Sempre que sobrevoo o Brasil, perco o fôlego
com a sua vastidão. O horizonte parece não ter fim. E dias atrás, estivemos
Maurício Zanolini e eu numa tarefa pela Universidade Livre Pampédia, em
Brasília e interior de Goiás. Roda de conversa na UNB, seminário com os
professores da Escola Humberto de Campos, na Cidade da Fraternidade perto de
Alto Paraíso, (Goiás), seminário sobre Educação e Espiritualidade numa
instituição espírita que faz acolhimento de crianças em situação de
vulnerabilidade e por fim, participação no Conane (Conferência Nacional de
Alternativas para a Nova Educação), onde fizemos a exposição de nossa
experiência na Universidade Livre Pampédia.
Em todo lugar, encontramos pessoas de olhos
vibrantes, querendo mudanças, trabalhando com ardor pela Educação, se
empenhando em semear novas ideias, desenvolver a si mesmas e outros, em
projetos que alavanquem o Brasil. Em todo lugar também vimos pessoas ainda em
estado meio sonambúlico, imbuídas de misticismo messiânico e acrítico,
idolatrando mestres (verdadeiros ou falsos) esperando pela vida, esperando por
salvadores, esperando… esperando.
E vimos também muita terra, terra sem fim. Mas
muita terra sem cultivo, muita terra destinada ao gado (sabemos o quanto a
criação de gado é mais fácil que cultivar a terra, mas também o quanto é
ecologicamente depredatório), muita terra em grandes latifúndios, em grandes
plantações de monocultura.
Mas quase nada de terras cultivadas em
agricultura familiar, em diversidade de produção, em tratamento cuidadoso do
solo… Nem mesmo nos assentamentos que vimos há produção.
E então vemos o quanto o estado sonambúlico do
povo se reflete no abandono da terra. O quanto a falta de educação, de
tecnologia e às vezes mesmo de garra e vontade, fazem a apatia de muitos se
traduzir em terra improdutiva, em latifúndios de exploração, em pobreza da
maioria e em concentração de dinheiro de uns poucos. Os interesses de alguns se
sobrepõem ao desenvolvimento da maioria. E a maioria permanece na miséria.
Miséria explorada por um religiosismo místico (que pode ser de qualquer matriz
religiosa, desde os pentecostais, passando por espíritas, que se afastaram da
racionalidade de Kardec, até as comunidades dedicadas a receber ETs).
Sei bem que a terra no Brasil é difícil de se
lidar. O clima do planalto central se divide entre 6 meses de seca e 6 meses de
chuvas, entre o pó e a lama. Mas há tecnologias (que às vezes nem implicam em
altos investimentos, mas em saber como lidar com os recursos naturais) que
podem suplantar as dificuldades. Mas há que se ter uma outra mentalidade para
isso: educação, atitude combativa, busca de soluções.
Ao viajar por essa vastidão no Brasil e depois
enfrentar um trânsito de horas em São Paulo ontem, pensei o quanto deveríamos
estar preocupados em transformar essas terras brasileiras em fonte de riqueza,
alimento e vida para toda a população. O quando poderíamos transformar terras
secas e incultas em terras verdes e produtivas. O mesmo vale para as pessoas.
Acordar os espíritos que esperam a salvação, para o trabalho empenhado e
consciente, para uma luta boa e verdejante de esperanças, para um futuro menos
desigual.
fonte: https://bloguniversidadelivrepampedia.com/author/doraincontri/
fonte: https://bloguniversidadelivrepampedia.com/author/doraincontri/
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