Uma leitora narrou-me o seguinte: “meu noivo
tem tatuados desenhos exóticos, como a “caveira”, “Capitão Gancho”, “morte”,
“deuses da mitologia nórdica” e “símbolos de bandas Death Metal”. Sei que tais
emblemas o representam, pois que ele venera essas coisas. Acho de mau gosto,
estranhos e um tanto “patológicos”. Entretanto é a opção dele. A escolha dele
só a ele diz respeito”. Você concorda comigo?
Explicamos para a nossa leitora que ante as
regras morais do Espiritismo não há dispositivos para “danações infernais”.
Certamente, pela tatuagem a pessoa pode estar pronunciando algo de si mesma.
Todavia e apesar disso, paradoxalmente, não cremos que as tatuagens retratem
totalmente a índole e o caráter de alguém. Nada obstante conhecermos alguns
modelos de tatuagens, com pretextos assombrosos que podem ser classificados
(sem excomunhões) como censuráveis e inadequados para o cristão.
Ainda sobre o tema, outra leitora nos indagou:
“a tatuagem é uma forma de arte no corpo? Se é uma arte deverá ser condenada?
Tenho uma tatuagem no braço de uma linda borboleta. Ela me representa
inteiramente. A borboleta é considerada o símbolo da transformação, da felicidade,
da beleza, da inconstância, da efemeridade da natureza e da renovação. Não
posso crer que algo tão expressivo para mim possa ser pernicioso na minha vida
no além-túmulo. O que você acha?
Explicamos que não identificamos argumentos de
caráter rigorosamente útil o uso de quaisquer tatuagens, especialmente se a
lesão imposta ao próprio corpo for por idolatria, vaidade e egocentrismo.
Contudo, o uso de tatuagens não abafa as qualidades morais. Até porque ninguém
pode penetrar na intimidade da consciência de alguém e saber o que aí ocorre.
Outro leitor escreveu: “meu corpo físico já é
uma arte, em face disso não ousaria manchar-lhe! E vou mais adiante, quem teria
audácia de rabiscar sobre as telas originais de um Vincent van Gogh, de
Michelangelo, de Leonardo da Vinci ou de Pablo Picasso? Ora, a minha irmã me
contradiz, argumentando que se o corpo é um templo, porque não decorar as
paredes? Cada caso é um caso, e não se pode dizer que uma tatuagem é um rabisco
em uma obra de arte. O corpo é uma obra de arte dada a nós como presente, sim,
e não é uma tatuagem que irá tirar esse aspecto de obra de arte”. Me elucide
aí, Jorge Hessen.
Aqui especificamente redargui que pelos ditames
do livre arbítrio cada um responderá por si. Porém, lembremos que mesmo com
toda tecnologia atual, uma tatuagem não é espontaneamente removível. Não há
como desconhecermos que o corpo é o templo do Espírito e não nos pertence,
portanto, é importante preservá-lo contra ofensivas que possam truncar a sua
composição natural.
É difícil sabermos se haverá ou não mutilação
perispiritual por causa das tatuagens. Embora saibamos que o perispírito seja
lesado pelas anomalias de caráter, desequilíbrios emocionais, vícios físicos e
mentais, rancores, pessimismos, ambição, vaidade desmesurada, luxúria, nem
todos os tatuados se enquadram nesses desvios morais.
É verdade! Golpeia-se o perispírito todas as
vezes que se prejudica o semelhante através da maledicência, da agressividade,
da aventura extraconjugal, da violência de todos os níveis, da deslealdade.
Deste modo, analisando por esse ângulo, as tatuagens afetam nada ou quase nada
o perispírito.
As tatuagens que alguns indivíduos elaboram
como forma de demonstrar carinho a exemplo de alguém que grava o nome do pai ou
da mãe no corpo de modo discreto não trariam, acreditamos, os mesmos efeitos
que ocorreriam com aqueles que se tatuam de modo resoluto, movimentados por
anseios mais abrutalhados.
André Luiz registra que “os desencarnados
podem, sob o ponto de vista fluídico, moldar mentalmente e de maneira
automática, no mundo dos Espíritos, roupas e objetos de uso e gosto pessoal”.
(1) Como se observa, é possível, embora deploremos, que um ser no além-túmulo
permaneça condicionado aos vícios, modismos e tantas outras coisas inúteis da
sociedade terrena.
Perante essas questões propostas, evocamos a
lógica espírita que nos convida ao autoconhecimento, ao estágio do auto
aprimoramento sob o patrocínio da liberdade responsável. Os Benfeitores
espirituais recomendam o bom senso, a autoconfiança, a altivez, o equilíbrio e
a busca incessante de Deus, que nos faculta contentamento e paz ao coração e à
consciência, sem as penúrias de procurarmos alentos nas figuras e emblemas
incrustrados na epiderme.
Referência
bibliográfica:
[1]
Xavier, Francisco Cândido. Nosso Lar, ditado pelo Espírito André Luiz,
Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1955
FONTE: http://aluznamente.com.br
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