quinta-feira, 4 de agosto de 2016

AO QUE ASPIRAMOS: RELIGIÃO OU ESPIRIUTALIDADE?¹



        




       Apenas um momento de reflexão e haveremos de perceber que todos os grandes reveladores que vieram à Terra se encontram muito acima das instituições que se criaram depois de seu retorno ao mundo espiritual. Assim aconteceu com Buda, Krishna, Moisés, Jesus, entre outros. Não é necessário empreendermos muito esforço para compreender o que acontece nesses casos. Esses homens trazem à luz do mundo os conteúdos de espiritualidade que as suas evoluções espirituais permitem enquanto aqueles que os sucedem fundam religiões em torno da interpretação de suas idéias e, ao fazerem isso, empobrecem o pensamento original deixados por aqueles, conferindo caráter dogmático normativo aos seus ensinamentos, pois lhes falta a autoridade moral e sobra a presunção.

            Provavelmente nenhum desses seres superiores tinha a intenção de deixar instituições a lhe representar, senão a idéia da perpetuidade de suas idéias através da livre expressão, sem que qualquer imposição doutrinária tenha sido criada para fazer sombra ao pensamento genuíno de liberdade contida nas mensagens imorredouras que nos deixaram.
            Dessa forma os conceitos práticos de Religião e Espiritualidade da atualidade são duas acepções completamente diferentes. Ser religioso não implica em ser espiritualizado, tanto quanto a sua recíproca. A atitude de rechaçar a crença do outro e ser intolerante com quem pensa diferente pode até ser considerada uma posição religiosa, mas jamais poderá ser vista como uma decisão espiritualizada. Há quem se permita ser religioso e ao mesmo tempo déspota domiciliar e social pesando sobre os seus pares as suas opiniões, fechadas o suficiente, para conseguir ouvir o anseio dos outros, situação jamais adotada por quem de fato fosse espiritualizado. Ser religioso tornou-se sinônimo de cobrar aos demais uma postura qualificada diante de algum dogma estabelecido pela doutrina a ser obedecida, enquanto ser espiritualizado significa lançar uma visão educativa, ao que pode trazer prejuízos, destituída de cobranças ou imposições.
            Na questão 785 de O Livro dos Espíritos é questionado qual o principal obstáculo ao progresso, cuja resposta inicia incisiva: o egoísmo e o orgulho. Orgulhosos e egoístas é o que conseguimos ser quando nos tornamos religiosos sem nos tornar espiritualizados. Julgamo-nos detentores de conhecimentos e capacidades que supomos faltar aos outros e ousamos presunçosamente considerar-nos superiores a quem não nos comungue os pensamentos.
            Não por outra razão que o atual líder de uma das maiores instituições religiosas do planeta vem quebrando conceitos e preconceitos milenares e se antepondo aos atavismos espirituais que nada tem a ver com o pensamento cristão que deveria nortear-lhes as posições.
            Jesus nos considerou a todos, não apenas a quem o seguisse, como se fôssemos ovelhas pertencentes a um só grupamento, que Ele denominou redil. Em suas palavras havia o tom profético de que um dia todos se achariam, independente de quanto tempo tivesse percorrido por estradas diferentes. Esse era o convite para que nos desarmemos diante do outro adotando uma atitude amiga, apesar de crenças diferentes. As religiões passam, a espiritualidade fica e acompanha o Espírito até o seu completo despertar.

¹ editorial do programa Antena Espírita de 31.07.2016

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