A estruturação do Evangelho de Jesus,
narrando as suas atividades durante a sua permanência no Orbe Terrestre, está
repleta de ensinamentos, merecedores de uma atenção especial por parte daqueles
que, libertos de ideias preconcebidas, observam nas suas entrelinhas
verdadeiras normas de conduta e bem proceder, tão necessárias ao
aperfeiçoamento ético e moral dos homens.
O Novo Testamento é a parte da Bíblia onde
encontram-se as mensagens do Cristo, vividas por Ele, para estabelecer,
definitivamente, a aliança entre Deus e os homens.
Jesus não deixou nada escrito. Ele ensinou
com as suas pregações, e praticou estes ensinamentos exemplificando para todos
qual o verdadeiro caminho que deve ser seguido para chegar ao Reino de Deus,
conquistando assim, todos aqueles que O seguirem, a verdadeira felicidade.
Após a sua crucificação e morte, Jesus
retornou aos seus seguidores, denominados de apóstolos e discípulos,
falando-lhes da necessidade de continuarem com a sua obra. Foram eles que
escreveram o Novo Testamento anunciando o Cristo para que os homens tivessem fé
e esperança, e se comprometessem com Ele. Compromisso este que significa a
continuação das suas palavras e ações.
2.1.
O Centurião de Cafarnaum
De todos os evangelistas, Mateus é aquele que
apresenta uma didática mais clara. Ele organizou o seu Evangelho de maneira a
levar a todos que o lerem, a fazerem uma viagem interior em si mesmo, a fim de
descobrir a presença de Jesus, que ensina a prática do Amor e da Justiça.
Neste Evangelho encontra-se uma passagem de
Jesus, por demais significativa, onde Ele demonstra que as fronteiras do Reino
de Deus vão muito além da visão estreita que se pode ter em relação à origem ou
classe a que pertença a criatura.
No Capítulo VIII, do Evangelho de Mateus,
versículos de 5 a 10, verifica-se o seguinte diálogo de Jesus com o centurião
de Cafarnaum:
“E entrando Jesus em Cafarnaum, chegou junto
dele um centurião, rogando-lhe, e dizendo: Senhor, o meu criado jaz em casa,
paralítico, e violentamente atormentado. E Jesus lhe disse: Eu irei e lhe darei
saúde. E o centurião, respondendo, disse: Senhor, não sou digno de que entres
debaixo do meu telhado, mas dize somente a Palavra, e o meu criado sarará; pois
também eu sou homem sob autoridade, e tenho soldados às minhas ordens; e digo a
este: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu criado: Faze isto, e
ele faz. E maravilhou-se Jesus, ouvindo isto, e disse aos que o seguiam: Em
verdade vos digo que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé”
Sobre este episódio, o Coronel Ruy Kremer,
presidente da Cruzada dos Militares Espíritas, teceu o seguinte comentário: A
fé maiúscula do centurião, exaltada por Jesus, não é um tênue crer, mas um
claro saber, bem mostra que a fé não antagoniza com a função militar. A única
fé que Jesus mostrou ser exemplar, não a encontrou nos doutores da lei, nos
sinedritas, ou entre os escribas e fariseus, mas num gentio, e um gentio
fardado, das fileiras de um odiado Exército de ocupação...
Observando-se esta passagem de Jesus narrada
por Mateus, e sabendo-se de que Ele se aproveitava de todas as circunstâncias e
ocasiões para ensinar, em momento algum nota-se uma demonstração de
descontentamento com a classe militar vigente naquela época; se assim fosse,
não deixaria passar esta oportunidade para mostrar a todos que era errado ser
militar. Muito pelo contrário, além de curar o servo do centurião de Cafarnaum,
Ele o enalteceu perante a multidão que O seguia, deixando bem claro que não
importa a classe social a que se pertença, mas a pureza do coração e o espírito
voltado a Deus pela fé.
Jesus deixou bem claro, também, que mesmo
aqueles que dizem pertencer a certos grupos que se consideram salvos, se não
tiver fé verdadeira nas Suas palavras libertadoras, também não entrarão no
Reino de Deus.
2.2.
Cornélio, o Centurião de Cesaréia
Lucas utiliza-se de todo o Capítulo X e mais
os primeiros dezoito versículos do Capítulo XI do Livro dos Atos dos Apóstolos,
para destacar um episódio que é tido como de grande importância para a expansão
do Cristianismo nascente no meio pagão, ao narrar a conversão de Cornélio,
centurião da coorte chamada itálica, morador de Cesareia, fronteira da terra
judaica com o mundo pagão. Na realidade, esta fronteira não apenas separava
mundos, mas também, mentalidades.
Naquela época o judeu era limitado por dois
grandes tabus culturais: a lei da pureza, que o impedia de comer certos
alimentos, e também uma outra lei, que o proibia de misturar-se com os pagãos,
igualmente considerados impuros e profanos.
Pode-se observar ao longo da narração de
Lucas a Providência Divina trabalhando para a destruição desta barreira que
dificultava o relacionamento entre os homens e, assim sendo, impedia que a
mensagem de Jesus se expandisse para a consolação de todos os Seus filhos.
Foi a partir da conversão de Cornélio,
protagonista deste episódio marcante na História do Cristianismo, que a porta
da nova fé se abriu para os gentios, permitindo assim, a grande propagação dos
ensinamentos de Jesus entre todos os povos, fragmentando obstáculos e unindo a
todos pela crença em um Deus Único, Pai e Misericordioso. E este fato tão
especial foi marcado pelo segundo Pentecostes ocorrido na casa do centurião,
selando assim, o comprometimento daqueles homens com o Evangelho.
Também na casa de Cornélio, militar da
guarnição de Cesareia, foi realizado e instalado o primeiro culto doméstico do
Evangelho entre os gentios, abrindo espaço para que o terreno fértil dos
corações de todas as criaturas, circuncisas ou não, pudessem receber as
mitigações que somente Jesus é capaz de proporcionar.
Tanto o testemunho de Cornélio quanto o do
centurião de Cafarnaum, inseridos de forma grandiosa no Evangelho, são caminhos
que devem ser palmilhados por todos aqueles, fardados ou não, que pretendem
conservar a sua fidelidade a Deus, a veneração aos ensinamentos de Seu Filho, o
Rabi da Galileia, e tranquilidade com a própria consciência.
¹ Novo Testamento – Mateus, Cap. VIII, vs. 5 a
10
² Revista de “O Cruzado”, nr 2, 2º Semestre de
1998, página 12
Sinceramente, não é por ser o administrador do blog, mas a diversidade de temas como o abordado pelo confrade e amigo Luiz Acioli, enriquece esse espaço sobremaneira. A divulgação espírita se enriquece através do site Canteiro de Ideias. Vamos que vamos, a Seara Espírita necessita de todos nós, juntos!
ResponderExcluirObrigado pelas boas palavras meu amigo.
ExcluirEm breve publicaremos novos textos.
Que Deus abençoe cada vez mais o blog Canteiro de Ideias.
Acioli
MUITO BOM ARTIGO. MEUS PARABÉNS.
ResponderExcluirGostei muito desse texto do confrade Acioli.
ResponderExcluirMuito esclarecedor e elucidativo.