Antena Espírita volta ao ar e, depois desse
período de paralisação que obedeceu ao planejamento da emissora que lhe faculta
voz há quase 11 anos, saúda o novo ano que inicia. 2017 é o ano que surge como
um sol a iluminar longo túnel de difícil passagem.
Segundo
o saudoso poeta Carlos Drummond de Andrade se não houvesse hiatos para dividir
em períodos o total de dias de uma existência a ideia de continuidade tornaria
a vida mais difícil. É importante sentir que algo está terminando (o ano que
passou) e outro momento está começando (o ano seguinte). Por quê? Porque
precisamos fazer planos de mudança, fechar balancetes, avaliar estratégias,
reciclar, definir metas, repensar o futuro.
Estamos convidados a mergulhar no otimismo
sem ingenuidade. Afinal um ano novo ainda traz as mazelas daquele que se foi.
Seria lamentável se acreditar que é possível sarar uma ferida oncológica
dispondo sobre ela um curativo descartável. Precisamos tirar da cartola o
otimismo responsável, que admite a gravidade das situações explicitamente
expostas, mas se dispõe a vê-las com um olhar que alcança além das aparências.
Estamos convidados a engrossar a fileira daqueles que buscam a preservação do
respeito à vida em todas as suas manifestações, dos que advogam a ética nos
múltiplos segmentos da sociedade, dos que adotam uma postura proativa diante da
mentira e da desonestidade.
O mesmo há de ocorrer em relação à eternidade
do Espírito. Cada encarnação é uma nova planificação, gera hiatos no longo
processo de evolução, cuja duração não nos compete definir por falta de alcance
para tal. Os inumeráveis retornos ao corpo físico tornam possível arrumar o
pensamento e focar em objetivos que cada existência nos apresenta. O fato de
estarmos presentes na Terra, em meio a tantos acontecimentos que agridem por
desnudarem a face ainda primitiva de um mundo em vias de regeneração, é uma
realidade crua do quanto ainda precisamos batalhar se quisermos aprender uma
nova lógica de convivência e fizermos por merecê-la.
O planeta passa por momentos de agonia e dor,
pelos diversos motivos que compõem a visão deteriorada da humanidade. A ambição
e o ódio parecem ganhar espaço gerando sofrimento por onde passam. A semente da
esperança, no entanto foi plantada há mais de dois mil anos por um homem que
simplesmente cantou a Paz. Além, muito além de todas as imperfeições que
caracterizam a nossa sociedade, a sua mensagem é um libelo que há de vencer o
mal em todas as suas faces obscuras, custe o tempo que for necessário.
Não é uma virada de ano que haverá de sanear
o ar que respiramos. Antes precisamos aprender qual o ar que queremos respirar.
Comprometer a nossa ação de cidadão e Espírito imortal, duas faces que se
confundem em cada encarnação, numa empreitada que valoriza os momentos da vida
social para o aprendizado que se impõe para a contabilidade espiritual. Viver
no corpo exige compreender a importância de cada tempo, ano após ano, na
captura de uma identidade. A esperança é uma atitude de confiar sem esperar.
Arregacemos as mangas para a construção de um mundo melhor. Que seja essa a
nossa destinação em 2017.
¹ editorial do programa Antena Espírita de 08.01.2017
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