Nenhuma casa espírita, pelo menos em nosso
país, recebe qualquer subvenção, seja do governo ou de organizações, do Brasil
ou do exterior, portanto, devem ser mantidas pelos esforços de seus próprios
trabalhadores. Aproveitamos para tratar desse assunto, por que, assim,
poderemos ajudar os dirigentes das casas espíritas na programação do ano que se
avizinha.
Vejamos, o objetivo principal de uma casa
espírita é estudar, divulgar e praticar a Doutrina Espírita, subsidiariamente,
prestar o concurso moral e material a
todos aqueles que a procuram. No entanto, como nos diz o Codificador da
doutrina, em página lapidar registrada no livro Obras Póstumas, falando sobre
as “vias e meios”: “È de lastimar, sem dúvida, que tenhamos de entrar em
considerações de ordem material, para alcançarmos um objetivo todo espiritual”.
A ordem material a que se refere Allan Kardec
é a ordem financeira, infelizmente, nos dias de hoje, o dinheiro ainda é a mola
central capaz de alavancar as atividades das instituições e, quanto a isso,
devemos recordar essas palavras do Codificador: “Para alguém fazer qualquer
coisa de sério, tem que se submeter às necessidades impostas pelos costumes da
época em que vive e essas necessidades são muito diversas das dos tempos
patriarcais”.
Ninguém duvida da seriedade dos trabalhos que
são realizados pelas casas espíritas, daí ser muito importante e até imperioso,
antes de se iniciar qualquer obra, seja de assistência social ou a fundação de
um Centro Espírita, que se possa contar com um grupo de pessoas dispostas a
assumir a responsabilidade pela sua manutenção, e que vai assegurar a
continuidade da obra, essas pessoas que se podem chamar de mantenedores, devem
ser previamente cientificados dos valores mensais que deverão desembolsar, para
depois não se verem surpreendidos se for necessário contribuir com valores
acima das suas reais possibilidades.
Como nos diz Allan Kardec, ainda naquele
mesmo capítulo de obras póstumas: “Assentar despesas permanentes e regulares
sobre recursos eventuais, implicaria falta de previdência, que mais tarde se
haveria de deplorar”, os grifos são meus.
Conhecemos alguns companheiros que, sem
esconder a modéstia, orgulham-se de sair por aí a fundar obras em nome da
doutrina, sem demonstrarem a menor preocupação com a sua manutenção ou
continuidade. Fato ainda mais grave se observa naqueles que acham que tudo na
casa espírita deve ser oferecido sem qualquer ressarcimento, até os livros
espíritas devem ser dados gratuitamente ou vendidos a preços simbólicos.
Para esses, lembramos uma comunicação
registrada em Obras Póstumas, sob o título “Publicações Espíritas”, em que o
Espírito, dentre outras coisas, diz o seguinte: “Pretender dar uma coisa a
preços impossíveis, sem prejuízo, é ocultar especulação. Fazer ainda mais: Dar de
graça a título de excesso de zelo, a título de brinde, todos os elementos de
uma doutrina sublime é o cúmulo da hipocrisia. Espíritas, tomai cuidado!” Essa
mensagem, embora se refira, especificamente, ao caso de doação ou de venda de
livros a preços inferiores ao custo, pode perfeitamente ser estendida para
outras áreas.
É bom que fique bem claro, não estamos aqui
justificando ou sugerindo que as casas espíritas implantem um sistema de
cobrança pela fluidificação de águas, aplicação de passes, pelo labor dos
médiuns nas reuniões de assistência espiritual, ou pela assistência aos
necessitados, o que seria um verdadeiro absurdo. Nosso real objetivo é
demonstrar que devemos dar de graça, o que de graça foi recebido.
Dirigentes previdentes devem procurar saber de
quanto precisam e em que vão aplicar os recursos, para isso devem fazer um
rigoroso levantamento de todas as despesas mensais da instituição: Aluguel,
taxa de condomínio, água e esgoto, luz, telefone, garrafões de água, copos
descartáveis, material de limpeza, material de manutenção e reparos, impostos e
taxas, salários e encargos (Caso tenha empregados remunerados) e mais um
percentual (5 a 10% das despesas) para cobrir quaisquer eventualidades. A
partir desse orçamento tais dirigentes devem planejar como poderão obter os
recursos necessários.
A título de exemplo, as despesas com manuais
e apostilas, cópias xerox, lanches e refeições, aluguel de facilidades como
projetor multimídia, cadeiras, pratos e talheres, etc. devem ser ressarcidos
através da cobrança de uma taxa daqueles que utilizarem esses serviços.
As demais despesas devem ser cobertas pelas
mensalidades do grupo mantenedor e por outras receitas, com a da venda de
livros espíritas, cd’s, dvd’s; e outras contribuições. Deve-se, no entanto,
evitar movimentos arrecadatórios que envolvam jogos e rifas. A realização de
chás ou almoços e jantares, em casas ou sítios de companheiros, pode ser uma
boa fonte de arrecadação e ótimas oportunidades de congraçamento.
Finalizamos, com essas palavras de Allan
Kardec (Viagens Espíritas em 1862 – Casa Editora O Clarim – 2ª edição em língua
portuguesa, pág. 52): “É evidente que não se pode considerar uma exploração a
mensalidade que se paga a uma sociedade, para que enfrente as despesas de sua
manutenção. Outrossim, a mais vulgar equidade diz que não se pode impor esse
gasto a pessoas que não dispõem de possibilidades financeiras ou de tempo de
frequência contínua como associados. [...] Uma entidade espírita deve prover às
suas necessidades; ela deve dividir entre todos as suas despesas e nunca
lançá-las nos ombros de um só. Isto é justo, e não existe neste critério nem
exploração, nem especulação.” Os grifos são meus.
Caro Castro, oportuna abordagem; sempre oportuna. Se os espíritas ouvissem Kardec e os Espíritos Reveladores, evitariam muitos reveses que as casas espíritas e os espíritas, como movimento, enfrentam e enfrentarão. Parabéns, amigo!
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