sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

EXPIAÇÕES COLETIVAS




Foto dos destroços do acidente com a aeronave que transportava o time da Chapecoense



Embainha a tua espada, pois todos os que lançarem mão da espada à espada perecerão.”
(Jesus – Mt, 26:52)

“Deus tem as suas leis, que regulam todas as vossas ações. Se as violardes, a culpa é vossa. (...) Mas ele traçou um limite, as doenças e por vezes a morte são consequências dos excessos. Eis a punição: ela resulta da infração da lei: assim se passa em tudo.”
(O Livro dos Espíritos, questão nº 964)


O mundo e o Brasil foram surpreendidos por mais uma tragédia aeroviária com a queda da aeronave que transportava a delegação da Chapecoense, do Estado de Santa Catarina, time brasileiro que disputaria o primeiro jogo da decisão título da Copa Sul-Americana de Futebol, com o Nacional de Medelin, na Colômbia e que culminou com a morte de 71 passageiros e 6 feridos. A aeronave transportava jornalistas, dirigentes, comissão técnica e tripulação. A maioria dos mortos são jogadores e integrantes da comissão técnica da equipe de futebol.
Situações da espécie são sempre fontes dos porquês. Partindo sempre da compreensão de um Deus de amor, justiça e bondade, há de se admitir que deve existir uma causa.
O Espírito Emmanuel, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier assinala que “cada sofrimento é uma sombra que se estende ao passado e que volta ao presente a fim de que a transformes em luz.”  Sem a compreensão das vidas sucessivas é difícil se entender tais fatos e a vida se tornaria tremendo labirinto.

Tragédia do Circo em Niterói

Em novembro de 1961, ocorreu um incêndio de grandes proporções no Circo Norte- Americano, que provocou as desencarnações de 503 expectadores.
Em Cartas e Crônicas(saiba mais - cap. 6) o Espírito Irmão X, recua no tempo, precisamente no ano de 177 quando foram lançados na arena e ateado fogo mais de mil cristãos, juntos com cavalos velhos e deixando apenas passagens estreitas que favoreciam à fuga dos mais fortes.
Leia-se como conclui o relato o Espírito Irmão X:
“Quase dezoito séculos passaram e sobre o tenebroso acontecimento... Entretanto, a justiça da Lei, através da reencarnação, aproximou todos os responsáveis, que em diversas posições de idade física, se reuniram de novo para dolorosa expiação, a 17 de dezembro de 1961, na cidade brasileira de Niterói, em comovedora tragédia num circo.”

Expiações coletivas

O Espírito Clélia Duplantier, explica que o Espírito encarnado responde pelas faltas individuais, as da família, as da nação; e cada uma, qualquer que seja o seu caráter, se expia em virtude da mesma lei. Nos casos de crimes cometidos solidariamente por um certo número de pessoas, como no caso acima, as expiações também serão solidárias, o que não suprime a expiação simultânea das faltas individuais.
O Espírito Emmanuel, na questão nº 250 da obra O Consolador, responde:
“Como se processa a provação coletiva?
- Na provação coletiva verifica-se a convocação dos Espíritos encarnados, participantes do mesmo débito, com referência ao passado delituoso e obscuro. (...) razão por que, muitas vezes, intitulais “doloroso acaso” às circunstâncias que reúnem as criaturas mais díspares no mesmo acidente, que lhes ocasiona a morte do corpo físico ou as mais variadas mutilações, no quadro dos seus compromissos individuais.”

Os propósitos divinos

Em O Livro dos Espíritos – Lei de Destruição – Allan Kardec faz uma análise desses acontecimentos e interroga aos Espíritos Reveladores sobre os propósitos divinos com essas tragédias coletivas. Os Benfeitores espirituais respondem que servem para o progresso da Humanidade, da mesma forma como acontecem com os fenômenos naturais, epidemias, tsunamis, etc. Exemplo prático dessa consideração dos Espíritos é a teia de solidariedade que se forma em decorrência dessas tragédias, favorecendo e estimulando a vivência entre os povos dos princípios de caridade, fraternidade e a solidariedade que assegurarão no futuro o bem estar moral.
No caso em comento, não seria um sinal ante as nuvens pesadas que pairam sobre o Brasil, provocadas pelas crises, ética, política e econômica?
Não há inocentes nesse tipo de tragédia, bem como nos flagelos naturais, atestam os Espíritos. A Lei de Causa e Efeito estabelece não só os parâmetros para essas desencarnações como também das técnicas que induzem os indivíduos a esses resgates calamitosos.
Na questão nº 738-b, de O Livro dos Espíritos, os Benfeitores da humanidade de forma consoladora e racional, afirmam:
- Se considerássemos a vida no que ela é, e quanto é insignificante em relação ao infinito, menos importância lhe daríamos. Essas vítimas terão noutra existência uma larga compensação para os seus sofrimentos, se souberem suportar sem lamentar.”

O fulcro da Lei


O Espírito André Luiz, na obra Evolução em Dois Mundos ensina que dentre os Centros Vitais (Centros de Forças) que compõem o Perispírito, identifica-se o centro coronário, localizado na região central do cérebro, sede da mente, centro que assimila os estímulos do Plano Superior. Ele orienta toda a dinâmica do metabolismo orgânico e a vida consciencial da alma encarnada ou desencarnada nas cintas de aprendizado que lhe corresponde no abrigo planetário.
Ora, se sabe que o perispírito tem toda a sua estrutura eletromagnética, relacionando-se com o magnetismo e eletricidade. O Espírito Emmanuel, na obra Pensamento e Vida explica que: “A eletricidade é energia dinâmica. O magnetismo é energia estática. O pensamento é força eletromagnética.”  Conjugando-se em todas as manifestações da vida universal, criam a gravitação e afinidade, assimilação e desassimilação, nos campos múltiplos da forma que servem à romagem do Espírito para as metas, traçadas pelo Plano Divino, sempre sobre a égide da vontade (livre-arbítrio).
Toda essa energia se torna coesa, construída pela lei de causa e efeito, em um processo mais ou menos mecânico comparável à famosa lei de Newton de que “para cada ação há uma reação igual e oposta”. O Centro Coronário de cada indivíduo é o ponto de interação entre as forças determinantes do Espírito e as forças fisiopsicossomáticas organizadas. Nessas tragédias, a conexão dessas forças formam um campo energético vinculado ao Plano Superior que se pode chamar de “alma coletiva” (1) , como bem descreve André Luiz na obra citada: “A mente elabora as criações que lhe fluem da vontade, apropriando-se dos elementos que a circundam, e o centro coronário incumbe-se automaticamente de fixar a natureza da responsabilidade que lhes diga respeito, marcando no próprio ser as consequências felizes ou infelizes de sua movimentação consciencial no campo do destino.”  Não há como usurpar a Lei. É como adverte Kardec: “Quer a morte se verifique por um flagelo ou causa ordinária, não se pode escapar a ela quando soa a hora da partida: a única diferença é que no primeiro caso parte um grande número ao mesmo tempo.”

A nova geração

A nova geração, para muitos transição planetária, foi tratada por Allan Kardec em A Gênese, (saiba mais - cap 18) oportunidade em que ele adverte sobre a transição que se opera, quando os elementos das duas gerações se confundem. As disposições morais são a “pedra de toque” dessas gerações; a que parte e a que chega. A nova geração deverá fundar a era do progresso moral, expurgando da terra a propensão instintiva às paixões degradantes, aos sentimentos antifraternos do egoísmo, do orgulho, da inveja, do ciúme; enfim, a preferência a favor de tudo quanto é material: a sensualidade, a cupidez, a avareza.
No tocante às mortes coletivas, Kardec afirma: “As grandes partidas coletivas não só têm como finalidade ativar as saídas, mas transformar mais rapidamente o espírito da massa, desembaraçando-a das más influências, e dar mais ascendência às ideias novas.” Muito Espíritos, embora maduros para tal transformação, partem para se retemperar numa fonte mais segura. Permanecendo aqui no mesmo meio e sob as mesmas influências, teriam persistido em suas opiniões nas maneiras de verem as coisas. Uma temporada no mundo dos Espíritos lhes é o suficiente para enxergarem o que não enxergariam estando na Terra.

Desastre e desencarnação

É sabido que no Plano Espiritual tem amigos espirituais abnegados e valorosos que amparam os desencarnados, principalmente em tragédias coletivas. O Espírito André Luiz, na obra Ação e Reação, (saiba mais - cap. 18) relata o socorro prestado a um acidente aéreo com quatorze vítimas. O que lhe surpreende, no entanto, é que o auxílio rogado foi apenas para seis dos desencarnados. Indagado, o mentor espiritual explicou: “- O socorro no avião sinistrado é distribuído indistintamente, contudo, não podemos esquecer que se o desastre é para todos os que tombaram, a morte é diferente para cada um. No momento serão retirados da carne tão-somente aqueles cuja vida interior lhes outorga a imediata liberação.”
A desencarnação é uma experiência individual, solitária e marcada pelos atos distribuídos na vida corpórea.

São tantas as dores e lágrimas que é impossível falar sobre elas. Dores de mães, pais, irmãos, esposos e esposas, amigos, enfim...

É natural, entretanto, que os órgãos que regulam os meios de transportes busquem de forma técnica e científica a responsabilidade pelos causadores desses eventos, até para que se possa diminuir os risco de que outros aconteçam. Ouve-se especialistas, constrói-se os meios de transporte mais avançados e seguros, capacita-se o homem para as viagens siderais, contudo, a Lei de Causa e Efeito é uma lei universal da Harmonia e só há uma forma de superá-la: O AMOR. Leia-se o que diz o Espírito Emmanuel na obra Diálogo dos Vivos: “Nos eventos difíceis, reverenciemos os princípios de causa e efeito que nos regem os destinos, mas não nos esqueçamos da lei de renovação em bases de amor aos semelhantes, capaz de superá-los.”


A consternação atinge a todos!


Muchas gracias, Colômbia! (2)





      (1)    a utilização do termo “alma coletiva” é uma forma didática para identificar esse “campo energético” que é formado pelas forças eletromagnéticas do perispírito, constituído pela sintonia e afinidade, cuja resultante é vetorial das repercussões do determinismo causal dos envolvidos na tragédia. Interessante notar, nesse contexto, os contratempos nos embarques, as desistências, o temor da viagem, os sonhos premonitórios.
Embora André Luiz não assinale, compartilhamos do pensamento do Dr. Paulo Beazorti, no Boletim Médico-Espírita nº 5 – Ciclo de Estudos da Obra Evolução em Dois Mundos - editado pela Associação Médico-Espírita de São Paulo, onde ele considera: “cremos que esse registro automático feito pelo centro coronário é responsável pelo tribunal interior consciencial que todos nós possuímos” André Luiz, em Ação e Reação torna esse compreensão mais sustentável, quando afirma: “(...) é indispensável atender à justiça, e a Justiça Divina está inelutavelmente ligada a nós, de vez que nenhuma felicidade ambiente será verdadeira felicidade em nós,, sem a implícita aprovação de nossa consciência.”
(2) agradecimento do piloto brasileiro, da primeira, das três aeronaves que transportaram os corpos dos nossos irmãos que ultrapassaram o portal do além-túmulo. Emocionante!


Referências:
BEAZORTI, Paulo. Boletim médico espírita nº 5.  São Paulo. AME-SP. 1997;
HANSON, V. & STEWART. R. Karma. São Paulo. Pensamento. 1981
KARDEC, Allan. A gênese. São Paulo. Lake. 2010;
_____________ Obras póstumas. Rio de Janeiro. FEB. 1987.
_____________O livro dos espíritos. São Paulo. Lake. 2000;
XAVIER, F. C.  Ação e reação. Rio de Janeiro. FEB. 1991
____________ Cartas e crônicas. Rio de Janeiro. FEB. 1996
____________ Evolução em dois mundos. Rio de Janeiro. FEB. 1991;
____________ O consolador. Brasília. FEB. 2009;
____________ Pensamento e vida. Brasília. FEB. 2013;
XAVIER. F.C. & PIRES, J. HERCULANO. Diálogo dos vivos.  São Paulo. Grupo Esp. Emmanuel S/C Editora. 2002.




4 comentários:

  1. Muito bom... texto bastante elucidativo. Oremos por todos que fazem parte desse episódio tão doloroso e que para tantos é totalmente incompreensível.

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  2. Regene,
    O Espiritismo, o Consolador Prometido por Jesus, explica de forma racional e lógica que não estamos entregues "às baratas".

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  3. SÓ ACHO que nós devemos ser atenciosos conosco mesmo. O ser humano faz coisas que acho que nem DEUS têm a ver... só ver estradas no Brasil e por aí vai!

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