quarta-feira, 20 de abril de 2016

A OMISSÃO DOS BONS



A PARTIR DE HOJE, OS LEITORES DESTE BLOG CONTARÃO COM A COLABORAÇÃO DO ESCRITOR E PALESTRANTE ESPÍRITA RICHARD SIMONETTI, AUTOR DE VÁRIOS LIVROS.


          Por que, no mundo, tão amiúde, a influência dos maus sobrepuja a dos bons?

          Por fraqueza destes. Os maus são intrigantes e audaciosos, os bons são tímidos. Quando estes o quiserem, preponderarão.

Livro dos Espíritos, questão 932

          Potencialmente todo homem é bom. Somos filhos de Deus, criados, segundo a expressão bíblica, à Sua imagem e semelhança. Intuitivamente pressentimos que nossa realização como filhos de Deus, habilitando-nos à harmonia e ao bem-estar, está condicionada ao empenho do Bem. Aristóteles define com simplicidade o assunto: A Felicidade consiste em fazer o Bem.

          Não obstante, com frequência nos compromete­mos com o mal. Esta é, talvez, a maior contradição humana, inspi­rando a sábia observação de Paulo, na Epístola aos Romanos (7;19): Porque não faço o Bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço.

          É uma tendência tão entranhada que as pessoas parecem não perceber que agem com maldade. Os piores facínoras encontram amplas justificativas para seus crimes. Al Capone, considerado o inimigo público número um, nos Estados Unidos, afirmava não saber por que era perseguido pelas autoridades, porquanto ajudava o povo a divertir-se. Tiranos cometem atrocidades proclamando defender o bem-estar social e o progresso da nação.

          Mesmo os que gostariam de cogitar apenas do Bem, convivem pacificamente com o mal e até se envolvem com ele.

          São frequentes os escândalos em empresas públicas. Funcionários desonestos apropriam-se de vultosos valores que não lhes pertencem. Ao serem descobertos constata-se que tais irregularidades ocorreram por relaxamento de normas de segurança não observadas pelos demais servidores. Aproveitam-se alguns da desídia de muitos.

          A volúpia de ganhar dinheiro induz indústrias a ignorar elementares medidas de preservação do meio ambiente, por dispendiosas. Poluem a atmosfera, destroem florestas, matam rios, intoxicam a população e semeiam enfermidades. Os progressos do movimento ecológico, que visa defender a Natureza, são lentos, porquanto pouca gente se dá ao trabalho de participar, em absoluta indiferença.

          O culto religioso favorece a paz e o equilíbrio nos corações, repercutindo beneficamente na socieda­de. No entanto, por comodismo, raros participam.

          A transição entre o Bem e o mal, a vitória das potencialidades divinas em nós, opera-se a partir de um ideal superior, algo em que o possamos empenhar nossa vida. O idealista legítimo, capaz de esquecer-se de si mesmo em favor de uma causa nobre, está sempre desperto, ativo, consciente, disposto ao sacrifício, imune ao acomodamento, pronto a trilhar os mais difíceis caminhos. O ideal o conduz, aquece, ilumina, sustenta… As grandes vidas, inspiradoras e inesquecíveis, foram marcadas por idealistas.

          Por ideal de seguir Jesus, milhares de cristãos enfrentaram destemidamente as feras famintas no Circo Romano, regando com seu suor e lágrimas a árvore nascente do Cristianismo.

          Por ideal de libertar o pensamento religioso do dogmatismo asfixiante, Giordano Bruno e João Huss se deixaram queimar em fogueiras inquisitoriais, situando-se como precursores da fé apoiada na razão, proclamada por Allan Kardec.

          Pessoas assim valorizam a existência, enobrecendo o gênero humano. Com suas iniciativas fecundam o Bem, inspiram o progresso, ajudam a construir um mundo melhor. Não estão sozinhos. Seguindo esses vanguardeiros há uma heroica retaguarda de servidores ativos e conscientes, sejam médicos, professores, operários, administradores ─ gente que está lutando, que está enfrentando os problemas do Mundo, procurando fazer o melhor, tentando realizar o Bem, trabalhando com denodo e perseverança.

          É preciso que suas fileiras se ampliem. Que esses milhares sejam milhões. Que o ideal do Bem conquiste os corações! Que se semeie tanta luz que as sombras se retraiam! Que se exemplifique tanto a fraternidade que o egoísmo não encontre onde se apoiar! Que se exercite tanto a bondade que não haja espaço para a maldade! Então, sim, superando a omissão dos bons, o Bem preponderará.

(*) participa do movimento espírita desde 1957, quando integrou-se no Centro Espírita "Amor e Caridade", que desenvolve largo trabalho no campo doutrinário de assistência e promoção social.
Articulou o movimento inicial de instalação dos Clubes do Livro Espírita, que prestam relevantes serviços de divulgação em dezenas de cidades. É colaborador assíduo de jornais e revistas espíritas, notadamente "O Reformador", "O Clarim" e "Folha Espírita".
Funcionário aposentado do Banco do Brasil, vem percorrendo todos os Estados brasileiros, em palestras de divulgação da Doutrina Espírita.
Algumas de suas obras:   Abaixo a Depressão!,  Antes que o Galo Cante, Mediunidade - Tudo o que Você Precisa Saber, Para Rir e Refletir, Quem Tem Medo da Morte? Reencarnação, Tudo o que Você Precisa Saber, Rindo e Refletindo com Chico Xavier, Setenta Vezes Sete, Suicídio Tudo o Que Você Precisa Saber!,Trinta Segundos

3 comentários:

  1. Garimpou muito bem, o blog "Canteiro de Ideias".
    Os escritos do Richard cabem em qualquer lugar.
    Parabéns!

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  2. Francisco Castro de Sousa20 de abril de 2016 às 19:55

    Estou de acordo com o anônimo, Richard Simonetti é um nome muito respeitado como escritor. Seus artigos são lidos nos principais veículos de divulgação da Doutrina Espírita no Brasil. Parabéns ao Blog Canteiro de Ideias por mais este tento!

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  3. Realmente, fortalece o caráter dos propósitos maiores que moveram a criação desse espaço. Estamos todos de parabéns!

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