Como relacionar os dois? O autismo se
caracteriza por um grave transtorno do desenvolvimento da personalidade,
revelando uma perturbação característica das interações sociais, comunicação e
comportamento. De uma maneira geral, a pessoa tem tendência ao isolamento,
olhando de forma dispersa, sem responder satisfatoriamente aos chamados e
demonstrando desinteresse pelas pessoas. O indivíduo, sem apresentar nenhum
sinal físico especial, ostenta prejuízo severo de várias áreas da performance
humana, acometendo principalmente as interações interpessoais, da comunicação e
do comportamento global.
O paciente apresenta um sistema nervoso
alterado, sem condições psico-neurológicas apropriadas para um adequado
recebimento dos estímulos necessários, afetando seriamente seu desenvolvimento,
exibindo incapacidade inata para o relacionamento comum com outras pessoas,
como também desordens intensas no desenvolvimento da linguagem.
O comportamento do portador do transtorno
autista é caracterizado por atos repetitivos (rotinas e rituais não funcionais,
repertório restrito de atividades e interesses) e movimentos estereotipados,
bem elaborados e intensos (saltos, balanceio da cabeça ou dos dedos, rodopios e
outros). Podem, igualmente, ser observados alguns sintomas comportamentais como
a hiperatividade, agressividade, inclusive contra si próprio, impulsividade e
agitação psicomotora.
Até hoje esse distúrbio, permanente e
severamente incapacitante, associado a algum grau de deficiência mental e
acometendo mais o sexo masculino, é enigmático para a ciência, sem explicação
convincente de sua causa e ausência de tratamento específico. Enquanto os
pensadores se debatem em mil argumentos e justificativas, completamente
envolvidos nas teias compactas da problemática síndrome, qual a contribuição
que pode ser concedida pela ciência do espírito?
Einstein, certa feita, disse que "a
ciência sem religião é manca, a religião sem a ciência é cega". O
espiritismo se apresenta como uma religião natural, desprovida da presença do
absolutismo sacerdotal, sem submissão a rituais e dogmas, apta a dar apoio e
controle à ciência, completamente presa às leis da matéria e impossibilitada
sozinha de explicar os mais misteriosos fenômenos.
Em verdade, a doutrina dos espíritos e a
ciência humana se complementam uma pela outra. O excelso codificador do
espiritismo, Allan Kardec, enfatizou que as descobertas da ciência glorificam
Deus em lugar de diminuí-Lo e elas não destroem senão o que os homens
estabeleceram sobre ideias falsas que fizeram Dele ("A Gênese'', pág. 40,
FEB).
Sabemos, por exemplo, que a ciência dos homens
se mantém estática diante do fenômeno da morte, completamente inerte e
impotente, enquanto a ciência espírita transcende ao acontecimento, indo mais
além, explicando tudo o que ocorre nos domínios do extrafísico, encarando o
fenecimento do corpo físico como um acontecimento natural, sabendo que a
individualidade espiritual ressurge na verdadeira pátria como um pássaro liberto
da prisão. Na realidade, já bem antes, precisamente nos trâmites do fenômeno da
fertilização do óvulo, precedendo ao nascimento, todo o processo científico
extrafísico é do conhecimento da ciência espírita, inclusive respondendo
algumas questões misteriosas, sem respostas objetivas da biologia: "Como é
que os genes, situados numa molécula protéica, podem manipular e ordenar a si
próprios?". "Como proteínas podem demonstrar sabedoria, regulando a
formação de outras proteínas?". "Como pode uma proteína ter tanta
capacidade de comando específico e brilhante?''. ‘‘Como podem apenas 30 mil
genes produzir mais de cem mil proteínas?''. Sabendo que cada gen pode produzir
três, quatro até cerca de dez proteínas, como sabe qual a proteína certa que
tem que formar?".
Ao nível microscópico, um efeito inteligente
biológico não pode ser consequência de uma coisa aleatória que surgiu por
acaso, apenas resultante do trabalho casual de proteínas específicas. O corpo
humano, constituído de mais de cem trilhões de células, não pode ser fruto do
acaso, ainda mais que é resultante de uma única célula (ovo ou zigoto). Tem que
existir um fator, orientando tudo isso, uma diretriz, um gerente maior, um
campo organizador da forma. Comparando o corpo humano a um bolo, o DNA (Ácido
Desoxirribonucléico), constituinte dos genes, seria uma espécie de receita e o
bolo seria produzido de acordo com as instruções da receita. O espírito é o
artífice de todo o processo (genial confeiteiro, utilizando a receita e
preparando o bolo). Portanto, o DNA corresponde a uma fita programada e
aperfeiçoada nos bilhões de anos de evolução, sob as diretrizes do grande
programador: A Essência Espiritual.
O corpo humano está subordinado às informações
ou ordens dos genes, os quais não são os exclusivos mentores do maravilhoso
processo biológico da vida, desde que há, em verdade, um Poder Inteligente que
orienta a formação do ADN e permite repará-lo quando necessário. Logo após a
fecundação, a entidade reencarnante, de acordo com sua sintonia evolutiva,
grava o seu código cifrado vibratório na matéria, atuando sobre o ADN.
Portanto, todas as transformações físicas, químicas, orgânicas, biológicas, de
todas as células são orientadas e dirigidas pelo espírito que preside a tudo,
funcionando o corpo como um grande computador biológico.
Interessante e importante o conhecimento
científico de que os genes exercem um poder incrível, como que dotados de
inteligência, sabendo muito bem o que estão fazendo. Por exemplo, a bananeira
não dá limão. Por que a mama não produz lágrima? Ela fabrica leite. Imaginem se
suássemos leite materno? O organismo tem conhecimento de que, na mama, por
exemplo, tem que desligar os genes que causam o suor e ligar os genes que
produzem o leite. Quem é o responsável por esse extraordinário e perspicaz
processo biológico? Como uma proteína pode despertar outra proteína? Quem lhe
ensinou a tarefa? As respostas são fornecidas pela ciência espírita, atestando
que Deus existe e que a individualidade espiritual, o espírito imortal, diante
do universo, retorna em diversas existências, aprimorando-se, sendo responsável
causal da gerência dos processos biológicos, sendo, inclusive, "o campo
organizador da forma" ou "planta de construção", na
embriogênese, mentor da constituição do organismo, a partir de apenas uma
célula, arquitetando a formação dos tecidos e órgãos do corpo físico.
A doutrina espírita ensina que somos artífices
do nosso próprio destino (o acaso não existe). Quando nascemos com alguma
deformidade, em verdade a mesma já existia antes em espírito, porque a criamos
dentro de nós, em determinada vivência física. Então, o espírito é responsável
por tudo que pensa e faz, subordinado à Lei de Causa e Efeito, divina por
excelência. Se tivermos algo a expiar, a distonia arquivada, em nosso envoltório
espiritual, propiciará a escolha da fita compatível e sua posterior gravação.
Então, plasmamos em nosso ADN a informação codificada que trazemos em espírito;
sendo, portanto, nossas deficiências originadas de nós mesmos, nunca obra do
acaso e muito menos predeterminadas por uma divindade vingativa. Somos hoje o
que construímos ontem: "A cada um segundo as suas obras''.
Ninguém nasce autista por acaso. A Justiça
Divina é misericordiosa por excelência, propiciando ao infrator as benesses da
retificação espiritual. Algumas teses espiritualistas relatam que o
comportamento autista é decorrente do fato de o espírito não ter aceitado sua
reencarnação. O Livro dos Espíritos, na questão 355, ensina que a aliança do
espírito ao corpo não é definitiva, porquanto os laços que ao corpo o prendem
são muito fracos, podendo romper-se por vontade do espírito, se este recua
diante da prova que escolheu. Portanto, o espiritismo instrui que, nos casos de
não aceitação da reencarnação, mediante o seu livre-arbítrio, a entidade se
retira e acontece um aborto, denominado, pela ciência, de espontâneo.
Os déficits cognitivos severos, associados às
profundas alterações no inter-relacionamento social, caracterizam o autista,
apresentando uma forma de identificação profundamente diferente, resultante do
mau uso das faculdades intelectivas, em existências anteriores, errando o ser,
exatamente na dissimulação das emoções, estabelecendo relações afetivas
baseadas no engodo, no fingimento, para manter suas posições sociais abastadas,
no campo do poder social, igualmente na sedução sexual, utilizando o disfarce,
a aparência enganadora, cobrindo com uma máscara psicológica a sua verdadeira
personalidade, representando uma personagem falsa, enganando os circunstantes
para auferir vantagens. Quantos indivíduos, exercendo cargos religiosos,
políticos, militares e policiais, sem a preocupação de ajudar o próximo,
assoberbados de vantagens pessoais, preocupados apenas com o seu próprio
bem-estar, apresentam-se como falsos líderes, ludibriando a muitos, mas não
conseguindo enganar a si próprios.
Na Parábola dos Talentos, Jesus alude aos que
usaram seus dons, atributos, sem benefício para os semelhantes e, atormentados,
posteriormente, pelo remorso, refletem um sofrimento que parece não ter fim
(imagem simbólica do "fogo eterno"), recebendo a sentença que ressoa
nos refolhos mais íntimos da consciência: "até o pouco que tem lhes será
tirado".
O indivíduo autista representa alguém
necessitado de muita atenção, carinho e amor, vindo ao mundo físico, em uma
reencarnação essencialmente expiatória, totalmente desprovido do controle de
suas emoções, com prejuízo acentuado na interação social, não desenvolvendo
relacionamento eficaz com seus pares, fracasso marcante no contato visual
direto, na expressão facial, na postura corporal, na tentativa espontânea de
compartilhar prazer, interesses ou realizações com outras pessoas. Está agora
sujeito às consequências de seus atos impensados do pretérito. De tanto não
conceder o devido respeito às pessoas e de não conceber que os seres pensam e
tem sentimentos, retorna com déficit e prejuízo da empatia, com intensa
dificuldade de construir vínculos, sem se sentir atraído pelas pessoas e sem
interesse em tentar falar, considerando o rosto humano muito complexo e confuso,
difícil de se olhar. No pretérito, a todo o custo, buscava a fama, a glória, o
entusiasmo dos aplausos, o ardor dos cumprimentos e abraços; hoje, com
aparência desorientada devido a uma expressão sem emoção, vivencia experiências
caóticas, com dificuldade imensa de estar fora do seu casulo particular,
principalmente quando ouve o ruído de um grupo de pessoas, causando acentuada
confusão nos seus sentidos, sem saber distinguir os estímulos e, muitas vezes,
aguçada dificuldade em relação à sensibilidade tátil, sentindo-se sufocado com
um simples aperto. Contudo, "Deus é Amor", proporcionando ao espírito
imortal, diante da eternidade, a oportunidade da redenção espiritual.
Quando retornar à dimensão extrafísica,
apresentar-se-á curado, sem mais o remorso lhe assenhoreando o íntimo,
vivenciando a paz e agradecendo a valiosa oportunidade, dispensada a si
próprio, de agora poder valorizar a utilização dos dons da comunicação e o
talento do carisma, visando o bem estar do próximo e o seu próprio crescimento
espiritual. A chance de ter tido uma existência difícil, quando se entretinha,
enfileirando brinquedos e objetos, particularmente, pauzinhos, caixinhas, peças
coloridas para encaixe, despertou dentro de si o potencial da humildade.
Captando paulatinamente as vibrações amorosas de seus pais, familiares, amigos
e abnegados terapeutas, assimilando-as intensamente, a carapaça da empáfia
desabou e descobriu em plenitude o amor. Afinal, somos herdeiros do infinito e
estamos ainda iniciando nossa jornada evolutiva no rumo das estrelas grandiosas
e incomensuráveis do universo.
OBS.: Dedico esta matéria a todos os que, na
presente reencarnação, vivenciam a experiência valiosa do autismo,
principalmente à minha querida filha Sofia, com seis anos de vida, renascendo
no meu lar, acometida do mesmo transtorno. Agradeço a Deus pela oportunidade,
concedida a meu espírito, de estar compartilhando com ela momentos tão
difíceis, exaustivos e angustiantes; contudo, entremeados de atenção e de amor.
A reencarnação, divina por excelência, me permite a chance maravilhosa de estar
com ela novamente e de crescermos, agora, juntos, sob as bênçãos do Excelso e
Amado Pai.
Autismo
infantil
1) As causas do autismo permanecem
desconhecidas, havendo forte indício de fatores genéticos;
2) A incidência do transtorno está aumentando
significativamente no mundo. Em cada 1000 crianças, uma é portadora da
síndrome. Nos EUA, é apontado um autista para 500 infantes, já superando os
índices da S. de Down e do câncer infantil. As taxas são 4 a 5 vezes superiores
para o sexo masculino; entretanto, as crianças do sexo feminino são mais
propensas a apresentar um retardo mental mais severo;
3) Em 1943, foi descrita pela 1ª vez pelo
psiquiatra Leo Kanner, descrevendo a condição especial de 11 crianças;
4) Cerca de 70% dos pacientes possuem algum
nível de retardamento mental;
5) Há necessidade premente do diagnóstico
precoce para uma ajuda multidisciplinar mais eficiente. Deve-se suspeitar de
bebês que choram demais ou se apresentam muito quietos. Dormem pouco ou dormem
demais, passando do horário das refeições. Não atendem quando chamados,
parecendo surdos. Aversão ao toque. Não suportam colo. Não demonstram emoção
para com as pessoas. Interessam-se mais por objetos do que por pessoas.
Crianças que têm pouco contato visual, não olhando para os rostos das pessoas.
fonte: http://www.correioespirita.org.br/
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