Por
que determinar, apesar de outras finalidades impostas pelo mercado, um dia para
festejar os pais? Qual a importância de uma reflexão a respeito do papel
exercido pelo pai de família numa sociedade tão complexa quanto essa que a
nossa se tornou?
Acima
de qualquer artificialismo que joga na vala da hipocrisia os comportamentos que
aguardam um momento para ser publicados e logo se transmudam para a rotina de
indiferenças afetivas, datas que reservam espaço para homenagens se configuram
numa grande oportunidade para uma reprogramação de atitudes.
É sabida a barreira emocional que limita a
livre expressão dos sentimentos entre as pessoas que convivem em grau de
intimidade que exija a divisão de metros quadrados dentro de uma residência, o
que as obriga ao compartilhamento diário de problemas em comum. Isso é tão
verdade que muitas vezes, quando a distância se dispõe entre as pessoas que
conviviam muito aproximadas fica mais fácil de expressar carinho e saudade
entre as mesmas.
A estrutura da família, mesmo com todas as
alterações que o comportamento social contemporâneo lhe exige, é a mais
adequada porta de entrada do Espírito na encarnação. Nessa estrutura, a figura,
a presença e a simbologia do pai é um contraponto essencial para o equilíbrio
emocional e espiritual de todos os seus componentes. Está no Evangelho Segundo
o Espiritismo, de Allan Kardec que “... O pai não gera o Espírito do filho:
fornece-lhe apenas o envoltório corporal. Mas deve ajudar seu desenvolvimento
intelectual e moral, para o fazer progredir (cap XIV, item 08)”. Poderia haver
uma função mais sublime a ser desempenhada entre tantas outras do que ajudar no
progresso de alguém?
O Dia dos Pais é uma chance preciosa para a
interlocução de nossa memória com a herança do pai que tivemos, com todas as
suas imperfeições humanas, a fim de resgatar as horas de afeto que agora fazem
parte de nossa história, cujos bons momentos devem ser agradecidos e as más
experiências perdoadas, haja vista que convivemos dentro das limitações que nos
caracterizavam naqueles momentos. Também se configura numa oportunidade de
recomeço, se for o caso, ou ainda de fortificação de laços, se ainda caminhamos
ao seu lado na presente encarnação. De outra forma, se detemos esse papel de
pai, eis que a data se mostra auspiciosa para refletir as nossas possibilidades
de tornar mais valiosa a contribuição àqueles que designamos como filhos, com
uma declarada e explícita abertura para uma relação que pode, e até deve, se
tornar progressivamente melhor.
Diante da expressiva contribuição que exerce
sobre o caráter dos Espíritos que recebe para ajudar nos primeiros passos de
aprendizado, o papel do pai deve ser exaltado com louvor por aqueles que
tivemos ou temos o legado de sua presença ao nosso lado nessa romagem terrestre,
pelo lado positivo que as nossas lembranças alcancem. E seja lá como nos
referimos a ele, quando o chamamos - PAI, PAPAI, PAIZÃO, PAIZINHO, PAINHO,
PAPITO – que o façamos com muito carinho, honra e dignificação ao seu empenho
de dar-nos o melhor de si desde o primeiro dia de nossa existência na Terra.
Momento oportuno também para louvarmos a Deus, o Maior de todos os PAIS, o
nosso Paizão dos Céus e Infinitos.
¹editorial do programa Antena Espírita de
13.08.2017
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