O Espírito Bezerra de Menezes afirma que o
dinheiro na sociedade, apesar de não ser luz, sustenta a lâmpada, que apesar de
não ser a paz, é um instrumento que facilita a sua obtenção, que apesar de não
ser calor, viabiliza o agasalho; que apesar de não ser o poder da fé, alimenta
a esperança; que apesar de não ser amor, é capaz de erguer-se por valioso
ingrediente na proteção afetiva; que apesar de não ser o tijolo de construção,
assegura as atividades que garantem o progresso; que apesar de não ser cultura,
apoia o livro; que apesar de não ser visão, ampara o encontro de instrumentos
que ampliam capacidade dos olhos; que apesar de não ser base da cura, favorece
a aquisição do remédio [1] e, obviamente, incentiva as pesquisas para a
formulação dos medicamentos. Pensando sobre essas reflexões, veio-nos à mente o
caso de Henrietta Lacks, uma mulher que desencarnou com câncer há 60 anos,
porém cujas células (“imortais”) retiradas do seu corpo têm salvado vidas
humanas até hoje.
Vejamos como se deu o fato. Tudo começou no ano
de 1951, com a chegada de Henrietta a um hospital nos Estados Unidos. Tal fato
marcou o início de um grande avanço para a biotecnologia. As células de seu
corpo revolucionariam a ciência médica. Lacks teve câncer no colo do útero
pouco antes de desencarnar, e um médico retirou um pedaço de tecido para uma
biópsia e percebeu que eram células distintas das demais já analisadas por ele.
Desde então, as células removidas do corpo de Henrietta vêm crescendo e se multiplicando.
Investindo-se vultosa soma de dinheiro
produziu-se bilhões dessas células em laboratórios de pesquisa, sendo
aproveitadas por cientistas, que as batizaram de linha celular HeLa, uma
referência ao nome de Henrietta. Há muitas situações em que o cientista precisa
estudar tecidos ou patógenos no laboratório. O exemplo clássico é a vacina
contra a poliomielite. Para desenvolvê-la era necessário que o vírus crescesse
em células de laboratório, e para isso eram necessárias células humanas e
evidentemente muito investimento financeiro. As células HeLa acabaram sendo
perfeitas para esse experimento, e as vacinas salvaram milhões de pessoas,
fazendo com que essa linha celular ficasse mundialmente conhecida.
Essas células não somente permitiram o desenvolvimento
de uma vacina contra a poliomielite e inúmeros tratamentos médicos, mas foram
levadas nas primeiras missões espaciais e ajudaram cientistas a prever o que
aconteceria com o tecido humano em situações de gravidade zero. Além disso, os
militares dos EUA colocavam grandes garrafas com células HeLa em lugares que em
que eram realizados experimentos atômicos.
Não entraremos no mérito do abuso
mercantilista, compreensivelmente resultante das caríssimas pesquisas com as
células em epígrafe que, diga-se de passagem, foram as primeiras a serem
compradas, vendidas, embaladas e enviadas para milhões de laboratórios em todo
o mundo – alguns deles dedicados a experiências com cosméticos, para avaliar os
eventuais efeitos colaterais indesejados dos produtos. Nas dinâmicas dos
paradoxos humanos reconhecemos que além da contribuição científica, gerou-se
bilhões de dólares em produtos testados com as células HeLa.
No início deste texto discorremos com Bezerra
sobre a importância do dinheiro, porém reconhecemos que a ganância ainda reina
entre nós, mormente no universo científico. Porém o que importa no tema é que
as células (“imortais”) retiradas do corpo de Henrietta Lacks têm sido a base
de dezenas de milhares de estudos médicos em todo o mundo e em diversos ramos
da ciência biológica para a melhoria de vida do homem. Portanto, tem sido um
elemento crucial para o desenvolvimento científico na busca da saúde humana.
Trocando em miúdos, o dinheiro associado a
consciência tranquila é alavanca do trabalho, fonte da beneficência, apoio da
educação e alicerce da alegria. É uma benção do Céu que, de modo imediato, nem
sempre faz felicidade, mas sempre faz falta. [2] Principalmente nas pesquisas
científicas que agenciam terapêuticas e até a cura de diferentes doenças, a exemplo
do câncer, que há poucas décadas era devastador para a nossa sobrevida.
Referência
bibliográfica:
[1] XAVIER, Francisco Cândido. “Caridade”,
Cap. 36 “Dinheiro”, SP: Ed. IDE, 1997
[2] idem
fonte: http://aluznamente.com.br
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