“Só se vê bem com o coração, o essencial é
invisível aos olhos.”
(Antoine de
Sint-Exupèry)
Fato ocorrido em 1892, na França. Um senhor
de 70 anos viajava de trem ao lado de um jovem universitário que lia um livro
de ciências. O senhor lia um livro de capa preta. O jovem percebeu que se
tratava da Bíblia e sem cerimônia interrompeu a leitura do senhor e iniciou um
diálogo:
Estudante – O senhor ainda acredita neste
livro cheio de fábulas e crendices? Creio que o senhor deveria estudar a
História Universal. Veria que a Revolução Francesa, ocorrida há mais de 100
anos, mostrou a miopia da religião. O senhor deveria conhecer um pouco mais
sobre o que os nossos cientistas pensam e dizem sobre tudo isso.
Senhor – É mesmo? E o que pensam e dizem os
nossos cientistas sobre a Bíblia? – perguntou demonstrando o interesse de quem
quer aprender um pouco.
Estudante – Bem… – respondeu o universitário
– como vou descer na próxima estação, falta-me tempo agora, mas deixe-me o seu
cartão que eu lhe enviarei o material pelo correio com a máxima urgência.
O senhor cuidadosamente abriu o bolso interno
do paletó e deu o seu cartão ao universitário. Então, o jovem leu: “Professor
Doutor Louis Pasteur, Diretor Geral do Instituto de Pesquisas Científicas da
Universidade Nacional da França”.
Após este fato ocorrido no trem com o jovem,
o próprio Pasteur escreveu essa passagem em sua biografia e deixou como um dos
seus valiosos legados à humanidade a seguinte frase: Un peu de science éloigne de Dieu, beaucoup de science y ramène (Um
pouco de Ciência nos afasta de Deus. Muito, nos aproxima).
Religiosidade,
Espiritualidade e Saúde
Há que se ter humildade para cruzar as
barreiras e estender a mão ao outro. Podemos concordar em discordar e, mesmo
assim, agir lado a lado para o bem comum. Contudo, alguns livros como Quebrando o Encanto, de Daniel Dennett,
e Deus, um delírio, de Richard
Dawkins, continuam reeditando o antigo conflito entre ciência e religião.
Felizmente, outros pensadores iluminam a conciliação. Por exemplo, segundo o
biólogo Edward Wilson, a ciência e a fé precisam urgentemente de uma trégua, e
o preço do fracasso nessas negociações de paz pode ser a própria vida na Terra.
Os filósofos neurocientistas japoneses Fukushi, Sakura e Koizumi indicam que a
ciência sem a espiritualidade enfraquecerá a ética por conceitos exclusivamente
materialistas. Ressaltam que a ética está diretamente ligada à nacionalidade,
cultura, religiosidade e ao histórico social dos indivíduos, enquanto a ciência
está especialmente ligada à demanda econômica e política da sociedade a qual os
indivíduos pertencem.
O padre Michael Heller, filósofo e doutor em
cosmologia, em 2008, ao receber o prêmio Templeton por estudos sobre
religiosidade, disse que “a ciência nos
dá o conhecimento, e a religião nos dá o sentido… ambos são pré-requisitos para
uma existência decente”.
Um bom exemplo atual de conciliação entre a
fé e a ciência nos traz o biólogo e médico americano Francis Collins (chefe do
Projeto Genoma Humano), que descreve sua trajetória de ateu a cristão no livro A Linguagem de Deus. Quando cursava medicina,
Collins se viu, como muitos colegas estudantes, surpreendido pela fortaleza
espiritual das pessoas conectadas a Deus no enfrentamento das piores tragédias.
Passou então refletir sobre Deus como uma atitude racional e encontrou a
possibilidade de conciliar as verdades científicas sobre a origem do Universo,
regido por leis finamente ajustadas e favoráveis à vida. Collins relata a sua
vivência de uma crença religiosa profunda que considera a obra-prima de uma
expressão divina. Assim como muitos outros, esse respeitável cientista acredita
que Deus teria estabelecido as regras do Universo desde seu princípio, de
maneira que, na plenitude do tempo, pudessem evoluir seres que fossem capazes
de encontrar a “lei moral” e buscar um relacionamento com o próprio Criador.
Particularmente, considero no mínimo uma “não
coincidência” a manifestação de um princípio inteligente sofisticado, isto é,
não aleatório, nas manifestações vivas mais simples em nosso planeta.
Por exemplo, um paramécio, sem uma
organização complexa como a de um sistema nervoso, por intermédio da
quimiotaxia pode se aproximar ou se afastar do que lhe “interessa” para viver.
Uma ação organizada regida por um princípio inteligente parece se manifestar em
seres complexos e rudimentares como se houvesse uma consciência orientada para
a vida em harmonia. Alguns filósofos denominam como panpsiquismo a observação
de que toda a vida, qualquer que seja, é dotada de consciência. Talvez, como
humanos que somos, com a capacidade de pensar sobre os nossos pensamentos,
tenhamos o grande desafio de retornar a esse princípio divino para assim
vivermos em harmonia, com o diferencial da consciência sobre essa trajetória
percorrida. Alguns dados de estudos que a Astronomia desenvolve sobre o
infinito Universo já se presentam para nossa compreensão a respeito dos mesmos
princípios inteligentes que nos regem.
Gostei do texto do Dr. Júlio Peres, porém ele me deixa com a impressão de que falta alguma coisa que o Dr. Peres não disse, ou seja, falta uma conclusão lógica, para mim! De qualquer forma a abordagem do texto é muito boa! mas quem sou eu para colocar reparos no trabalho de um Neurocientista como o Dr. Peres?
ResponderExcluir