O Espiritismo bem que poderia ter como um dos seus codinomes Doutrina do
Destemor. E uma justificativa para tal denominação seria a sua enorme vocação
para o esclarecimento das pessoas quanto aos conceitos que historicamente
estabeleceram padrões e impedimentos ao livre exercício do pensamento, mercê dos
receios descabidos em torno das crenças consideradas espirituais.
Começando pela clareza que projeta o
gráfico da vida na Terra passando naturalmente pela morte. Nesse quesito a
Doutrina do Destemor abre a mente das pessoas à compreensão desse fenômeno, não
apenas natural como necessário ao processo de equilíbrio planetário e evolutivo
dos seres encarnados. Explica com lógica racional a existência de um mundo espiritual,
concreto e palpável aos seus habitantes, baseando cientificamente a existência
de planos invisíveis aos olhos terrenos, mas absolutamente reais, onde o dito
morto pode repensar a existência então finalizada. É essa visão que prodigaliza
uma reviravolta esclarecedora na expectativa após a morte. Acaba com a idéia de
regiões fixas, cuja teologia clássica indica se tratar do céu e do inferno, repletas
de delícias enfadonhas ou de sofrimentos demasiado cruéis para serem
acreditados.
A conseqüência maior de tornar a
morte algo natural, a qual não altera a capacidade individual de cada Espírito,
é que de imediato deixa de existir outro temor que corrói as entranhas da
grande maioria dos crentes. A Doutrina do Destemor anuncia um Deus que não
pune, ao contrário permite sempre uma nova oportunidade de continuar-se vivo,
desfazendo a necessidade de temê-LO, além de desmistificar de uma vez por todas
a crença no Demônio, figura mitológica que tem assombrado as inteligências
humanas que lhe creditam alternância de forças com o poder Divino. Se Deus
Soberanamente Justo e Bom não pune com a eternidade de sofrimentos e se o mal
personificado por Satanás não passa de um estágio de imperfeições a ser vencido
na escalada ao progresso de todos os Espíritos, então o que há de se temer?
Exatamente. Nada.
A Doutrina Espírita quebra o ciclo
de ansiedade gerado pelas antigas teologias religiosas cristãs que, segundo Allan
Kardec em O Céu e O Inferno, conseguem ser mais cruéis que a própria visão pagã,
quando consideradas as penas que imputam aos considerados infiéis depois da
morte do corpo físico.
Deus, “A Inteligência Suprema e Causa Primária de todas as coisas”, que
criou os princípios inteligentes do Universo simples e ignorantes para se
tornarem inexoravelmente Espíritos bem aventurados ou Espíritos Puros,
determinou que a morte fosse apenas o esgotamento dos órgãos do corpo físico,
com retorno do ser espiritual ao mundo normal primitivo, em idas e vindas sem
conta.
Precisamos estar atentos à mensagem
esclarecedora que temos em mãos. É urgente que se divulgue a tranqüilidade e as
bênçãos que essa Doutrina dispõe a favor dos homens da Terra. O esclarecimento livra
dos medos que geram enganos. Livres dos enganos nos tornamos aptos para
compreender a dimensão da eternidade com Deus. Destemidamente.
¹ editorial
do programa Antena Espírita de 07.11.2016
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