Estabeleceu Jesus a síntese da Lei: “amai a
Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a vós mesmos”. [1] O
resumo da Norma indicada pelo Mestre é das mais admiráveis terapias pessoais.
Somos todos importantes. Somos criaturas únicas no Universo que buscamos a
felicidade através do aprendizado do amar a nós mesmos, ao próximo e a Deus.
Contudo, de que forma amar a nós mesmos?
Naturalmente a proposta de Jesus é um imperativo que não deve ser confundido
com o egoísmo ou o egocentrismo. Quando escolhemos aprender, para o
aprimoramento intelectual, estamos nos auto amando. Quando compreendemos as
nossas imperfeições temporárias, nos esforçando para corrigir os erros, estamos
amando a nós mesmos. “O auto amor proporciona uma visão mais clara de quem se
é, do que se deseja e do que não se deseja para si”. [2]
Quando escolhemos perdoar e extinguir o peso
de uma mágoa, estamos amando a nós mesmos. O asseio mental e a estabilização
emocional têm procedências brilhantes naquele que consegue praticar e receber o
perdão. Todos somos convocados a praticar o perdão no ambiente doméstico,
profissional, religioso; enfim na convivência social.
Afinal de contas, perdoar significa absolver,
indultar, desculpar, anistiar. O prefixo “per” quer dizer “total” e “doar”
significa dar inteiramente, ou seja, um empenho de autodoação plena. Portanto,
perdoar-nos resulta no pleno amor a nós mesmos.
Para nos libertarmos, tanto da culpa quanto
da desculpa, necessitamos cultivar o auto amor, a autoconsciência, o
arrependimento e o aprendizado para as reparações imprescindíveis. É verdade! O
auto perdão não é uma simples revogação da consciência de culpa, mas um
procedimento de auto-exame consciencioso de nós mesmos, o que requer
arrependimento e reparação.
Somente cultivando o auto amor é que
crescemos espiritualmente. Por isso não podemos ficar sob o guante do ingênuo
pesar. Quem ama a si mesmo (como recomendou Jesus) preenche a vida de alegria e
paz. Todavia, uma das causas de auto-agressão vem da procura frenética de
perfeição irrestrita, como se todos devêssemos ser deuses ou deusas de um
momento para o outro.
Quando esperamos perfeição em tudo e
confrontamos o lado “primário” de nossa natureza humana, nos sentiremos
fatalmente diminuídos e envolvidos por uma aura de fracasso. A baixa autoestima
nasce quando não nos aceitamos como somos. Somente a auto aceitação nos leva a
sentir plena segurança ante os fatos e ocorrências do cotidiano.
Nossas reações perante a vida não acontecem
em função tão somente dos episódios exteriores, mas sobretudo de como
percebemos e julgamos interiormente esses mesmos acontecimentos. A forma de
refletirmos e nos comportarmos em face das nossas reações perante os outros,
avaliando-os como bons ou maus, é talhada por um mecanismo de autocensura que
se encontra alojado em nossos níveis de consciência mais profundos. Este juiz
íntimo foi cultivado sobre bases de valores e de princípios que empilhamos
através dos tempos recuados sob reencarnações inumeráveis.
Todos nos equivocamos tendo o dever de
perdoar-nos, porém não permaneçamos no erro. É imprescindível, buscarmos não
reincidir no mesmo endividamento moral, libertando-nos das algemas
constringentes do remorso, até mesmo porque “o remorso é um lampejo de Deus
sobre o complexo de culpa que se expressa por enfermidade da consciência”.[3]
Podemos experimentar culpa e condenação, perdão e liberdade, de acordo com os
nossos valores, crenças, princípios e normas vigentes. Apreendemos assim que
para alcançar o auto perdão é imperioso que reexaminemos nossas convicções
profundas sobre a natureza do nosso próprio EU.
Todos cometemos desacertos de maior ou menor
agravamento, alguns dos quais, como vimos, são arquivados nos porões do
inconsciente. Cedo ou tarde ressurgem devastadores, causando mal-estar,
ansiedade, insatisfação pessoal, em caminho de transtorno de conduta.
A terapia moral pelo auto perdão impõe-se
como indispensável para a recuperação do equilíbrio emocional e o respeito por
nós mesmos. Seja qual for a gravidade do ato infeliz, é possível repará-lo
quando se está disposto a fazê-lo, recobrando o otimismo, a alegria de viver,
amando a Deus e ao próximo, perdoando-nos e amando-nos verdadeiramente.
Referências
bibliográficas:
[1] Mt. 22:34
[2] FRANCO, Divaldo Pereira. Amor, imbatível
amor, ditado pelo espírito de Joanna de Ângelis, Bahia: ed. Leal, 2005, cap. 13
[3] XAVIER, Francisco Cândido. Pronto
Socorro, ditado pelo espirito Emmanuel SP: Ed CEU 1980
Perfeito, inspirado o amigo.
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