Esqueçamos as circunstâncias
do nascimento, o período dos 03 aos 30 anos, as ações reconhecidas como
milagres, a cruz, a morte, a ressurreição. Foquemos no homem que esteve entre
nós há dois mil anos e continua motivo de discussões e retóricas tanto tempo
depois. Quem é Jesus e o que representa em nossas vidas, ou melhor, na vida de
cada um de nós, quando estamos na solidão testemunhada apenas pelo espelho?
Longe do discurso que bradamos para que os outros nos escutem com aplausos,
qual é de verdade a importância de Jesus no plano de nossas existências?
Definitivamente
se esperamos encontrá-lo nos bancos ou no púlpito das igrejas, ainda delirantes
quanto ao seu retorno em majestosa nuvem cercado de um séquito de anjos para
nos proclamar filhos diletos de Deus; se julgamos que o fato de ter servido a
agremiações religiosas tais ou quais nos confere assento a sua mesa de bodas;
se aguardamos que as nossas doações de bens e gêneros exclusivamente materiais
foram suficientes para ser reconhecidos aos seus olhos; se deixamos para depois
da morte a tão sonhada busca do paraíso e do sossego porque reconhecemos a
Terra como um espaço tão somente de dores e sofrimentos; se acreditamos que é
possível pregar a sua mensagem em ambientes religiosos e utilizar o outro lado
da moeda quando tratamos de negócios, política e esportes. Se for dessa maneira
que identificamos a importância de Jesus em nossas vidas, só podemos sentir
piedade de nossa cegueira.
A
idéia que transcende ao “depois do terceiro dia” é vigorosa sinalização para a correção
de nossas atitudes. Houve o tempo antes de Jesus, o tempo de sua presença no
planeta e o terceiro tempo, exatamente o terceiro dia. O tempo em que estamos
até os dias atuais. Lógico que o Mestre sabia do caráter de sua mensagem
imorredoura sintetizando o caminho de aglutinação de todas as forças
espirituais que servem de base para a transformação paulatina do mundo. Também
não tinha a ilusão de que a estrada do encontro com o seu reino se daria numa
única geração, pois se destinava aos momentos mais turbulentos que ainda
passaríamos como fruto merecido das atitudes impensadas que foram e permanecem
sendo semeadas em nível pessoal e institucional.
Nesse
terceiro dia, que perdurará o tempo que o planeta necessita para sair das
trevas da ignorância espiritual, Jesus vai estar presente em nossas vidas. Um
pouco de sensibilidade e será possível vê-lo andando pelas ruas das cidades,
enquanto caminhamos apressados e aflitos. Um pouco de atenção e será possível
vê-lo sentado ao lado dos leitos de aflição e dor. Um pouco de honestidade e
será possível vê-lo pedindo que não se fechem acordos que façam mal ao outro.
Um pouco de humildade e será possível vê-lo entrelaçando as nossas às mãos
daquele que julgamos desafeto. Um pouco de solidariedade e será possível vê-lo
agradecendo o ato de irmandade em direção do menos aquinhoado. Um pouco de
inteligência e será possível identificar no reflexo do espelho que nunca
estamos sós, ele está conosco.
Jesus
não FOI ou SERÁ em nossas vidas. Ele simplesmente É. O grande amigo da
caminhada. Modelo e guia, energia que ergue, força que propulsiona, bênção
divina em nossas vidas. Estamos no terceiro dia, aproveitemos da sua
companhia.
¹ editorial do programa
Antena Espírita de 27.03.2016.
(*) escritor espírita,
editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de
Mostarda.
Caro Roberto Caldas,
ResponderExcluirRetumbante artigo!
Abraços
Belíssimo texto!!
ResponderExcluirVejo Jesus em cada um de nós!
Muita paz p todos!