Só metade das pessoas que caem de uma altura de
três andares sobrevivem. Se forem dez andares, quase ninguém resiste. Mas,
incrivelmente, o equatoriano Alcides Moreno, um limpador de janelas de Nova
York, sobreviveu a uma queda de 47 andares do edifício Solow Tower, em
Manhattan, na manhã de 7 de dezembro de 2007. “É um milagre”, disse Herbert
Pardes, então presidente do Hospital Presbiteriano de Nova York, onde Alcides
foi atendido. Os espíritas não acreditamos em “milagres”. [1]
Consideremos outros fatos mais assombrosos.
James Boole, Nicholas Alkemade, Vesna Vulóvic e Alan Magee também desafiaram as
leis naturais conhecidas pela ciência ao escaparem da “morte” física a quedas
de alturas elevadíssimas.
James Boole saltou na Rússia do avião, seu
paraquedas não funcionou e caiu sobre pedras cobertas de neve, a uma velocidade
de 160 km/h – mesmo assim Boole não desencarnou, e apenas fraturou uma costela.
Nicholas Alkemade, sargento e membro da RAF,
estava voando pela Alemanha quando seu avião foi atacado. A aeronave logo virou
uma bola de fogo em queda livre. Como seu paraquedas foi destruído pelo fogo,
Alkemade resolveu ter uma “morte” rápida saltando do avião para não sofrer
sendo queimado lentamente. Ele caiu de 5500 metros, mas o impacto foi absorvido
por árvores e pela neve que cobria o chão. Nicholas sofreu apenas uma torção na
perna.
Vesna Vulóvic é uma aeromoça que sobreviveu a
uma queda de dez mil metros. Com 22 anos, Vesna era comissária de bordo da
Yugoslav Airlines. No seu vôo havia uma bomba instalada por terroristas
croatas. A parte em que estava no avião caiu em uma encosta coberta de neve, e
Vesna foi a única sobrevivente do acidente. As outras 28 pessoas, incluindo
pilotos, comissários e passageiros, desencarnaram.
Alan Magee é um piloto americano que sobreviveu
a uma queda de mais de 6500 metros enquanto estava sob ataque, na Segunda
Guerra Mundial. Ele caiu sobre o vidro da Estação de Trem St. Nazaire, em uma
missão na França. De alguma forma o vidro amorteceu sua queda. Ele foi
capturado por tropas alemãs posteriormente, que ficaram impressionadas com o
feito.
Como notamos, os personagens são pontos fora da
curva, ou seja, não desencarnaram. Será que há alguma explicação espírita para
os fatos? Das leis naturais ignoramos seus meandros, sobretudo considerando a
gravitação. Recordemos que na época das “mesas girantes” os espíritos
conseguiam promover a levitação de objetos pesados, desafiando, pois, as leis
da física conhecida (gravidade).
Há pessoas que sobrevivem a um perigo mortal
mas em seguida “morrem” noutro. “Parece que não podiam escapar da “morte”. Não
há nisso fatalidade?, perguntou Allan Kardec aos Espíritos. Estes foram
categóricos: “Fatal, no verdadeiro sentido da palavra, só o instante da morte o
é. Chegado esse momento, de uma forma ou doutra, a ele não podeis
furtar-vos.”[2] O Codificador insistiu: “Assim, qualquer que seja o perigo que
nos ameace, se a hora da “morte” ainda não chegou, não morreremos? Os
Benfeitores pacificaram: “Não; não perecerás e tens disso milhares de exemplos.
Quando, porém, soe a hora da tua partida, nada poderá impedir que partas.” [3]
Reflitamos o seguinte: Por não ter chegado a
hora da “morte” de Moreno, Boole, Alkemade, Vulóvic e Magee, considerando as
situações extremas vividas, seria admissível que eles fossem resguardados por
intervenções do além, numa espécie de “anulação” da lei da gravidade conhecida?
Não é simples responder tais questões. O senso comum diz que ninguém “morre” de
véspera. Ora, se só “morremos” quando é chegada a hora, então uma pessoa
assassinada “morre” na hora certa? Como fica o livre arbítrio do assassino
nesse caso?
Importa acender a luz para uma boa discussão
aqui. Por diversas razões e é natural que alguém possa ter a vida interrompida
antes do tempo tanto quanto possa ter a vida delongada durante o transcurso de
uma existência.
Será que o Espírito que comete um assassinato
sabia que reencarnou para matar? “Não! Responderam os Benfeitores. “Escolhendo
uma vida de lutas, sabe que terá ensejo de matar, mas não sabe se matará, visto
que ao crime precederá quase sempre, de sua parte, a deliberação de praticá-lo.
Ora, aquele que delibera sobre uma coisa é sempre livre de fazê-la, ou não. Se
soubesse previamente que teria que cometer um crime, o Espírito estaria a isso
predestinado. Ora, ninguém há predestinado ao crime e todo crime, como qualquer
outro ato, resulta sempre da vontade e do livre-arbítrio. [4]
O tema parece simples, porém apresenta as suas
complexidades. E para complicar um pouquinho, os Espíritos reenfatizam – “venha
por um flagelo a “morte”, ou por uma causa comum, ninguém deixa por isso de
“morrer”, desde que haja soado a hora da partida.” [5] Será que tudo que se
relacione à “morte” está “escrito”? (assassinato, por exemplo?). Onde encaixar
o livre-arbítrio aqui?
Reconheço, com muita humildade, que há
“mistérios” inexplicáveis muito além da minha nanica razão. E mais, “do fato de
ser infalível a hora da “morte” poder-se-á deduzir que sejam inúteis as
precauções que tomemos para evitá-la? Os Espíritos dizem que “não!, visto que
as precauções que tomamos são sugeridas com o fito de evitarmos a morte que nos
ameaça. São um dos meios empregados para que ela não se dê.”[6]
No caso dos personagens que protagonizam este
artigo, considerando as condições extremas, diria quase que surreais que
sucederam, como sobreviveram? Foi porque
não “soou a hora da partida” deles? Hum!?…
Quanto ao “milagre” citado por Herbert Pardes,
presidente do Hospital Presbiteriano de Nova York, esclarecemos que o
Espiritismo considera de um ponto mais elevado a religião cristã; dá-lhe base
mais sólida do que a dos “milagres”: as imutáveis leis de Deus, a que obedecem
assim o princípio espiritual, como o princípio material. Essa base desafia o
tempo e a Ciência, pois que o tempo e a Ciência virão sancioná-la. [7]
Referências
bibliográficas:
[1] Disponível em
http://www.bbc.com/portuguese/geral-39216175 acesso 10/04/2017
[2] KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, per.
53, RJ: Ed. FEB, 2000
[3] Idem, per. 53-a
[4] Iem , per. 861
[5] Idem, per. 738
[6] Idem, per. 854
[7] KARDEC, Allan. A Gênese,”Os milagres
segundo o Espiritismo”, Capítulo XIII, RJ: Ed FEB, 2000
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