo-se aos
princípios éticos que o fariam pensar por si mesmo.
As fichas de Dr. Asch |
Há de se ressaltar que, à
época, as telecomunicações já experimentavam avanços crescentes e, assim, se
fazia necessário entender até que ponto a mídia pode exercer influência na
população.
Em uma sociedade em que a “informação”
é matéria-prima para que o indivíduo atue também sobre a “informação” (considerando
que a informação é parte integrante de toda atividade individual e coletiva), tal
matéria-prima é fundamental para instrumentalizar a capacidade de pensamento e,
assim, influenciar no seu constructo de libertação da consciência, única
liberdade que o homem goza, conforme referendam os Espíritos na questão nº 833,
de “O Livro dos
Espíritos”.
Quando
confrontamos os resultados alcançados pelo método do Dr. Asch com a “informação”,
enquanto fomentadora da vida ativa do Espírito encarnado, entendemos que essa “informação”
deverá ser tratada com isenção de ânimos, de maneira que o indivíduo reflexione
sobre ela e, assim, possa subsidiar suas decisões.
Considerando que
a decisão individual impacta o grupo e este a sociedade, uma boa informação, e
por conseguinte um boa decisão, terão como resultado o progresso da sociedade,
sendo o inverso também verdadeiro.
Mas quando não é
boa a informação e, consequente, a decisão também não o é?
Na questão nº
837, de “O
Livro dos Espíritos”, os Reveladores
Celestes se manifestam acerca das iniciativas que atentam e opõem entraves à
liberdade de consciência:
“Constranger os homens de
maneira diversa ao seu modo de pensar, o que implica em torná-los hipócritas. A
liberdade de consciência é uma das características da verdadeira civilização.”
No meio da algaravia,
algazarras, ilegalidades, ódio, se encontrará o poder da conformidade do grupo estudado por Asch, construído nas
redes sociais e através dos veículos de comunicação de massa, mescladas por
interesses inescrupulosos das mais variadas correntes ideológicas que colocam
em risco a harmonia das Instituições e do povo.
A corrupção é crime como
qualquer outro e deve ser tratado como tal. Não se pode, contudo, combater um
crime através da maior corrupção que possa existir em uma sociedade, que é a de
obstruir a capacidade de pensar, atributo maior do Espírito.
Jesus já nos prevenia do
perigo da conformidade do grupo, quando
ensina:
“Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim;
Não, não; porque o que passa disto é de
procedência maligna.” (grifos nossos).
Ora, é factível que o
indivíduo atinge um nível ético quando ele passa a se ocupar com os valores morais
e modifica o seu panorama mental, passando a pensar por si mesmo e, com isso, alcançando a independência interior.
Os espíritas, bafejados que
são pelos valores imortais do Espírito e sabedores de que o pensamento
é tudo – Questão 100, de “O Livro dos Espíritos” –, devem ser
protagonistas e moderadores dos grupos a que pertençam, para neutralizar o
acirramento de ânimos, transitando para uma nova faixa de pensamento que dê guarida
à liberdade, à igualdade e à fraternidade, validando o poder da conformidade
para o fortalecimento da corrente do Bem na edificação do reino dos Céus
anunciados por Jesus de Nazaré.
Caro Jorge Luiz vc acerta no alvo quando chama a atenção para o que há de sub-reptício nas informações que intentam coaptação sem filtro, aprovação sem relflexão, as quais apostam numa verdadeira chuva massacrante de dados que levem à insânia aquele que acompanha o desaguar das notícias. Ou não terá sido dessa forma que as forças de Hitler terão levado grande percentual dos alemães a caçarem judeus como se fossem ratos? Nesses momentos em que a alma treme como se convulsa de indignação é importante que nos lembremos de que Jesus elegeu a oração e a VIGILÂNCIA para que se evitasse o cair em tentação. Parabéns pelo belo e elucidativo texto. Roberto Caldas
ResponderExcluirAmigo Jorge Luiz fiquei surpreso ao reler esse texto de 2016 e quanto ele se molda ao que vivemos nesse exato momento, inclusive essa reflexão que registrei acima. Roberto Caldas
ResponderExcluirCaro Caldas, com certeza. Aspecto que deve ser considerado por nós espíritas, no contexto do movimento espírita brasileiro.
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