Uma pena. Sempre é triste quando percebemos
que áreas que deviam ser protegidas, pelo conhecimento e pela meditação, são
invadidas por pretensos intelectuais que por conhecerem muito de muitas coisas
acreditam que podem se jactar em conhecer tudo.
Vivemos
no Brasil uma situação singular. Do clamor da população surgem movimentos
legítimos que exigem a adoção de medidas de toda ordem para a proteção da
harmonia da sociedade, desde a exigência da decência por parte dos homens
públicos – o mais difícil dos preitos – até as inusitadas e justas conclamações
em direção à vida dos animais e manutenção da flora silvestre e urbana.
Seguramente, como a espécie que tem em mãos a capacidade de operar em direção a
todas as outras, nada de equivocado que dirijamos a nossa atenção em nessa
direção.
Pasmem.
As mesmas pessoas que, chamadas a opinar sobre todas as sortes de agressões aos
bens ecológicos, se posicionam contra o agressor e lhes penalizam a ação,
quando convidadas a opinar a respeito do ABORTO, penalizam a vítima e inocentam
os algozes. Quando o motivo da violência é um embrião/feto de até 12 semanas,
não tem problemas, pode matar. Se fosse um animal que fosse agredido certamente
não seria essa a conclusão (e fique claro que também discordamos que se agrida
aos animais).
Isso
já foi dito e merece ser repetido até que nos alcance a fadiga: não cabe ao ser
humano legislar sobre a vida. A vida um bem que apenas se recebe sem que nada
tenhamos feito nessa direção. O mesmo se prenuncia quanto a decidir se ela
continua ou não, sendo a morte uma parte do seu ciclo. Todas as leis que
liberam quanto a pretensos direitos de impedir a vida ou infringir a morte
torna assassinos todas as pessoas que se envolvam em sua confecção. Não importa
qual dos poderes constituídos pelas constituições humanas e quão grandes essas
pessoas se percebam diante do status social e político.
De uma vez por todas deveríamos compreender
que as leis humanas são ferramentas de grande importância para dimensionar o
trânsito das pessoas entre si garantindo a todos uma universalidade de direitos
e deveres que permita uma convivência o mais pacífica possível entre os pares.
A consequência disso é a criação de uma norma que intercede em conflitos e
estabelece critérios de comportamento a serem adotados sob pena de punição,
reservado o direito de defesa ao acusado. Decidem quanto ao comportamento
admitido na sociedade, jamais sobre o direito de viver ou não de quem quer que
seja, pois invadir essa seara, a qual já foi muitas vezes invadida em torno do
mundo, é infração que nenhuma excelência humana tem a envergadura de mensurar.
Eis o que trata a questão 360 de O Livro dos
espíritos, a respeito do assunto: “E racional ter pelos fetos o mesmo respeito
que se tem pelo corpo de uma criança que tivesse vivido? Em tudo isto vede a
vontade de Deus e a sua obra, e não trateis levianamente as coisas que deveis
respeitar. Por que não respeitar as obras da criação, que, às vezes, são incompletas
pela vontade do Criador? Isso pertence aos seus desígnios, que ninguém é
chamado a julgar”. Fica o apelo pelo bom senso, até para que o nome de Deus,
que é citado no início das sessões desses tribunais que decidem tais
cometimentos, seja honrado. Precisamos lutar pela vida, O aborto como o maior
dos crimes não pode ser considerado um direito, apenas vetado.
*Ver as primeiras letras do título.
Caro Caldas, a realidade é que o Brasil, especificamente, vive um estado de anomia. O cidadão está à mercê de jogatinas dos poderes, e nisso, a realidade do Ser perde referência e valores. Somente uma guinada moral, difícil de ocorrer em curto tempo pois sabemos que a evolução não dá salto, para modificar o atual panorama. A sociedade tem que reagir, náufragos que estamos, para ver se alcançaremos terra firme. Gosto quando segue essa linha, já te falei. Parabéns!
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