Parece ser senso comum
conceituar-se a Doutrina Espírita como uma idéia eminentemente consoladora,
condição referendada até mesmo por pessoas de outras crenças. Convém refletir,
no entanto sobre o que é que faz com que as concepções espíritas levem à
consolação. Não se trata de uma simples indução ao conformismo, tampouco a
formas de raciocínios lineares que conduzem à mera aceitação dos fatos mais
difíceis da existência.
Não
há qualquer fórmula mágica que facilite o resultado de quem quer que seja, ou
palavra sacramental, sequer perdões a serem alcançados mediante promessas de
qualquer gênero nem moedas de troca. A força consoladora do Espiritismo está
fundamentalmente na sua capacidade de possibilitar ao indivíduo produzir uma
reflexão profunda em torno das circunstâncias que estabelecem as dificuldades
de cada um.
Encontramos a expressão
consoladora da Doutrina Espírita na força da sua mensagem, a começar na
insofismável certeza que proclama da imortalidade da alma em face à comprovação
da existência do ser após a morte, arrazoada pela comunicação dos
desencarnados, uma das condições que mais confortam frente ao desolamento da
saudade daqueles que partiram para o outro plano.
O chamado racional aos
ditames da reencarnação estabelece o plano lógico da Providência Divina, que
jamais colocaria prova a ser suportada maior que a capacidade daquele que a
recebe. Ciente dos compromissos que tornam o espírito vinculado à Lei de Causas
e Efeitos, daí reconhecedor da justiça que há nas situações que enfrenta nos
desafios do aprendizado, a consolação nasce exatamente da compreensão que se
passa a ter das nossas responsabilidades com a construção de dias melhores.
Em verdade o binômio
imortalidade/reencarnação é que estabelece a lógica consoladora de Doutrina
Espírita, em princípio porque dissipa o medo da morte certificando a
continuidade da existência, depois porque facilita a aceitação dos momentos
mais graves que trazem dor aos nossos caminhos. A consolação espírita descansa
na inabalável crença na conseqüência dos fatos, em saber-se que Deus só age
para o Bem e seja lá o que aconteça em nossas vidas, sempre haverá uma lição a
ser aprendida e um desvio a ser corrigido, naturalmente arbitrado pela Justiça
Maior, que não atende aos nossos desejos exatamente, mas será uma resposta
inequívoca as nossas necessidades. A Doutrina Espírita traz á luz o que Allan
Kardec designou como a fé inabalável, aquela que pode “enfrentar a razão face a
face em todas as épocas da humanidade”. Por isso é a doutrina da consolação.
¹ editorial do programa
Antena Espírita de 21.08.2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário