É evidente que na expressão “o telefone só toca de lá para cá” popularmente
atribuída a Chico Xavier não está explícita a opinião de alguma interdição de
se evocar os “mortos”. Contudo, será que atualmente deve-se provocar, como
ocorreu na época de Kardec, a evocação dos espíritos para uma conversinha
“agradável” e “amigável”, “franca” e “direta” com os Espíritos, visando obter
notícias, revelações e outras informações banais dos mesmos? Inúmeros neófitos
e curiosos procuram grupos espíritas almejando notícias dos entes que
“partiram”. Mas será que a finalidade de um centro espirita é essa?
Vigilância e prudência não fazem mal a
ninguém. Sou dos que não recomenda a provocação de evocação dos desencarnados,
sobretudo se o médium estiver voltado para a recepção de notícias póstumas de
Espíritos sofredores (normalmente recém-desligados do físico), pois em todos os
casos de intercâmbio com o além a espontaneidade é essencial para a
credibilidade das mensagens.
Até mesmo nas mensagens instrutivas de alto
valor doutrinário não há a necessidade de se fazer uma evocação direta, pois
pode-se receber espontaneamente mensagens instrutivas de qualquer espírito
evoluído. O mais importante neste caso é o exame racional e lógico da mensagem
recebida, conforme recomenda o bom senso, para se evitar o desvairo da
mistificação.
O Espírito Emmanuel, após ser indagado se era
aconselhável a evocação direta de determinados espíritos, esclareceu: “Não
somos dos que aconselham a evocação direta e pessoal, em caso algum. Se essa
evocação é passível de êxito, sua exequibilidade somente pode ser examinada no
plano espiritual. Daí a necessidade de sermos espontâneos, pois, no complexo
dos fenômenos espiríticos a solução de muitas incógnitas [sobre tal tema]
espera o avanço moral dos aprendizes sinceros da Doutrina.” [1]
Insatisfeitos com essas criteriosas
orientações de Emmanuel, surgem alguns causídicos “espíritas” sucessivamente
espicaçados (quase fascinados) pelo fenômeno do intercâmbio com os “mortos”,
fazendo referência ao interesse do mestre lionês pela evocação direta para
justificarem suas interações com os “finados”. Entretanto, “precisamos
ponderar, no seu esforço, a tarefa excepcional do Codificador, aliada a
necessidades e méritos ainda distantes da esfera de atividade de aprendizes
comuns” [2] tais quais somos.
Para os entusiastas (quase fascinados) pelos
fenômenos mediúnicos, mormente os que desejam notícias dos parentes mortos,
corroboramos inteiramente as advertências do Espírito Emmanuel quando explana:
“Qualquer comunicado com o invisível deve ser espontâneo, e o espiritista
cristão deve encontrar na sua fé o mais alto recurso de cessação do egoísmo
humano, ponderando quanto à necessidade de repouso daqueles a quem amou, e
esperando a sua palavra direta, quando e como julguem conveniente e oportuno os
mentores espirituais.” [3]
Para Kardec, “frequentemente, as evocações
oferecem mais dificuldades aos médiuns do que os ditados espontâneos, sobretudo
quando se objetiva obter dos Espíritos respostas precisas a questões circunstanciadas.”
[4] Os médiuns – lembra ainda Kardec – “são geralmente mais procurados para
evocações de caráter particular do que para comunicações de interesse geral.
Eles não deveriam, porém, aceder a tais pedidos, senão com muita reserva,
quando feitos por pessoas de cuja sinceridade estejam seguros. Além disso, é
preciso evitar sua participação nas evocações movidas por simples curiosidade
ou interesse, sem intenção séria por parte do evocador, afastando-se de tudo o
que possa transformá-los em agentes de consultas, em ledores da buena dicha.” [5]
Evocar um “morto” é questão que precisa
portanto ser bem avaliada, tendo sempre em mente a finalidade a que ela se
presta. No livro Conduta Espírita, cap. 25, André Luiz reafirmou a proposta
feita por Emmanuel, recomendando-nos seja “abolida, em nosso meio, a prática da
evocação nominal dos espíritos.” [6]
Não tendo havido informações novas, provindas
de fontes robustas, confiáveis e consagradas, não concebo por que a
recomendação de Emmanuel, reafirmada por André Luiz, deva ser ignorada. A
comunicação com os Espíritos efetua-se por iniciativa deles. A frase “o
telefonema vem do lado de lá“, dita por Chico Xavier, diz bem como o assunto
deve ser encarado com mais seriedade em qualquer contexto do debate sobre o tema,
até porque o assunto é grave e não tem nada a ver com as mitologias evocadas
por alguns “letrados” em Espiritismo.
Referências
bibliográficas:
[1]
Xavier, Francisco Cândido. O consolador , ditado pelo espírito Emmanuel,
Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001, Questão 369
[2]
Idem questão 380
[3]
Idem
[4]
Disponível em
<http://www.oconsolador.com.br/ano2/101/esde.html>acessado em 08 de
agosto de 2016
[5]
idem
[6]
Xavier, Francisco Cândido e Vieira, Waldo. Conduta Espírita , ditado
pelo espírito André Luiz, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001
excelente,não deixa argumentos aos imediatistas,tratar a obsessão é preciso, mas o inicio do tratamento é a EVANGELHO TERAPIA.
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