Não há um instante sequer em
que estejamos parados. Na vida não há ensaios. Todo momento vivido é uma
experiência a ser computada de forma a organizar a esteira de fatos que haverão
de nos encontrar em cada próximo momento. Da mesma forma não há nenhuma hipótese
de conseguir-se fazer NADA. A ideia que se possa ter sobre a possibilidade da
manutenção de uma vida no ócio é simplesmente desconhecimento da nossa natureza
intrínseca. Visualizar a nossa capacidade de criação apenas sob a óptica dos
sentidos materiais empobrece o significado do que venha a ser o conceito de
tempo útil.
Convive-se
com uma realidade trazida pela materialidade do corpo físico durante uma
encarnação, mas o elemento que pensa e dirige os movimentos do organismo e
estabelece os padrões de relacionamento com os outros, definitivamente não é
consequência dos processos orgânicos, contrariamente é quem determina todas as
condições da vida física e emocional da individualidade. Ao mesmo tempo é
sabido que o ambiente invisível que nos envolve é consequência das variações do
pensamento criando os contextos e as paisagens que se encontram além da forma
percebida pelos olhos do encarnado.
Elucidando
questões que envolvem a compreensão da ação da criação mental, em A Gênese
(Qualidade dos Fluidos – item 18), Allan Kardec se refere ao poder da ação do
pensamento na mudança das realidades que envolvem o encarnado apesar de sua
incapacidade de perceber: “Sendo apenas Espíritos encarnados, os homens têm uma
parcela da vida espiritual, visto que vivem dessa vida tanto quanto da vida
corporal; primeiramente, durante o sono e, muitas vezes, no estado de vigília.
O Espírito, encarnado, conserva, com as qualidades que lhe são próprias, o seu
perispírito que, como se sabe, não fica circunscrito pelo corpo, mas irradia ao
seu derredor e o envolve como que de uma atmosfera fluídica.”... “O pensamento
do encarnado atua sobre os fluidos espirituais, como o dos desencarnados, e se
transmite de Espírito a Espírito pelas mesmas vias e, conforme seja bom ou mau,
saneia ou vicia os fluidos ambientes”.
Compreender essa realidade torna possível um
salto grandioso na conquista de nossos propósitos espirituais. Sabermos que
estando em repouso numa paisagem tranquila; ou mesmo participando de um diálogo
informal; ou ainda presente num ambiente de festa e alegria, ou seja, mesmo que
fora de alguma atividade considerada séria, existem possibilidades de produzir
positivamente no campo das energias sutis. Ter o conhecimento do nosso
potencial de construção da atmosfera espiritual independente de qualquer
circunstância dá a extensão de nossa capacidade de permanecer trabalhando mesmo
que pareça que estamos em repouso. O
simples fato de evitar uma ideia que, se materializada, faria mal a alguém
dispondo um desejo de paz e saúde em sua direção, apesar de distante daquela
pessoa, certamente um trabalho importante terá se realizado sem que ninguém o
saiba.
Considerando a realidade física é obrigatório
o estabelecimento de intervalos de trabalho e repouso, sem que isso traga
ansiedade ao encarnado pela possibilidade do estar parado. A ação de contínua
atividade se dá em nível espiritual, ocasião em que estamos sem cessar criando
atmosferas compatíveis com a nossa intensidade de pensamento. Essa
provavelmente terá levado Jesus (João V; 17) a publicar: “Meu pai trabalha até
agora e eu trabalha até agora e eu trabalho também”. Eis o convite do Mestre.
¹ editorial do programa Antena Espírita de
12.03.2017
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