Um estudo da Universidade de Birmingham, no
Reino Unido, descobriu que aqueles que viveram recentemente um quadro de luto
[1], especialmente idosos, podem passar por um processo de redução das funções
dos neutrófilos.[2] Mas apesar do peso do conhecimento científico sobre o
relacionamento entre luto e a doença física, os sintomas costumam ser
completamente inesperados.
Para Jessica Mitchell, gerente do serviço de
apoio telefônico da ONG Cruse Bereavement Care, as pessoas ficam bastante
assombradas com a notícia da morte de um parente e se sentem atormentadas
achando que há algo errado com elas. As pessoas realmente não entendem, porque
não se discute mais sobre a morte, explica Susan Hughes, da ONG Compassionate
Friends, que presta suporte aos familiares após a morte de crianças. [3]
A falta de compreensão do tema “morte e o
luto” reflete a dificuldade da sociedade em falar francamente sobre a
deserncarnação de alguém da família. Para alguns trata-se de um grande tabu. As
pessoas não querem nem ouvir ninguém falar sobre esse assunto.
Ora, em verdade o luto não é essencialmente
tão insuportável quanto se imagina. Sabe-se que grande parte dos enlutados
consegue suplantar bem a “perda” de um parente; entretanto por que razão
algumas pessoas não conseguem superar o trauma? Muitas pessoas atravessam anos
sobrevivendo como nos primeiros e mais complicados períodos do luto. Elas não
conseguem retomar a vida. Cultuam a dor, em uma espécie de luto crônico,
chamado pelos psiquiatras de “luto patológico” ou “luto complicado”. Nas mortes
traumáticas, como acidente, suicídio ou assassinato, pode haver uma fase de
negação mais prolongada; a culpa e a revolta podem aparecer com mais
intensidade.
Para alguns o luto pode provocar uma grave
crise doméstica, pois exige a tarefa de renúncia, de excluir e incluir alguns
papéis da cena familiar. Percebe-se então que existe aí uma confusão, pois essa
crise pode estancar o desenvolvimento dos parentes, fator que pode definir o
processo de um luto crônico coletivo.
É importante destacar aqui que o luto não
advém apenas pela morte de um ente querido. Há diferentes tipos de lutos, às
vezes mais intensos, que acontecem depois da perda de um objeto ou abandono
afetivo de alguém a que se tinha apego. É verdade! Muitos adoecem fisicamente,
totalmente apegados a algo, circunstância ou alguém. Eis aí a razão de suas
desditas e o entrave para a ascensão espiritual.
Talvez o grande preceito da vida, que
experimentamos severamente, é desapegarmos de coisas, situações e pessoas.
Obviamente desapegar não é desamar ou abater a valor do objeto, da coisa, mas
compreender e acolher o fato da transitoriedade das circunstâncias, dos objetos
e pessoas. É importantíssimo irmos desapegando do passado remoto ou recente e
sintonizarmos as emoções no presente, sobretudo naquilo que é essencial dentre
as coisas e pessoas.
O Espiritismo nos esclarece bem sobre a
imortalidade. Jesus, há dois mil anos, reafirmou a realidade da sobrevivência
do espírito após a morte e a continuidade da vida em outras dimensões. Por
isso, alivia-nos os corações sofridos no luto pelas grandes “perdas”, seja pela
visita da desencarnação, seja pelo abandono de alguém querido, seja pela perda
de ilusórios haveres ou de posição social. Tudo passa! Até mesmo o luto.
Referências:
[1] Luto [do latim luctu] – 1.
Sentimento de pesar ou de dor pela morte de alguém. 2. A exteriorização do
referido sentimento ou o tempo de sua duração. 3. Consternação, tristeza.
[2] A parte mais abundante dos
glóbulos brancos do sangue, responsáveis por combater bactérias como a da
pneumonia
[3] Disponível em
http://www.bbc.com/portuguese/geral-37030767. Acessão 08/12/2016
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