segunda-feira, 16 de maio de 2016

SERÁ LEGÍTIMO PENSARMOS O FUTURO?

“Pode o Espírito proceder à escolha de suas provas, enquanto encarnado?”
( Q. 267 – O Livro dos Espíritos – Allan Kardec.)

    Expressão muito comum que usamos nos dias de hoje é a de que o futuro a Deus pertence. Será que não podemos fazer algum tipo de planejamento a partir do conhecimento espírita que já adquirimos nessa atual existência? 
    
        Será que é racional utilizarmos aquela expressão do cancioneiro popular de que “deixo a vida me levar” ou devo fazer algum tipo de planejamento utilizando do “livre arbítrio”?

      No Capítulo VI de O Livro dos Espíritos, que trata da vida espírita, há uma seção que trata justamente da Escolha das Provas, da qual destacamos a questão 267, acima transcrita, em que, através da resposta, ficamos sabendo que podemos fazê-las mesmo na vida material, donde podemos concluir que podemos orientar melhor as nossas escolhas, ainda nessa atual existência física, com base nisso é que desenvolvemos esse texto, não no sentido de planejar a próxima encarnação, mas no sentido de tudo  fazermos para reorientar as nossas ações nessa atual existência física e dela tirarmos o melhor resultado possível em termos progresso espiritual futuro.

     Imaginei um exercício simplório o bastante para facilitar nosso raciocínio, adotando como exemplo a minha hipotética permanência ainda nessa atual existência. Imaginemos que a minha expectativa de vida seja bastante otimista e corresponda a um terço dos anos que já vivi o que me daria hoje uma expectativa de viver algo em torno de vinte a vinte e três anos.
       
       Nesse cenário tão otimista, eu poderia imaginar que o meu neto mais novo, que hoje tem quase três anos, já teria concluído o curso universitário e, possivelmente, já estaria fazendo uma pós-graduação em alguma área de sua preferência; seus pais, hoje na faixa dos quarenta anos, já estariam sexagenários e na expectativa de verem seu filho mais novo brilhando na carreira profissional escolhida.

       Em outro cenário, ainda de certa forma otimista, mas não tanto quanto o primeiro, imaginemos que eu dispusesse de apenas um quarto dos anos já vividos, o que me daria uma expectativa de vida em torno de dezessete anos, nessa expectativa eu ainda poderia esperar ver o meu neto mais novo concluindo um curso universitário na área por ele escolhida, seus pais estariam orgulhosos vendo o filho mais novo prestes a iniciar-se profissionalmente.

       Imaginemos outro cenário, não tão otimista como os anteriores, mas ainda com certa dose de probabilidade de se concretizar, em que a minha expectativa de vida corresponda a um quinto dos anos já vividos, isso me daria algo em torno de quatorze anos, e eu ainda poderia esperar ver o meu neto mais novo ingressar na universidade.

       Agora pensando um cenário mais provável, em que eu já não tenha uma expectativa de vida tão alongada, o que me levaria a estabelecer objetivos mais realistas, de não perder oportunidades de curtir o seu crescimento, de poder responder às suas indagações e de ainda dispor de memória para contar-lhe as minhas experiências e lembranças de quando eu tinha a idade dele, e dos sonhos que eu acalentava realizar quando me tornasse adulto!

      Ocorre que não nos é permitido fazer previsões seguras de como será o nosso dia de amanhã, imagine dispor de elementos que nos permitam, com segurança, imaginar como serão dias tão distantes e horizontes tão longos como os acima enumerados?

        Embora não tenhamos elementos para projetar horizontes tão longos, temos, contudo, uma visão clara de que precisamos aproveitar o momento presente, especialmente deixar para os que nos sucederão um exemplo de vida digna, capaz de motivá-los a seguir adiante, de se tornarem pessoas de bem, capazes de contribuir para tornar esse um mundo melhor para se viver e não se deixando abater pelo pessimismo circundante, nem se amedrontarem ao ponto de não tomarem decisões ousadas em suas próprias vidas, ou se deixarem envolver pelo medo e pelo pessimismo de que não vale a pena ser bom, dignos e honestos consigo mesmos e com os outros.

        Escrevo essas ideias com o fim de registrar minhas preocupações com o futuro e o meu desejo de contribuir para a construção de um mundo melhor para todos nós vivermos e tornar essa atual existência o mais produtiva possível, capaz de deixar lembranças positivas como as que a minha mãe e o meu avô materno me deixaram, já que não foi possível uma convivência mais alongada com o meu pai, uma pessoa simples e do qual não chegamos a tomar conhecimento de seus desejos e ambições.

(*) escritor espírita, integrante da equipe do programa Antena Espírita e voluntário do C.E.Grão de Mostarda.

Um comentário:

  1. Caro amigo Castro,
    Óbvio que sim, a resposta da sua pergunta-título!Muito interessante as suas reflexões. Tenho buscado isso desde que me tornei avô. Doutrina Espírita nos abre possibilidades quanto a esse futuro, considerando que a partir das nossas escolhas hoje, usufruiremos da humanidade futura pelas concessões dividas através da reencarnação.

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