SOBRE A EDUCAÇÃO NO BRASIL
No Brasil, a educação é disciplinada pela Lei Federal nº 9.394 de 20 de
dezembro de 1996 a qual, em seu artigo 1º, na versão mais atualizada, de março
de 2015, assim define:
“A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida
familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e
pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas
manifestações culturais”.
Vê-se aí que o termo educação tem um sentido bastante amplo, mas que,
na sua essência, conforme definido na lei, se desenvolve em primeiro lugar no
ambiente familiar e, a partir daí, nos vários campos da convivência humana,
inclusive no ambiente escolar!
É de nosso entendimento, que essa é a bagaem que a criança já deve
levar de casa para o ambiente social e escolar.
A definição acima deve ter passado por um acurado exame dos experts na
área e não apenas daqueles que cuidam da técnica legislativa.
Esse artigo primeiro da Lei de Diretrizes e Bases da Educaçâo vem
acompanhado de dois parágrafos, sendo que o primeiro deles esclarece que a Lei
disciplina a “educação escolar que se desenvolve predominantemente por meio do
ensino, em instituições próprias”; e o segundo esclarece que “o objetivo da
educação deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social”.
Pela redação desses dois parágrafos citados acima, vê-se que a tarefa
da educação escolar é predominantemente a de instrumentalizar o indivíduo para
a vida prática, ou seja, a de preparar o indivíduo para uma atividade
profissional, em suma, para o trabalho, o que não se pode imaginar que seja
pouco, principalmente nos dias de hoje.
Quando as famílias procuram colocar os filhos em boas escolas, estão
cobertas de razão, porque é através da instrução que o indivíduo se prepara
para a vida prática, e não se pode imaginar que os pais estejam cometendo algum
tipo de erro em desejar que seus filhos frequentem boas escolas, porque é assim
que eles se preparam para a vida profissional, e isso é uma tarefa das mais
louváveis, portanto, é justo que as famílias pensem e ajam assim!
Mas, o que as crianças e jovens devem levar para a escola? Além do
material escolar necessário? Será que não está faltando alguma coisa?
Lembremos o que foi citado acima, quando nos referimos ao Prof.
Hippolyte Leon Denizard Rivail, ainda no éculo XIX! De que “A educação é a
arte de formar os homens; isto é, a arte de fazer eclodir neles os germens da
virtude e abafar os do vício; de desenvolver a inteligência e de lhes dar
instrução própria às suas necessidades”.
Ora, instruir é a principal tarefa da escola conforme vimos acima e que
está definido na lei, que é desenvolver a inteligência e dar instrução própria
às necessidades da vida, mas a quem caberá a tarefa de fazer eclodir neles os
germens da virtude e abafar os do vício?
Quer nos parecer que esse aparelhamento a criança já deve levar de
casa, portanto, esse tipo de preparação é tarefa que cabe à família proporcionar.
UMA
VISÃO DA CRIANÇA COMO SER ESPIRITUAL
Importante, desde logo,
ressaltarmos que, embora essa tarefa seja facilitada pela idade, há sempre que
se considerar que as crianças são espíritos, ou seja, “almas antigas”, como diz
Tom Shroder em seu livro de mesmo título, que chegam para novas experiências no
corpo físico, os quais trazem vícios que, às vezes, foram desenvolvidos em
várias existências anteriores, e que, por isso mesmo, devem ser objeto da maior
atenção dos seus pais.
Assim, importante que se
deva considerar a vida no sentido contínuo, ora o ser espiritual encarnado,
ligado a um corpo, ora livre do liame físico, ou seja, do corpo, quando se
encontra no mundo espiritual aguardando a oportunidade para uma nova existência
física.
No Capítulo III, da parte segunda de O Livro dos Espíritos, que trata
sobre a infância, na questão 383, Allan Kardec pergunta de forma especifica aos
Espíritos, o seguinte: Para o Espírito, qual a utilidade de passar pelo estado
de infância? A resposta textual é: “Encarnando, com o objetivo de se
aperfeiçoar, o Espírito, durante esse período, é mais acessível às impressões
que recebe capazes de lhe auxiliarem o adiantamento, para o que devem
contribuir os incumbidos de educá-lo.”
Já ficou bastante claro acima, que a tarefa de educar,
conforme aqui estamos tratando, não cabe à escola e sim aos pais, o que se pode
reforçar transcrevendo a resposta que os
Espíritos deram a Allan Kardec na pergunta de nº 385 de O Livro dos Espíritos,
que é bastante extensa, entretanto, nos dois últimos parágrafos, essa questão
fica totalmente esclarecida, senão vejamos:
“(...) A infância
ainda tem outra utilidade. Os Espíritos só entram na vida corporal para se
aperfeiçoarem, para se melhorarem. A delicadeza da idade infantil os torna
brandos e acessíveis aos conselhos da experiência, dos que devam fazê-los
progredir. Nessa fase é que se lhes pode reformar os caracteres e reprimir os
maus pendores. Tal o dever que Deus impôs aos pais, missão sagrada de que terão
de dar contas.”
“Assim, portanto, a
infância é não só útil, necessária, indispensável, mas também consequência
natural das leis que Deus estabeleceu e que regem o Universo.”
O QUE A FAMÍLIA DEVE ENSINAR ÀS CRIANÇAS?
O Professor Rivail, já
utilizando o pseudônimo de Allan Kardec, na Questão 685 de O Livro dos
Espíritos, na qual ele, ao se referir à questão das crises na economia, com
reflexo nas pessoas idosas que não podem mais se manter pelo trabalho, diz o
seguinte: “(...) Há um elemento, que se
não costuma fazer pesar na balança, sem o qual a ciência econômica não passa de
simples teoria. Esse elemento é a educação, não a educação intelectual, mas a
educação moral. Não nos referimos à educação moral pelos livros e sim a que
consiste na arte de forma os caracteres, à que incute hábitos, porquanto a
educação é o conjunto de hábitos adquiridos”.
Vamos nos deter na análise
da parte final do parágrafo anterior, na qual Allan Kardec deixa claro que não
se refere à educação moral pelos livros, porquanto a “educação é o conjunto de hábitos adquiridos”.
Voltemos ao exemplo dado por
Comenius, citado acima, ao comparar o desenvolvimento da criança com os
cuidados que se deve ter com uma árvore, sabe-se que o jardineiro, desde cedo,
costuma ampará-la com uma pequena estaca para que possa crescer aprumada e
reta, ou seja, “antes que a árvore cresça muito e se encha de galhos.”
Assim, para se formar o caráter de alguém
se tem que começar desde cedo, nos primeiros anos de vida do indivíduo, portanto,
logo na primeira infância, como tarefa da família.
Partindo-se dessa premissa,
os pais devem cuidar da educação moral de seus filhos, desde as primeiras
idades, para que desenvolvam hábitos saudáveis que se refletirão no futuro
quando se tornarem adultos.
QUAIS OS HÁBITOS QUE SE DEVE APRENDER NA
INFÂNCIA?
Durante os primeiros anos de
vida a criança, espírito encarnado, passa a maior parte do tempo no seio da
família, muito próxima dos pais, principalmente da mãe, a qual lhe supre as
necessidades de alimentação, segurança, higiene e conforto.
Como ainda não desenvolveu a
fala, caso esteja se sentindo desconfortável por alguma razão, a forma de
atrair a atenção materna é através do choro, ocasião mais que oportuna para
que, gradualmente lhe sejam incutidos hábitos que, no futuro, revelarão que
recebeu uma boa educação.
As mães, de maneira geral,
desenvolvem uma psicologia própria da maternidade quando identificam, através
do choro da criança, quais os tipos de necessidades que precisam atender,
sabem, por exemplo, quando a criança está molhada ou quando é devido a outro
tipo de necessidade fisiológica, quando o choro é de sono, ou quando a criança
quer companhia, alguém por perto, ou até se o que ela quer é um colo.
Esse relacionamento é
fundamental para as duas, para a mãe e para a criança, porque aí é que se forma
um laço de confiança entre elas, o que, no futuro, propiciará oportunidades
para o desenvolvimento de hábitos importantes para o desenvolvimento sadio da
criança.
À satisfação das
necessidades básicas vão dando lugar ao desenvolvimento de outros hábitos, por
exemplo, de cuidar da sua própria higiene e de buscar a sua própria
alimentação, ao dizer de forma específica que está com fome ou que já está
satisfeita.
Desde cedo, a criança deve
desenvolver também sua ligação com Deus, através da oração, antes e/ou após as
refeições, antes de dormir e ao acordar, dependendo do costume da família.
Assim, a criança vai, gradualmente, reconhecendo que é através da oração que a
criatura entra em contato com o criador, seja para pedir e muito mais para
agradecer, de acordo com a orientação religiosa da família.
Segundo Aristóteles, Séc. IV
a.C, “a virtude moral ou ética é produto do hábito,” para Tomás de Aquino, “a
formação de hábitos é essencial para a educação do ser humano”. Assim, a
criança, desde cedo, deve aprender a reconhecer a autoridade dos pais, a
desenvolver por eles o respeito, a obedecer-lhes as orientações e a seguir-lhes
os conselhos inspirados na prudência e experiência de vida que só os anos
conferem, caso não reconheçam a autoridade dos pais, dificilmente aceitarão
seguir outras normas de conduta impostas pelos costumes, tradições e pela vida
em sociedade.
Desde cedo a criança deve
também aprender a respeitar a vida em todas as suas manifestações, seja a vida
humana, animal, vegetal e o meio ambiente, pois todos são criações divinas e
fatores importantes de equilíbrio da sociedade e da vida no planeta, o que
evitará, no futuro, o cometimento de atitudes contrárias à preservação da vida
como um todo.
Mas o respeito à vida também
deve se iniciar por ele próprio, desenvolvendo hábitos de alimentação saudável
e evitando desenvolver vícios predatórios tais como o uso de drogas, fumo,
álcool, sexo desregrado dentre outros.
Uma sociedade equilibrada
necessita de indivíduos capazes de respeitar as normas estabelecidas para a
convivência geral, ou seja, as leis do país, sem o que a lei do mais forte ou
do mais ousado é que será imposta, situação que gera o desequilíbrio social e o
cometimento de abusos, especialmente dos mais fracos pelos mais fortes.
Dentre os hábitos que a
criança deve aprender na infância, os mais importantes são os de Boas Maneiras,
da Verdade e Honestidade, da Cooperação nas tarefas domésticas, de Cidadania,
de Respeito às Leis, e à Vida em todas as suas manifestações, vegetal, animal,
humana e do planeta.
Mas... Não se deve esquecer:
O melhor programa de educação moral é aquele formado pelos bons exemplos dados
pelos pais aos seus filhos enquanto com eles convivem: De respeito a tudo que é
respeitável e de amor a Deus e ao próximo!
Como todo rio começa em um
pequeno fio d’água de uma fonte, pode-se imaginar que a transformação da
humanidade deva começar no lar de cada um de nós, em qualquer cidade,
especialmente do nosso País.
Caro amigo Castro, esse tema é uns dos mais que me empolgam na Doutrina Espírita, afinal, Kardec era um educador por excelência espiritual. Ao analisarmos as suas encarnações todas elas tinham caráter de educador e não de sacerdote, que validaria o viés religioso do Espiritismo brasileiro. Parabéns pela sua abordagem, o que faz desse espaço doutrinariamente espírita. Isso nos fortalece na divulgação espírita. Vamos que vamos!
ResponderExcluirBondade sua Jorge Luiz! Aguardemos a opinião dos leitores! Obrigado por sua leitura e interpretação!
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