Por Roberto Caldas (*)
Os espetáculos de violência e dor que
acontecem todos os dias nas ruas de nossas cidades, às vezes tão próximos,
tornados públicos pelos meios de comunicação têm a propriedade de nos deixar
perplexos quanto a dureza da natureza humana e pondo dúvidas quanto aos
destinos da humanidade.
Os ataques à propriedade, os
assaltos seguidos de homicídio, as brigas de trânsito que ocasionam vítimas
para se ganhar minutos, os crimes do colarinho branco dizimando populações que
perambulam sem assistência do Estado, a falta de caráter de pais que abandonam
os filhos à própria sorte... São alguns exemplos entre tantos outros que
experimentamos na própria pele ou pelos
relatos que nos alcançam.
É comum as pessoas se
confessarem tomadas do temor que invadiu a vida moderna. Há casais que temem
trazer filhos para o mundo pela expectativa de agravamento da violência urbana
e a onda de pessimismo atinge níveis nunca antes dimensionados.
No capítulo V de O Evangelho
Segundo o Espiritismo intitulado “Bem Aventurados os Aflitos”, Kardec traz como
foco de análise uma citação de Jesus, na palavra de Mateus (cap. V, vv. 5, 6 e 10): “Bem-aventurados os que choram, pois que serão
consolados. - Bem-aventurados os famintos e os sequiosos de justiça, pois que
serão saciados. - Bem-aventurados os que sofrem perseguição pela justiça, pois
que é deles o reino dos céus.” Esse capítulo discute a origem das aflições que
nos acometem no mundo traçando um raciocínio que estabelece razões atuais, remotas
e apontam para o porvir, considerando a existência presente, as que passaram e
aponta para o futuro. Fortalece o ensejo de que não é em vão que dificuldades
nos alcançam dando um propósito para aquele que suporta os
combates sem negociar princípios nem perder a razão.
combates sem negociar princípios nem perder a razão.
É
fundamental compreendamos que se vivemos no planeta em momento tão difícil é
porque temos contas a ajustar com esse tempo, e se as temos, trata-se de um
conserto de algo que desarrumamos no passado próximo ou remoto. Importa não
perdermos o foco em nossa necessidade de consertar, pois debandar dos
compromissos com a vida amplia a relação de reajustes pendentes. Não é casual o
fato de sermos bombardeados pelas situações que envolvem as nossas experiências
individuais e coletivas. A única saída para o nosso psiquismo não mergulhar nas
ondas da revolta, da desistência e da depressão é a compreensão de que jamais
somos vítimas desse processo e sim partícipes de um tempo que precisa do nosso
exemplo pessoal dentro de cada micro universo em que existimos, como parte
integrante de uma jornada que não começou nem termina numa só existência
terrena.
As
palavras de Jesus são o nosso grande refúgio. Refúgio para a nossa própria
imperfeição que estremece entre inconformada e aflita diante dos desafios de um
mundo em ebulição. O Mestre apascenta o nosso coração quando nos chama a ser
semeadores de um novo tempo, apesar das dores e aflições pessoais. Sua voz
suave há de soar em nossas mentes nas piores horas, como está dito em João (16:33):
“no
mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.”
¹ editorial do programa Antena Espírita de 20.03.2016.
(*) escritor espírita, editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.
Blog excelente, gostei muito.
ResponderExcluirOlá, Minelli!
ResponderExcluirSeja Bem-vindo ao Canteiro de Ideias.
Fraternal abraço
Jorge