Aos milhares e milhares, encontram-se
crianças e adolescentes vagueando pelas ruas e avenidas brasileiras, a mendigar
a sobrevivência nos semáforos da vida ou nas esquinas da prostituição. Apesar
disso, gritam as pesquisas sobre o assunto que, em sua maioria, essas crianças
têm pais e até mesmo, embora em condições precaríssimas, um cantinho para
morar. Sabemos ser irrefragável o nível de indigência e de miséria que fustiga
boa soma do nosso povo, o que, porém, não anula o amor, o carinho e o respeito
devidos pelos pais aos seus filhos. Nada obstante, muitos desses infantes são
estimulados – e até mesmo conduzidos – aos vícios, ao crime e à prostituição
por seus próprios genitores ou responsáveis que, por sua vez, marginalizados e
carentes, distorcem as mais elementares noções de moral e ética.
A
sociedade, por outro lado, é inegavelmente omissa, preferindo abrigar-se na
capa da incompetência enceguecida do egoísmo, e, quando aborda o problema, o
faz deslizando pelas veredas das soluções eivadas de violência, apelando para a
sanção da “pena de morte” ou mesmo sancionando, extrajudicialmente, o extermínio
dos grupos desajustados.
Já
é hora de despertar para a questão em foco, enfrentá-la de frente e dispor-se a
solucioná-la, extirpando esse estado de degradação e marasmo que macula-nos o status de civilização. Impõe-se-nos
olharmos com mais amor e atenção aos desvalidos, concretizando esse amor na
tentativa de abrandar-lhes a carência de alimentos e escolas. Maus-tratos não
têm o poder de regenerar, senão deformar caracteres. Ignorar os fatos não anula
sua existência. Somente pela educação e pela conscientização política, social e
espiritual lograremos resultados satisfatórios – a longo prazo, é certo, mas
irrevogáveis.
A
Doutrina Espírita adverte-nos: nada acontece casualmente. As dores, as
dificuldades e os sofrimentos não se adjetivam como gratuitos, mas se
constituem sob a tutela da necessidade de aprendizado e resgate, posto que
assim aguçam-se, no Espírito em prova, a inteligência e o raciocínio no afã de
extinguir tais situações aflitivas.
Além
do mais, somos todos nós devedores uns dos outros, o que nos impele de
participar com a nossa quota de contribuição no reduzir da dor alheia.
Os
garotos que repletam os logradouros públicos são, portanto, em grande parcela, órfãos de pais vivos.
Mas não apenas o são
estes que rogam a caridade aos transeuntes, como também os há largados nos
próprios lares, aprisionados pelo “conforto” da civilização, sufocados pela
abundância das mesas e desidratados na aridez dos seus quartos confortáveis.
São
também órfãos de pais vivos os
destituídos do carinho, do amor e da atenção dos seus genitores que, envoltos
pelas “responsabilidades profissionais e sociais”, abandonam-nos entregues à
própria sorte sob o escudo da opulência.
Somos
os pais os responsáveis pelo desenvolvimento intelectual, moral e espiritual de
nossos filhos que, na verdade, são espíritos imortais; e nos serão cobrados
todo o mal realizado e todo o bem não viabilizado.
Semeando-se
ausência, colhe-se o desprezo, a omissão, o desgoverno; a carência afetiva, os
vícios...
fonte:Bioética - uma contribuição espírita.
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