“pensemos
se políticos e filósofos não deveriam
se
dispor à tarefa de ordenar o mundo com ideias
de
imparcialidade, insubornabilidade, liberdade,
igualdade,
por amor a esse sofrido contribuinte que,
por
conta de seu doloroso desembolso anual
e
mensal, bem merece receber em troca um
mundo
moralmente ordenado.”
(Adela
Cortina – Ética sem moral)
Sérgio de Alencastro Veiga Filho, bacharel em
composição musical, formado pela Universidade Federal de Goiás, com inserções
de abordagens do cotidiano, criou clipe musical intitulado Réquiem para a
Ética. Alguns versos desse trabalho: “Brasileiro matou a ética, e nem sepultou.
(...) E todas as profissões têm ética, todo bandido tem ética. (...) Brasileiro
não sabe o que é ética, e até estudou.” (VEJA O CLIPE)
Quadra difícil atravessa os
brasileiros, principalmente para aqueles que se preocupam com a moral e a
ética. O que aprofunda o lamento é que profissionais que têm a ética como pilar
sagrado das profissões, tratam em dissolvê-la. O que é mais lamentável é que os
órgãos e conselhos criados para serem vigilantes da ética, adotam posturas
quando não corporativas, apenas contemplativas.
É preciso entender que não
se pode ser ético pensando linearmente – “eu” ou o “outro”. O pensamento complexo ou integrado é o grande
balizador do ser ético, pois contempla o reconhecimento do outro como igual,
mas na essência profundamente diferente. A ética é fundamentada em pilares dos
princípios da moralidade: Justiça e solidariedade. Com a perseguição desses
princípios, sairá fortalecida o sentimento de justiça, pela promulgação da a
verdade e a veracidade. Sem isso, o discurso é vazio e não se obterá as
mudanças que a ética contempla.
São tantos os códigos de ética - normativas e
descritivas, de meios e de fins, materiais e formais, deontológicas e
teleológicas, procedimentais e substanciais, da convicção e da
responsabilidade, vão configurando amplo espectro de disputas antigas e atuais,
como afirma Adela Cortina, catedrática de filosofia jurídica, moral e política
na Universidade de Valência Espanha. Diz ela, ainda: "Nascidas no momento
em que adotam diversos métodos e em que articulam de modo diversos as
categorias que permitem conceber o fenômeno da moralidade, as éticas citadas
lançam propostas distintas, que se viram obrigadas, sem remédio, a entrar em
disputa."
O interessante é que se
elabora códigos de ética para todos os níveis de organizações, entretanto,
desnecessário se fariam se apenas observassem a Regra Áurea Universal, que se
perpassa nas principais religiões e filosofias de todos os tempos. Veja-se:
Bramanismo : Esta é a súmula do dever: Não
faças nada a outrem que te causaria dor se fosse feito a ti. (Mahabharata 5,
1517)
Budismo: Não ofendas os outros por formas
que julgarias ofensivas a ti mesmo. (Udanavarga 5,18)
Confucionismo: Existe máxima pela qual devemos
reger-nos durante toda a nossa vida? Sem dúvida, é a máxima da bondade e do
amor: Não faças a outrem o que querereis que eles fizesse a ti. (Anacleto
15,23)
Taoísmo: Considera o ganho do próximo como
teu próprio ganho e a perda do próximo como a tua própria perda. (Tai-Shang
Kan-Ing Pten)
Judaísmo: O que é odioso para ti não faças
ao teu próximo. Essa é toda a Lei; todo o resto é comentário. (Talmud, Shabbat
31ª)
Cristianismo: Portanto, tudo o que vós querereis
que os homens vos façam fazei-lhe também vós, porque esta é a Lei e os
Profetas. (Jesus, Mt, 7:12)
Islamismo: Nenhum de vós será crente enquanto
não desejar para seu irmão o que deseja para si mesmo (Sunan)
Espiritismo: Não façais aos outros o que não
quereríeis que vos fosse feito, mas fazei-lhe, ao contrário, todo o bem que
está em vosso poder fazer-lhes. (Allan Kardec, O E.S.E. XI:9)
Simples.
Desafiador.
Demasiadamente, simples!
Demasiadamente, desafiador!
Referências:
Cortina. Adela. Ética sem moral. Martins Fontes.
Martins Fontes. São Paulo. 1990
KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o espiritismo. EME.
São Paulo. 1996
RODRIGUES, Antonio F. Antologia Popular Espírita. Mensagens dos
Mestres. EME. São Paulo. 1996
Texto bem elaborado. Parabéns. Bom manter a memória sempre fresca com estes pensamentos.
ResponderExcluirO que é simples é justo, e ambos são as nossas maiores dificuldades. Pessoas e corporações confundem a própria imagem ao espelho. Vivemos num tempo em que o que é não importa, importa sim o que aos outros pareça ser. Agimos para mostrar que somos poderosos, ser (do verbo) humano é mero detalhe.Excelente reflexão, amigo Jorge. Roberto Caldas
ResponderExcluirGrato pelos incentivos.
ResponderExcluirJorge, ficou ótimo seu artigo, fiquei muito feliz!!!
ResponderExcluirSó peço para alterar na referência ao meu nome para:
Sergim Veiga (Sérgio de Alencastro Veiga Filho)
Tem muitos Sérgios Veigas por aí...
Muito obrigado.
Abraço,
Sergim.
Olá, Sérgio,
ExcluirAlterado. Vou acompanhar o seu trabalho.
Considerei genial. Meus netos também,
Parabéns!