Aprendemos com a Doutrina Espírita
que ninguém regride a estágios inferiores de evolução. O princípio da
metempsicose, segundo o qual o homem pode reencarnar como animal ou vegetal, é
mera fantasia. Isso jamais acontece, embora devamos reconhecer que muita gente
bem merecesse renascer, digamos, como urubu, gorila ou cascavel, por
comportamento compatível.
Há quem conteste, mostrando vários exemplos que evidenciam
um retrocesso evolutivo: o homem honesto que entra para a política e desanda a
roubar, algo “raro” no Brasil; a mulher
casada, virtuosa e dedicada aos filhos, que foge com o vizinho; o homem pacato
e educado que, em face de um desentendimento, agride violentamente alguém que homenageou a senhora sua mãe,
atribuindo-lhe aquela profissão pouco recomendável.
Na verdade, nesses casos não houve uma regressão. Foi
apenas uma revelação. Revelaram todos que debaixo do verniz da virtude havia um
Espírito imaturo, com indesejáveis tendências a superar.
Há um aspecto importante. Ninguém retrograda, ninguém
engata marcha a ré, mas no atual estágio terrestre há multidões estacionárias,
formadas por indivíduos literalmente parados no tempo, a marcar passo no
caminho da evolução.
Isso ocorre principalmente depois dos sessenta anos,
quando, com uma situação estável, subsistência garantida pela aposentadoria ou
pelo patrimônio amoedado, o indivíduo acomoda-se. Desiste de aprender, de refletir,
permitindo uma coexistência pacífica entre seus vícios e virtudes.
Por isso Deus nos dá uma existência biológica relativamente
curta, de oitenta a cem anos, porquanto, acomodado, o Espírito encarnado
poderia permanecer indefinidamente estacionário, ao longo de séculos. A morte é
um tremendo choque de despertamento para os dorminhocos, reservando-lhes
penosas surpresas.
A mitologia das religiões fala de infernos e purgatórios,
locais de tormentos, onde estagiam as almas comprometidas com o erro, o crime,
o vício...
O Espiritismo confirma essa realidade, mas nos fala, também,
de algo que devemos ponderar. Há nessas regiões de tormentos muitos Espíritos
que praticaram o mal na jornada humana, mas há, também, aqueles que fizeram
muito mal a si mesmos, por entregarem-se ao acomodamento, sem cogitarem das
finalidades da reencarnação.
Estiveram preocupados apenas com o imediatismo da vida
terrestre, com a aquisição de bens materiais, cultivando prazeres, sem cogitar
da responsabilidade de viver, sem se preparar para o retorno à vida espiritual.
Em reuniões mediúnicas, deparamo-nos amiúde com Espíritos
em tal situação. Manifestam-se perturbados, aflitos, inconscientes de sua
condição de desencarnados, já que todas as suas impressões, desejos e
aspirações estão voltados para a vida material.
Em O Céu e o Inferno,
Allan Kardec transcreve várias comunicações de entidades que sofrem no Além
as consequências desse comportamento.
Há exemplar comunicação de um Espírito que, dirigindo-se à
sua neta, disse que sofria por não ter empregado bem o tempo na Terra. A neta
estranhou:
– Como não o
empregou? O senhor não viveu sempre honestamente?
A resposta e algumas de suas considerações deveriam estar
inscritos num quadro para lermos todos os dias. Para não me alongar, transcrevo
apenas sua observação inicial:
– Sim, no juízo dos
homens; mas há um abismo entre a honestidade perante os homens e a honestidade
perante Deus.
Honestidade perante
os homens é pagar as contas em dia, não lesar ninguém, não emitir cheque sem fundos,
cumprir as obrigações sociais, honrar compromissos profissionais.
Mas, para sermos honestos diante de Deus, é preciso muito
mais: é imperioso cumprir os propósitos da existência humana, aproveitando as
oportunidades de edificação com o empenho incessante de aprender sempre,
aprimorando o cérebro a caminho da sabedoria, e trabalhar sempre o sentimento,
aprimorando o coração, a caminho do amor.
A grande questão para o homem em evolução intelectual é entender a sabedoria divina. Quando em Mateus 5. 8 lemos "Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus", sentimo-nos "um lixo". É muito difícil para nós humanos separamos espírito e corpo, pois muitas vezes pensamos e agimos como se o material prevalecesse sobre o imaterial. Ora, quando o homem comete um pecado capital, como o homicídio, ele consulta e percorre com a velocidade fantástica do pensamento o ITER CRIMINIS(trajetória do crime, com seus atos preparativos e consumação). Não se pode alegar que alguém age sem refletir, pois já se provou por processos científicos que antes de o corpo agir o cérebro é consultado e dá a ordem para a máquina corpórea atuar em fração de segundos.
ResponderExcluirNesse sentido, é que se houve diariamente "agiu sem pensar" quando verdadeiramente o que faltou muitas vezes foi o correto discernimento, desprezando-se os valores espirituais que residem em cada um de nós.
Lamentavelmente quando um profissional do crime comete delitos em série ele o faz com plena convicção de que seu ofício é delinquir. Daí assaltantes e matadores profissionais. São eles espíritos inferiores que não querem evoluir nesta oportunidade que lhes foram dadas aqui na terra.
Reflexão, em segundos ou horas, é palavra-chave para adequarmos nossas ações à supracitada lição de Cristo no Sermão da Montanha.
Mais Deus nos ilumine e abençõe!
Toni Ferreira
Belém - PA
Olá, Toni Ferreira,
ResponderExcluirQuando analisamos a violência no constructo evolucionista, leva-nos a compreender, e os estudos atestam isso, que a ato criminoso (violento) é inconsciente. Portanto, não passa pela razão,apesar do indivíduo achar que está raciocinando. Por isso, ao analisar o crime, ficamos estarrecidos com a "burrice" do ato. Contineu colaborando.