a1% da população global detém mesma riqueza
dos 99% restantes, diz estudo;
b.
A fortuna das 62 pessoas mais ricas do mundo
equivale a dinheiro de metade da humanidade;
c.
O contingente de 1% dos brasileiros mais
ricos ainda ganha quase cem vezes dos que os 10% mais pobres;
d.
A renda média é de R$235,00 para os 8,6
milhões de trabalhadores brasileiros mais pobres, contra R$20.312,00 entre os
864 mil no topo da pirâmide;
e.
O trabalho infantil atinge meio milhão de
crianças com idades entre 5 a 13 anos. A maior parte trabalha na atividade
agrícola (63,8%) ganhando em média R$178,00/mês. Porém a grande parte não é
remunerada;
f.
5,9% da quantidade de brasileiros vivem em
situação de extrema pobreza (2013), classificação para alguém que vive com
US$1,25/dia;
g.
O analfabetismo ainda atinge 13 milhões de
brasileiros, ou seja, 8,3% da população;
h.
Um quarto dos trabalhadores brasileiros
(25,7) não têm ensino fundamental completo e 7% não têm qualquer instrução;
i.
28.800 pessoas morrem diariamente de fome no
mundo;
j.
Os supersalários comparáveis ao salário
mínimo de R$880,00. Não são só isso...
Todos esses fatos são
geradores de desigualdades sociais? Ou são apenas projeções da inveja humana?
Para o economista e
professor titular da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, José
Márcio Camargo, não existe desigualdade. Para ele, “desigualdade é inveja”,(saiba mais) assim ele ensina aos seus alunos. É bom
lembrar que a inveja (do latim invidia) 'é o desejo exagerado por
posses, status, habilidades e tudo que outra pessoa tem e consegue. É
considerada "pecado" porque uma pessoa invejosa ignora suas próprias bênçãos e
prioriza o status de outra pessoa no lugar do próprio crescimento espiritual. É
tida como um dos “pecados capitais” pela dogmática católica,
Quando se fala em
desigualdade é comum se fixar apenas nas questões da pobreza, problema que
afeta a maioria dos países do Planeta. Quando se reporta à desigualdade social,
a questão se torna mais ampla e alcança vários tipos de desigualdades:
escolaridade, renda, gênero, oportunidade, resultado, etc. Portanto, a
desigualdade social se verifica em países não desenvolvidos. O Brasil é um dos
países mais desiguais do mundo e a desigualdade social é o seu cartão de
visita.
Historiadores apontam
que as desigualdades no Brasil remontam desde o Brasil colônia pré-1930, e se
equilibra em três pilares: a influência
ibérica, os padrões de posse de latifúndios e a escravidão. As opiniões
mais modernas diversificam um pouco das apresentadas.
O posicionamento
adotado pelo personagem que provocou esta crônica faz parte daquele grupo que
defende a meritocracia, partindo da igualdade de oportunidades. A meritocracia é
hoje uma das mais poderosas ideologias do Brasil e corresponde a uma visão
liberal do mundo e tem a sua gênese nos detentores das riquezas. A meritocracia
tem como coluna central o esforço ou aptidão, o empenho e o valor, o
merecimento. Esquecem-se, portanto, que é impossível haver meritocracia com
níveis extremos de desigualdades social e oportunidade. Finda que, igualdade de
oportunidade é bem diferente de igualdade social. Denunciante paradoxo! Na
realidade, não se pode tratar as desigualdade sociais de maneiras sofista como
a do emérito professor.
O Espiritismo explica
facilmente a questão das desigualdades sociais com a teoria da reencarnação. As
dificuldades que enfrentamos na vida presente decorrem de atos da vida
pretérita. Isso é fato. Todavia, há de se entender que essas questões se aprofundam
na Terra pela prevalência do egoísmo humano, com as políticas públicas
dinamizadas de forma arbitrárias e ambiciosas sem a preocupação com os menos
afortunados na Terra.
Leia-se o que aponta O Livro dos Espíritos, na questão nº
806:
“A
desigualdade das condições sociais é uma lei natural?
-
Não; é obra do homem e não de Deus.”
Na sequência do
raciocínio de Kardec, os Espíritos Reveladores afirmam que as desigualdades
sociais desaparecerão um dia da Terra juntamente com a predominância do orgulho
e do egoísmo, restando somente a desigualdade do mérito, pois somente o
Espírito é mais ou menos puro, e não o sangue, cor, condição social, etnia.
Para aqueles que abusam da superioridade da condição social para oprimir o
pobre e fraco, nascerão em condições que sofrerão tudo o que fizeram sofrer.
O Espiritismo deixa
claro no Cap. XVI, de O Evangelho Segundo
o Espiritismo, itens 8, 9, 10, quando trata das “Desigualdades das
Riquezas”, ante a impossibilidade de todos serem ricos, em decorrência de todos
não serem igualmente inteligentes, ativos
e laboriosos para adquirir, nem sóbrios e previdentes para conservar. E
consolidam o pensamento da seguinte forma: “A
pobreza é, para os que a sofrem, a prova da paciência e da resignação, e a
riqueza é, para os outros, a prova da caridade e da abnegação.”
De toda a sorte, o
nobre economista foi assertivo em parte, quando analisamos a sua exposição
quanto aos condicionantes da vida futura. Para isso, reportem-se à parábola do
“Rico e Lázaro” (Lc, 16:19-31), que relata a vida de um certo homem rico que
desfrutava de todos os prazeres da materialidade, e da existência de um mendigo
que jazia à sua porta cheio de chagas a alimentar-se de migalhas que caíam da
mesa do rico. Morrendo os dois, ao chegarem ao seio de Abraão, o mendigo gozava
de situação privilegiada no mundo dos Espíritos, enquanto Lázaro, tocado de
“inveja”, em situação de sofrimento, rogava a Abraão para que pudesse retornar
à Terra no intuito de alertar aos seus irmãos da realidade da vida espiritual.
Abraão finaliza o diálogo com o rico, afirmando: “Se não ouvem a Moisés e aos profetas, também poucos acreditarão, ainda
que poucos algum dos mortos volte à vida.”
Jesus condena a
desigualdade social quando afirma que “felizes os aflitos que serão
consolados.”
O exemplo do
evangelista é representativo para demonstrar que a meritocracia espírita
fundamenta-se nos quesitos morais, como explicita a questão nº 100 de O Livro dos Espíritos – Escala Espírita.
A meritocracia em uma sociedade dita democrática, por mais que os indivíduos se
esforcem para competir, as oportunidades estão longe de ser iguais. No contexto
espírita os Espíritos têm o mesmo ponto de partida – simples e ignorantes – e
as oportunidades se multiplicam em felicidades ou desditas fruto do uso do
livre-arbítrio, contudo, o resultado é possível para todos, embora o tempo de
duração varie, é a plenitude espiritual ou a realização íntima do reino dos
Céus.
Tendo a reencarnação
como paradigma da justiça divina e o amor como requinte dos sentimentos, a Doutrina
Espírita presente a caridade, o amor e a justiça, tornará o mundo mais equânime
onde o homem não verá o outro como um oponente, mas sim um irmão de jornada
terrena onde os mais fortes auxiliam os mais fracos, os superiores terão a
consciência de um encarregado de almas, que amanhã, certamente, deverão às
mesmas obrigações.
O Espiritismo, com
certeza, cumprirá o desiderato de construir uma sociedade mais justa e fraterna
como anunciam os Espíritos Superiores.
Referências
KARDEC,
Allan. O evangelho segundo o Espiritismo. São Paulo: LAKE, 2000.
_________.
O livro dos Espíritos. São Paulo: LAKE, 2001.
a.
Caro amigo Jorge, tocante e provocativa missiva, simplesmente porque evoca a verdade, aquela verdade que liberta quando conhecida. A Terra é a casa de Deus, ninguém com capacidade de tomar-lhe o assento. Pobres miseráveis todos esses que se jactam de grandeza e expoliam quando lhes surgem à frente a oportunidade de construir. "Os que riem prantearão" já dizia Jesus. Os qua pranteam hoje são os que riram, é certo, mas precisam que os FUTUROS CHORÕES percebam que não é àqueles que atingem quando lhes apresentam a conta dos erros do passado, mas a si mesmos pela configuração que enfrentarão no porvir. Guardar os tesouros onde "as traças não corroem e os ladrões não roubam" é uma recomendação que nos mostra que a verdadeira riqueza não se contabiliza em somas, são aquelas que nos acompanham onde quer que formos. Agradeço demais essa provocação de hoje, certamente me ajudou a viver com mais intensidade o meu domingo. Roberto Caldas
ResponderExcluirCaro Caldas,
ResponderExcluirSuas reflexões são sempre produtivas e enriquecem nossos pensamentos. Acho que a riqueza da diversidade dos articulistas torna o "Canteiro de Ideias" cada dia mais doutrinário e consolidado no ideal que abraçamos. Grato por tudo.
Meu Caro Jorge Luiz, oportuno seu questionamentos, prefiro analisar a meritocracia pelo prisma da responsabilidade individual, e as desigualdades sociais pelo prisma da responsabilidade coletiva. Cada um terá o mérito proporcional ao seu próprio esforço, sem contudo deixar de ser responsável pela diminuição das desigualdades sociais, o que pode até parecer contraditório, mas que, na verdade, é mais consentâneo com a Justiça Divina. Parabéns pela abordagem!
ResponderExcluirCaro Castro,
ResponderExcluirOportunos seus comentários. Acho que devemos empreender uma campanha para que nossos leitores contribuam com comentários, sugestões e até mesmo críticas, pois o feedback proporciona o enriquecimento do blog. Aliás, Castro, sentimos falta da participação dos espíritas de outros países.