Espíritas e ecologistas entendem a
necessidade da destruição para a manutenção do equilíbrio. Isso vale, por
exemplo, para os incêndios de causa natural que renovam a vegetação de
ecossistemas como o cerrado brasileiro, permitindo a limpeza do solo e a germinação
de sementes. Ou ainda para a cadeia alimentar baseada na ação dos predadores
que caçam espécies mais vulneráveis, e, assim sucessivamente, do mais forte
para o mais fraco. É esse equilíbrio dinâmico – baseado em sofisticadas
engrenagens que regem a vida e a morte – que assegura a perenidade dos
ecossistemas e dos seres vivos que neles existem.
Há um capítulo inteiro de “O Livro dos Espíritos” que explicam a
chamada Lei de Destruição, que é
entendida como uma das leis morais da Doutrina. “Preciso é que tudo se destrua
para renascer e regenerar. Porque, o que chamais de destruição não passa de uma
transformação, que tem por fim a renovação e a melhoria dos seres vivos.”¹.
Segundo o Espiritismo, a necessidade de destruição não se dá por igual em todos
os mundos, e será cada vez menos necessária quanto mais evoluído física e
moralmente for o planeta em questão.
Importa reconhecer o gênero de destruição
sobre o qual estamos falando. Um, de origem natural, conspira em favor da
manutenção da vida; o outro, de origem antrópica, determina impactos negativos
sobre os ciclos da Natureza, precipitando cenários de desconforto ambiental
crescente. Há uma questão moral embutida nessa situação. Se entendemos que as
práticas sustentáveis, em seus diferentes aspectos, significam fazer o bem, não
ser sustentável – ou a inação num cenário de crise global – ajuda a desequilibrar
a balança para o outro lado. Se não existe neutralidade no Universo, e cada
ação ou inação reverbera de maneira distinta na forma como interagimos
constantemente com o cosmos, é importante que a tomada de consciência se
desdobre na direção de novas ações, novas rotinas, novas escolhas em favor da
vida.
¹ “O Livro dos Espíritos”, questão 728
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