Vivemos tempos de incertezas. O que parece
não é. O que é nem sempre parece. Olhamos o outro sem saber exatamente o que
procurar. Buscamos a resposta e resposta não há. As informações bombardeiam as
nossas mentes e as notícias dão a dimensão de vivermos o inusitado. De repente,
a Pátria do cruzeiro se transforma num barril de pólvora, cuja explosão não
tarda, tomada por uma trama transcrita de uma esquizofrênica mente social, cuja
teia começou a ser tecida desde que se decidiu trocar espelho por ouro, numa
fraudulenta atitude de engodo ao inocente habitante das terras de Santa Cruz.
Ambição,
desfaçatez, escárnio, desvalorização da ética, um molho apimentado pelo
desafortunado espírito de egoísmo e despreparo moral. Essa a massa crítica que
representa a elite política que ocupa os espaços públicos que nos representa
nos três poderes da república tupiniquim. Homens e mulheres que montam um ser
mitológico de muitas cabeças e uma só sentença, um discurso bisonho destituído
de verdade e uma trágica incapacidade de vasculhar a consciência, essa
escondida a sete cofres em algum paraíso fiscal.
Como
povo, temos o que merecemos, e nada a lamentar. Recebemos o que doamos, essa é
a lei e dela é impossível fugir. Podemos, no entanto transformar esse panorama.
Quando
Jesus asseverou que havia o espaço de César e a cidadela de Deus (Mateus XXII;
21) nos conclamava à compreensão de algo mais profundo para a meditação da
época e da posteridade. Destacava a existência de dois mundos, cujas moedas bem
definidas determinavam a serviço de quem estamos na Terra. Servir a Deus ou a
Mamon (Mateus VI; 24), optar pelo “sim sim, não não” (Mateus V; 37). Em
contrapartida adverte que aqueles que sorriem chorarão (Lucas VI; 25).
Pobres
sonâmbulos esses que trafegam pela existência como se fossem seus donos
enquanto não passam de prisioneiros dos próprios egos. Viajam sem amigos e
apenas conseguem comprar, com valores furtados da saúde e da educação dos
desafortunados sociais, a cumplicidade duvidosa sem jamais dormirem uma noite
sequer sem o pesadelo da própria monstruosidade que os aterroriza. Precisam de
piedade, habitantes das mais fétidas sarjetas dos subterrâneos da desdita.
Despertemos
Jesus em nossos corações, quando visitados pelas patéticas imagens dos
embriagados pelo poder. É possível que em outras épocas tenhamos sido tragados
pela irreflexão tanto quanto eles agora o são. Impeçamos que a nossa harmonia
interior se desassocie da revolta que enceguece e o nosso olhar se direcione
para uma solução que esteja sob nosso controle produzir. Certamente não temos a
capacidade de alterar o todo que nos cerca, mas a atitude pessoal que nos
suplica empenho está na dependência de uma decisão que não deve ser postergada
enquanto aguardamos a mudança que provém dos outros, numa perda de
oportunidades que nos faz autênticos merecedores desse show de horrores como os
que acompanhamos diariamente pelos noticiários, acerca de nossa conjuntura
social, política e humana. O mestre vai nos reportar ao senso que equilibra a
mente e evita a loucura recomendando-nos sem delongas a olhar para dentro da
própria alma, nos levando a certeza de que ofende-se a si mesmo quando se
deseja ofender a outrem.
¹ editorial do programa Antena Espírita de 12.12.2016.
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Caro Caldas, belíssimo editorial. Há momentos que a virilidade é necessária na escrita espírita. O Apóstolo Paulo, escrevendo aos Romanos, atestou que não nos conformássemos com este mundo, mas o transformássemos pela renovação da mente(conhecimento). E é isso que o seu artigo busca. Parabéns!
ResponderExcluirPrezado Jorge, precisamos a todo momento exercitar a crítica que intenta construir, mesmo que nem sempre o verbo pareça suave. A perseguição da mensagem de Jesus é um objetivo que não pode ser deixado encoberto pelo receio de refletir a realidade. Jesus não é um mito que escondeu palavras pelo receio de da adversidade, antes é uma realidade que não se furtou em comprometer-se com os próprios ideais. Roberto Caldas
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