Lembram que a pobreza ainda jaz estacionada,
contudo ser pobre não é desonra. O que falta no Brasil é respeito, é a
percepção de que não há bandido só nas favelas, mas também entre os mauricinhos
e patricinhas e entre os insuspeitos “colarinhos brancos”.
As mãos de obra pesadas estão nos bairros
pobres, nas comunidades e nas favelas. O engenheiro calcula tudo, mas quem faz
a base e levanta a parede é o trabalhador suburbano. Os endinheirados não
compreendem que na morte todos vamos para o mesmo lugar. Lá no cemitério, acaba
a arrogância, a prepotência, o egoísmo, o desprezo. Somos todos iguais,
independentemente de cor, raça, condição financeira, religião. Deus fez todo
mundo do seu jeito, não existe ninguém perfeito.
Sem embargo da consistência de opinião
supramencionada, creio que o brado de indignação, dimanado das lideranças
referidas, inobstante sua lógica indiscutível, pode padecer acanhados ajustes
através de alguns conceitos doutrinários.
Notemos, pois.
Concordamos que os benefícios do desenvolvimento
material não estão sendo divididos equitativamente e o fosso entre afortunados
e deserdados (ricos x pobres) é colossal. Essa tendência pode ser ameaçadora
para o equilíbrio social, por isso é urgente corrigi-la. Caso contrário, as
bases da segurança global poderão estar seriamente ameaçadas.
Sabemos que o conhecimento e a tecnologia a
nosso favor, necessários para sustentar toda a população e reduzir os impactos
das desigualdades materiais, até porque os desafios econômicos, políticos,
sociais e espirituais estão interligados, e, juntos, podemos criar, de início,
soluções emergenciais para que evitemos o caos total em pouco tempo.
Urge que se crie na população uma mentalidade
crítica, que permita estabelecer novos comportamentos, reduzindo os extremismos
ideológicos, mormente dos discursos ardilosos dos políticos desonestos, alguns
fantasiados de “pais dos pobres”, e entronizar-se entre nós a verdadeira
solidariedade. A sociedade deve construir novos modelos de convivência
lastreados na fraternidade e no amor. A falta de percepção da interdependência
e complementaridade entre os cidadãos gera uma visão individualista,
materialista, separatista. Isso não é nada auspicioso.
Os espíritas, compreendemos e explicamos
muitos fenômenos sociais e econômicos através da pluralidade das existências.
Não somos arautos de revoluções porque cremos na evolução, isto é, os espíritas
somos evolucionários e não revolucionários, e a nossa proposta é para mudanças
na intimidade do ser humano; não contemporizamos com as injustiças, todavia
entendemos bem a concentração de riqueza que necessariamente nem sempre
significa a ausência de fraternidade, ou manutenção de privilégios e de
excessos no uso dos bens, das riquezas e do poder de uns poucos em detrimento
do infortúnio da maioria.
Indagado sobre a desigualdade verificada
entre as classes sociais, o Espírito Emmanuel esclareceu que “a desigualdade
social é o mais elevado testemunho da verdade da reencarnação, mediante a qual
cada espírito tem sua posição definida de regeneração e resgate. Nesse caso,
consideramos que a pobreza, a miséria, a guerra, a ignorância, como outras
calamidades coletivas, são enfermidades do organismo social, devido à situação
de prova da quase generalidade dos seus membros. Cessada a causa patogênica com
a iluminação espiritual de todos em Jesus Cristo; a moléstia coletiva estará
eliminada dos ambientes humanos”.[1]
Finalizo com as palavras do notável Leon
Denis que enunciou: “O Espiritismo é, ninguém se engane, um dos maiores
acontecimentos da história do mundo. Assim hoje, em face das doutrinas
religiosas enfraquecidas, petrificadas pelo interesse material, impotentes para
esclarecer o Espírito humano, ergueu-se uma filosofia racional, trazendo em si
o germe de uma transformação social, um meio de regenerar a Humanidade, de
libertá-la dos elementos de decomposição que a esterilizam e enodoam”. [2]
Referências
bibliográficas:
[1] Xavier, Francisco Cândido. O
Consolador, ditado pelo Espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1999,
questão 55
[2] Denis, Leon. Depois da Morte,
capitulo 24, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1998
Tags:
evolução e revolução
Caro Jorge Hessen,
ResponderExcluirPermita-me discordar do título e da abordagem. Jesus foi revolucionário e não deixou de ser evolucionista. Da mesma forma Kardec. Assim seguimos nós, espíritas. Revolucionário não significa, necessariamente, pregar a violência. Revolução significa transformação de um sistema, ideias, ou mudança radical em um sistema político, social e econômico, a exemplo da Revolução Francesa. A Doutrina Espírita é revolucionária e evolucionária, da mesma forma somos nós espíritas. O que precisamos é praticar é o ativismo espírita em todas as suas dimensões. Ver artigo em destaque no blog.
Meu caro Jorge Luiz dos Santos, estou de pleno acordo com o seu pensamento, você citou dois grandes revolucionários: Jesus e Kardec. Os Espíritas precisam entender que a grande revolução que a Doutrina Espírita preconiza, nada tem a ver com revolução armada e sim com uma revolução interior que será externalizada através de uma mudança no pensar, sentir e agir do homem renovado, tendo como modelo e guia JESUS (Q-625 LE)!
ResponderExcluir