Ninguém sabe quanto tempo a existência nos
reserva de tempo para permanecer no planeta, felizmente. Desconhecemos na
essência qual plano foi traçado antes da encarnação objetivando as nossas
escolhas, ainda bem. Apesar de todos os lamentos dos que rejeitam a
Reencarnação dispondo os argumentos do esquecimento do passado remoto como se
retratasse uma contradição, o que ocorre é que somos abençoados pela falta de
memória pregressa. Lógico que ela se alicerça na blindagem que o corpo ganha é
provido de um cérebro novo em folha, logo sem impressões em seus neurônios, mas
é mesmo o filtro do perispírito que impede as lembranças de eclodirem. Por que
impede? Para a proteção de nossa sanidade.
Consta
em O Livro dos Espíritos (q. 258): “No estado errante, antes de nova existência
corpórea, o Espírito tem consciência e previsão do que lhe vai acontecer
durante a vida? — Ele mesmo escolhe o gênero de provas que deseja sofrer; nisto
consiste o seu livre-arbítrio”. Consciente das escolhas, ou mesmo por
justificada aplicação da lei de causa e efeito quando lhe faltem condições de
escolha, é o próprio encarnado quem define o gênero de situações que irá
enfrentar no desenrolar da existência. Aí se dispõem as provas e expiações que
envolvem o planejamento do corpo/mente e vida social em suas nuanças familiares
e econômicas, assim como o período médio de permanência no nicho corpóreo.
Entramos
no terreno da batalha com as ferramentas adequadas para solucionar os conflitos
que vão aparecer, mas possuímos tendências e hábitos, justamente os motivos do
conjunto de situações que vão surgir. Está em jogo a nossa força diante dos
fatos que nos arrastaram ontem para a desilusão, fruto de escolhas ruins. Visto
pelo ângulo mais simples, o que nos induz a cometer atos que desejaríamos
evitar é provavelmente a tarefa mais importante a realizar. A busca de missões
grandiosas no mundo é uma ilusão de egos inflados, pois a verdadeira missão do
Espírito está nas coisas mais simples da vida e quando surgem possibilidades de
ação ampla e coletiva não devem passar de divinas oportunidades para o
aprendizado individual, senão vai ser engolido pela falta de escrúpulos e pelas
vaidades, tal como se vê nos mandatários aos quais sobram ambições e faltam
virtudes. Ou não foi assim que se conduziu Jesus e tantas pessoas que
influenciaram as massas e estavam ocupados em se tornarem melhores enquanto
pessoas?
Definitivamente
não há tribunais e o reconhecimento externo nada acrescenta ao Espírito em sua
busca de luzir interiormente. Deixar para amanhã é correr o risco de ser
convocado para o mundo espiritual sem aviso prévio. Há que usufruir dos
momentos cuidando para acarpetar a estrada enquanto sobrepõe os passos e jamais
julgar que uma lição aprendida possa fechar a mente para revisões. Estar
preparado para o susto que as esquinas providenciam com a disposição de se
permitir novamente recomeçar, muito além do cansaço das repetições indesejadas,
por sabê-las testes para a nossa condição de alerta. Buscar de forma enérgica o
caminho, por mais comprido, muito atento para evitar os desvios que acenam com
facilidades. Praticar o quanto consiga a gentileza, apesar do coração ferido,
pela renhida necessidade de evitar jogar sobre os outros as frustrações que nos
competem suportar. Distribuir sorrisos e cultivar amigos utilizando as palavras
como travesseiros que acolhem sem a pretensão de proferir verbo que se
transforma em chicote que fere.
Ignorando
quanto tempo transitaremos pela Terra é fundamental que estejamos prontos para
o grande abraço com os objetivos que nos fizeram iniciar essa jornada, que não
é senão o autoconhecimento. Viver na Terra é estar preparado para o grande
abraço com a eternidade.
P.S: Dedico esse Editorial ao meu amigo Eliel
Braga 06 meses depois de sua partida inesperada.
¹ editorial do programa Antena Espírita de
16.07.2017
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