Conta a mitologia grega que Jocasta foi filha
de Menocenes e mulher de Laio, rei de Tebas, com quem teve um filho, Édipo.
Pela previsão do oráculo, Édipo quando crescesse seria um perigo para a vida de
Laio. Abandonado, Édipo foi deixado pelo pai numa floresta para morrer. Sendo
salvo por um pastor, acaba por cumprir o que lhe estava destinado. Já adulto,
numa viagem, mata Laio, o seu pai, e desposa Jocasta, a sua mãe, sem, no
entanto, saber de quem se tratam. Quando da consulta do oráculo, por ocasião de
uma peste, Jocasta e Édipo descobrem que são mãe e filho. Ela suicida-se e ele
fura os próprios olhos por ter estado cego e não ter reconhecido a própria mãe.
Édipo e Jocasta tiveram 4 filhos, Antígona, Ismênia, Etéocles e Polinice.
Ao ensejo, reproduzo aqui uma real e
delirante história anunciada pelo jornal inglês Daily Mail e que vem provocando
controvérsia na mídia internacional por tocar no assunto muito penoso: o
incesto [1]. No caso específico, uma autêntica história de “amor” proibido
entre Monica Mares, uma mãe de 36 anos e Caleb Paterson, seu filho que ela
ofereceu para adoção quando bebê e só tornou a ver recentemente, após 18 anos.
Monica Mares e Caleb Paterson, podem pegar
pena de 18 meses de prisão se forem condenados por prática de incesto em
julgamento no Novo México (Estados Unidos). Ambos afirmaram que brigarão pelo
direito de manter o relacionamento e que “arriscarão tudo” por esse objetivo.
Monica afiançou ao jornal que Caleb é o amor da sua vida e não quer perdê-lo.
Proferiu que nada pode separá-los e que se for presa, cumprirá a pena e, ao
sair da prisão, vai mudar-se para um estado que aceite a união. [2]
Monica reviu o filho, após a doação, quando
ele tinha 18 anos, foi no dia de Natal de 2014, logo após trocarem mensagens
pelo Facebook. Depressa, eles se apaixonaram e tiveram contatos íntimos. Os
dois passaram a viver juntos e hoje um dos filhos pequenos de Monica chama
Caleb de pai. Recentemente a polícia foi chamada quando uma pessoa, após uma
briga de vizinhos, decidiu denunciá-los.
Eles foram acusados de incesto, soltos após
pagamento de fiança e aguardam julgamento. Segundo os advogados do “casal”, o
resultado do caso, se for favorável pode abrir um precedente legal nos Estados
Unidos. O casal afirmou que, se preciso, pretende recorrer à Suprema Corte
americana para ficar juntos. [3]Em alguns países, mormente os islâmicos, a pena
de morte é prescrita para os casos de incesto.
A aberração da prática sexual, quando somente
visa a satisfação egoística , imediata e desvairada, cede lugar a patologias
graves como a pedofilia, o incesto, o masoquismo, o sadismo, a necrofilia, a
prostituição, a pederastia e a outras anomalias psicológicas e psiquiátricas
que rebaixam o ser humano.
A obscuridade da consciência medieval e as
torturas íntimas camufladas de muitos teólogos mediévicos apontaram que a
sexualidade se tratava de uma função “impura”, “suja” e “repreensível”, como se
Deus houvesse escolhido um meio funesto para a reprodução da vida na Terra.
Atualmente muitos seres humanos sofrem diversos tipos de aflições morais,
amiúde derivadas da má condução da sexualidade e dos antigos temores que deram
lugar a mitos ,ignorância e fobias. Em face disso, merece que seja examinada a
nobreza da prática sexual , porquanto ela a matriz da continuidade da vida
biológica.
Historicamente o incesto e a endogamia não se
restringiram às tradicionais monarquias europeias. Exemplos são encontrados no
Egito antigo, onde havia casamentos entre irmãos. No Pamir era normal o faraó
casar-se com suas irmãs para manter o poder entre eles. Cleópatra casou-se com
dois irmãos consanguíneos. Em Roma, ocorriam enlaces entre primos, caso de Nero
e Claudia Octavia. O imperador Calígula era amante das suas 3 irmãs. Há
indícios de que os incas na América do Sul também casavam irmãos e irmãs
Naturalmente perante as leis humanas e de
civilidade é preciso manter a observância às normas e regras, que nos diferem
dos seres irracionais. Ora, do ponto de vista biológico, a sexualidade é uma
sublime seiva para manter a vida em padrões de estabilização e de encanto,
proporcionando, quando o seu uso é ético e equilibrado, contentamento e
completude nos relacionamentos.
Doutrinariamente discorrendo sobre o assunto
recordemos que há espíritos que ainda não conseguiram superar as viciações
sexuais do passado que entorpecem a consciência. Há os casos obsessivos
gravíssimos. Citamos aqui o caso do personagem Cláudio narrado por André Luiz
no livro Sexo e Destino. [4] Cláudio concretizou uma relação incestuosa com a própria
filha Marita, recebendo influência direta dos obsessores.
Observemos que pela lei da pluralidade das
existências muitos pais e filhos, irmãs e irmãos, primos e primas, os tios e
tias, etc., etc., etc., podem ter sido “amantes” nas vidas passadas. Alguns não
superaram essa experiência e, sendo assim, não conseguem ainda modificar a
posição psíquica e emocional que ocupam na atual existência. Por vezes culminam
por praticarem o vil incesto que representa invariavelmente um arrepiador
estacionamento moral do espírito reencarnado.
Conta Emmanuel que no fundo da personalidade
paterna ou do maternal coração, “descansam os remanescentes de grandes
afeições, às vezes desequilibradas e menos felizes, trazidos de outras
estâncias, nos domínios da reencarnação. A libido ou o instinto sexual na forma
de energia psíquica, tendente à conservação da vida, permanece.
Os pequeninos, porém, recém-vindos da amnésia
natural que a reencarnação lhes impõe, não conseguem esconder as próprias
disposições no campo das preferências. E surgem neles, de inopino quase sempre,
as inclinações descontroladas, nos caprichos com que se mostram, exigindo
especial atenção de pai ou mãe a revelarem, de modo claro para que rumo se lhes
dirigem os laços mais fortes.
Geralmente, com muitas exceções, aliás, as
filhas se voltam para os pais e os filhos para as mães, patenteando a natureza
das ligações havidas em existências passadas e prenunciando a obra de
desvinculação [ante a lei da natureza] que se executará, inevitável, no futuro
próximo. [5]
Deus não extermina as paixões dos homens, mas
fá-las evoluir, convertendo-as pela dor em sagrados patrimônios da alma,
competindo às criaturas dominar o coração, guiar os impulsos, orientar as
tendências, na evolução sublime dos seus sentimentos.
Recorramos às reflexões do nobre Espírito
Emmanuel – “diante de toda e qualquer desarmonia do mundo afetivo, seja com
quem for e como for, coloquemo-nos, em pensamento, no lugar dos acusados,
analisando as nossas tendências mais íntimas e, após verificarmos se estamos em
condições de censurar alguém, escutemos no âmago da consciência, o apelo
inolvidável do Cristo: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. [6]
Notas e referências
bibliográficas:
[1]
Comunhão sexual entre pessoas consanguíneas ou afins nos graus interditos pela
ética cristã
[2]
Incesto é considerado crime em cinquenta estados americanos, mas a pena varia
de lugar a lugar.
[3]
Disponível em http://www.msn.com/pt-br/noticias/mundo/m%C3%A3e-e-filho-enfrentam-a-justi%C3%A7a-com-hist%C3%B3ria-de-amor-proibido-que-provoca-pol%C3%AAmica-na-web/ar-BBvs3fR?li=AAggNbi&ocid=mailsignoutmd
acessado em 20/08/2016
[4]
Xavier, Francisco Cândido. Sexo e Destino, ditado pelo Espírito André Luiz, RJ:
Ed. FEB, 1999
[5]
Xavier, Francisco Cândido. Vida e sexo, Cap. 15, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2000
[6]
Xavier, Francisco Cândido. O Consolador, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2001
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