Meu prezado leitor e amigo, continuaremos
nesta edição com nossos estudos sobre a reencarnação no Novo Testamento.
Falaremos sobre uma grande advertência
seguida de uma promessa de esperança feita por Jesus. Ela se encontra no
capítulo 5 do Evangelho de João:
Não vos admireis com isto: vem a hora em que
todos os que repousam nos sepulcros ouvirão a sua voz e sairão. Os que tiverem
feito o bem para uma ressurreição de vida e os que tiverem praticado o mal para
uma ressurreição de julgamento (João 5:28 e 29). Bíblia de Jerusalém.
Estes dois versículos têm sido apresentados
com traduções curiosas diferentes e contraditórias, com um conceito
completamente estranho ao que se encontra na mensagem que Jesus desejava nos
passar através deles. Confira em alguns evangelhos em português e constate o
que estamos lhe informando.
Ao contrário do muito que se tem divulgado,
nestes versículos, Jesus apresenta a certeza das inúmeras chances que Deus nos
oferece para repararmos os erros por nós cometidos. Em resumo: Existem chances
para todos os que erram.
Jesus nos fala destas oportunidades dadas por
Deus, através das diversas existências que podemos receber, até atingirmos o
despertar na VIDA com Ele, ou a Ressurreição final. É impossível se atingir a
“Ressurreição Final” em uma só existência. Este é o conceito de todas as
religiões que professam as múltiplas existências, princípio divino que Kardec
nomeou de “Reencarnação”.
É natural, para os que não aceitam a
reencarnação, não acreditarem e nem se esforçarem para aprofundar o
entendimento do verdadeiro significado destes versículos. Outros ainda existem
que não querem nem ouvir falar em mudar o seu conceito religioso, ou a sua fé;
no entanto, o lógico é que este comportamento não muda a verdade nem o projeto
de Deus.
Não é pelo fato de alguém não acreditar na
reencarnação que Deus a retira do seu projeto divino. Por isto, não custa nada
a você, caro leitor, acompanhar o que lhe apresentaremos a seguir e tirar suas
conclusões.
Você tem realmente certeza de que Deus não dá
uma segunda chance ou oportunidade aos seus filhos? Onde ficaria a Sua
Misericórdia e o Seu AMOR, se Ele agisse assim?
Você acha que uma só existência é suficiente
para progredirmos, aperfeiçoarmo-nos e conseguirmos chegar a Deus? E os que
morrem na tenra infância? E as diferenças sociais, culturais e pessoais entre
os homens? Como se explicaria a Justiça divina diante de tudo isso sem as
múltiplas existências? Como esclarecer os contrastes culturais, morais e
sociais? E por que nos Evangelhos e no Apocalipse (20:5 e 6) é apresentada a
existência de duas Ressurreições? Como pode existir uma segunda ressurreição sem
mais uma reencarnação? Ressurreições como frutos de OBRAS e não de FÉ.
O que demonstraremos a seguir é a confirmação
da misericórdia divina apresentada por Jesus como conforto e consolo diante das
nossas imperfeições.
Em nossas pesquisas e análises nos três
idiomas básicos e originais dos evangelhos, não encontramos nenhuma condenação
eterna para aquele que erra. Graças a Deus fiquei muito feliz e por isso quero
levar a minha alegria e esperança até você.
Confira o texto nos três idiomas, hebraico,
grego e latim e reflita sobre as nossas pesquisas.
Do texto Hebraico – temos:
“Não vos admireis com isto: Porque eis que
vem uma hora em que todos os que dormem nos sepulcros ouvirão a sua voz e
subirão ou despertarão; os que tiverem feito o bem despertarão para vida e os
que tiverem praticado o mal despertarão para um julgamento”.
Vejamos agora ao que diz o texto grego:
TEXTO GREGO DE NESTLE-ALAND – João 5:28 e 29.
“Não vos admireis disto: Porque vem uma hora
na qual todos os que dormem nos túmulos ouvirão a voz dele e sairão. Os que
tiverem feito as coisas boas para uma ressurreição de vida e os que fizeram
coisas ruins para uma ressurreição de juízo ou julgamento.
O texto da Vulgata latina, de São Jerônimo,
afirma:
Não queirais olhar (ver, mirar,
maravilhar-se, admirar) isto, porque vem uma hora na qual todos, os quais nos
túmulos estão, ouvirão a voz dele (a sua voz).
E sairão (aparecerão, sairão para fora) os
que fizeram coisas boas, (em latim: bona) para a ressurreição da vida, e os que
de fato fizeram coisas más, (em latim: mala) para a ressurreição do juízo ou
julgamento.
Como podemos observar, existem muitas
semelhanças entre os três textos traduzidos dos idiomas originais. A questão é
analisar o porquê do mau entendimento em sua análise e interpretação.
Destes três textos traduzidos, a primeira
conclusão a se tirar é que existem, para os que chegam ao mundo espiritual,
duas situações distintas: os que praticaram o bem, que terão um despertar para
a “Vida” – aqui, entendido como vida eterna. Uma vida com Deus. A colheita de
todo o bem praticado, mediante este despertar, entra na plenitude da vida
eterna, a essência de Deus. Estes não necessitam mais voltar à vida física ou
reencarnar. Já os que praticaram o mal (veja Apocalipse 20:12), recebem o
julgamento, realizado segundo as nossas obras no “Livro da Vida”. Também o Apocalipse
20:14 está de acordo com esse julgamento. O lago de fogo representa a depuração
a que devemos nos submeter através dos processos das reencarnações.
Está claro, ainda, que a participação na
primeira ressurreição depende das nossas atitudes, das nossas obras, do bem que
tivermos praticado e não da nossa “FÉ”. A Fé serve como o grande suporte para
nossas atitudes no bem, mas segundo Jesus, neste versículo, não é ela (A FÉ)
que conta, mas as obras, ou seja, o BEM que foi feito. Mesmo porque a palavra FÉ,
em seu conceito original, hebraico – EMUNÁ – significa exercício ou prática do
bem. Não tem simplesmente o significado de crença como entende a maioria dos
cristãos. É Tiago quem nos fala que a Fé sem obras é morta. Veja também o
comentário de Jesus em Mateus (11:19) “...Mas a sabedoria foi justificada pelas
suas obras.”
O julgamento para os que praticaram o mal é
um julgamento muito incompreendido pela maioria dos teólogos e tradutores.
A palavra chave e mais importante destes dois
versículos é a última palavra que o hebraico chama deלָקוּם לַדִּין׃ - lakum
ladin = despertar para um julgamento. O grego chama ἀνάστασιν κρίσεως =
anástassin kríseos = uma ressurreição de juízo. E o latim de São Jerônimo, de
resurrectionem iudicii= uma ressurreição de juízo.
Em todos os textos analisados, nos três
idiomas, existe um “despertar” para JULGAMENTO, e não uma CONDENAÇÃO e muito
menos eterna.
A condenação não é condição predefinida para
quem é julgado, este poderá ser absolvido ou condenado. Entendemos este
julgamento como um balanço sobre o que fizemos em nossa última existência.
Jesus coloca este julgamento com base em nossas obras, boas ou más. Por isso é
que existem duas ressurreições e Jesus, como realizador destas, dá sempre uma
nova oportunidade aos que não atingiram a ressurreição da vida.
Lembre-se de que Jesus diz que seu jugo é
suave e seu fardo, leve. Mt.11:30. Por que então muitos tradutores fazem opção
pela palavra CONDENAÇÃO no final do versículo 29, uma palavra que não existe
nos textos originais, como vimos nos textos expostos e traduzidos?
A inexistência da palavra CONDENAÇÃO ETERNA
nestes textos, no original, não me surpreendeu, pois sempre acreditei na
misericórdia divina.
Alguns exemplos a seguir servirão para
esclarecer o que estamos afirmando.
Analisando as diversas traduções em
português, encontramos situações interessantes. A Bíblia de estudos
pentecostais, tradução de João Ferreira de Almeida, edição de 1995, traz, como
tradução final do versículo 29, a palavra CONDENAÇÃO.
O mesmo ocorre com os tradutores da Bíblia
Viva, Editora Mundo Cristão, 11ª edição de 1999. Os tradutores da Bíblia,
Editora “Ave Maria”, bíblia católica, 35ª edição, 1982, também usam o termo
“Condenação”. Interessante é o fato de que alguns tradutores que usam a
tradução Almeida como referência, colocam em uma tradução a palavra
“Julgamento” e, na outra, “Condenação”. Realmente não dá para entender. A
Bíblia de Estudo Almeida (1999), editora Mundo Cristão, por exemplo, utiliza a
palavra Juízo ou Julgamento.
O Novo Testamento Interlinear
Grego-Português, Sociedade Bíblica do Brasil, Barueri, (2007), realiza um
trabalho de tradução do Grego e coloca, lado a lado, a tradução de João
Ferreira de Almeida Revista e Atualizada, e do outro, a tradução do Novo
Testamento na Linguagem de hoje. Neste Versículo 29 do Evangelho de João, os
tradutores colocam lado a lado as duas traduções em português, uma falando de
“Juízo” e a outra, de “Condenação”.
Em tudo isto, para que possamos entender
realmente o que se encontra no versículo, é necessário que, além de buscarmos o
verdadeiro significado nos textos originais, devemos entender e aceitar que
existe uma misericórdia divina, e não uma condenação sem nenhuma chance para os
seus filhos. Este julgamento é o balanço e o despertar das consciências para o
arrependimento.
Temos um exemplo prático dado por Jesus na
parábola do “Rico” e “Lázaro” em Lucas 16:20-31. O rico despertou, e vendo a
nova realidade se arrependeu a tal ponto, que até queria vir avisar aos seus
familiares para que não caíssem na mesma situação que ele. Como é que um homem
que estava, segundo alguns, “condenado eternamente”, como aquele “Rico” na
parábola, e que como se tem divulgado, para ele não havia mais saída e, mesmo
assim, aquele homem tomou uma atitude de preocupação e amor com relação à sua
família...? A pergunta que cabe aqui é a seguinte: aquele homem que estava
perdido PARA SEMPRE teve preocupação com os SEUS e será que Deus não tem nenhuma
misericórdia, nem preocupação com relação a nós, SEUS FILHOS?
Neste despertar, conseguiremos o direito de
recomeçar de onde erramos. É um despertar para uma avaliação do que foi feito
em nossa existência física. E como nos informa Jesus, esta avaliação é feita
segundo as nossas obras. Os que ainda não atingiram a perfeição serão
encaminhados após o julgamento, para uma vida de reconciliação e pagamentos.
Estes entrarão numa nova existência na carne (reencarnação) para receberem a
tarefa do ressarcimento e reconciliação com os seus desafetos após o
julgamento.
Veja que, em Mateus 5:25, ele nos aconselha:
“Apressa-te em pagar o que deves ao teu adversário, enquanto estás no caminho
com ele, para que não aconteça que ele te entregue ao juiz e o juiz ao guarda e
assim sejas lançado na prisão”. (A prisão vem após o julgamento, para os que
fizeram o mal, nela se paga o que se deve). E acrescenta Jesus: “Em verdade te
digo: dali não subirás, enquanto não pagares o último ceitil”.
Em tudo isto fica claro que existe uma
justiça divina aplicada sobre todos os nossos atos. E que pagando as nossas
dívidas estaremos livres.
A segunda ressurreição representa a SUA
misericórdia divina dando oportunidades aos que falharam. Por meio de
reencarnações sucessivas, teremos a oportunidade de finalmente chegarmos à
perfeição e assim atingirmos finalmente a ressurreição de VIDA com Deus sem
mais a necessidade de outras encarnações.
Que bom descobrirmos que Deus é
Misericordioso, Justo e Bom.
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