Um fenômeno musical surgiu em Guarulhos, em
1990, chamando a atenção pela mistura de pop rock com outros gêneros populares,
tudo realizado com muita alegria, entusiasmo, irreverente humor e carisma.
Tratava-se de uma banda, de início, chamada de “Utopia” e depois, em 23 junho
de 1995, foi denominada de “Mamonas Assassinas”. A carreira foi meteórica,
terminando em 2 de março de 1996, quando atingia expressivo e esplendoroso
sucesso, inclusive com o único álbum de estúdio vendendo mais de 3 milhões de
cópias em menos de um ano, conquistando recorde mundial e sendo certificado com
disco de diamante.
Os componentes do grupo, Dinho, Júlio Rasec,
Samuel Reis de Oliveira, Alberto Hinoto e Sérgio Reis de Oliveira, acompanhados
de dois acompanhantes, Isaque Souto, primo de Dinho, e Sérgio Saturnino Porto,
segurança do grupo, voltando de um show, em Brasília, no avião Learjet modelo
25D, prefixo PT-LSD, foram vítimas de um desastre aéreo e desencarnaram. O
avião chocou-se com a Serra da Cantareira, em São Paulo, retornando igualmente
à Dimensão Espiritual o piloto e o copiloto. Portanto, há 20 anos aconteceu a
tragédia, causando acentuada comoção, desde que estava a banda vivenciando
exuberante sucesso em apenas sete meses de sua formação como Mamonas
Assassinas.
BOX-1: O que tem a nos esclarecer a Doutrina
Espírita? Foram vítimas do acaso? Houve determinismo?
Allan Kardec questionou à Espiritualidade
Superior, na Q. 851 de “OLE” (O Livro dos Espíritos): “Haverá fatalidade nos
acontecimentos da vida, conforme ao sentido que se dá a este vocábulo? Quer
dizer: todos os acontecimentos são predeterminados? E, neste caso, que vem a
ser do livre-arbítrio”? A resposta, pronta e objetiva: “A fatalidade existe
unicamente pela escolha que o Espírito fez, ao encarnar, desta ou daquela prova
para sofrer. Escolhendo-a, institui para si uma espécie de destino, que é a
consequência mesma da posição em que vem a achar-se colocado. Falo das provas
físicas, pois, pelo que toca às provas morais e às tentações, o Espírito,
conservando o livre-arbítrio quanto ao bem e ao mal, é sempre senhor de ceder
ou de resistir”.
Na Q. 853 de “OLE”: “Algumas pessoas só escapam
de um perigo mortal para cair em outro. Parece que não podem escapar da morte.
Não há nisso fatalidade”? Os Excelsos Imortais assim se expressaram: “Fatal, no
verdadeiro sentido da palavra, só o instante da morte o é. Chegado esse
momento, de uma forma ou doutra, a ele não podeis furtar-vos”. Pergunta (a):
“Assim, qualquer que seja o perigo que nos ameace, se a hora da morte ainda não
chegou, não morreremos“? Os Arautos de Jesus responderam: “Não; não perecerás e
tens disso milhares de exemplos. Quando, porém, soe a hora da tua partida, nada
poderá impedir que partas. Deus sabe de antemão de que gênero será a morte do
homem e muitas vezes seu Espírito também o sabe, por lhe ter sido isso
revelado, quando escolheu tal ou qual existência”.
Portanto, assim como o Mestre Jesus afirmou que
todos os fios da cabeça estão contados (Lucas 12:6) e nenhum pardal cai em
terra sem o consentimento do Pai (Mateus 10:29), não está a Humanidade sob o
jugo do acaso. A Doutrina Espírita ensina que a vida é causal, não casual.
Théophile Gauther, poeta e dramaturgo francês (1811-1872) disse que “acaso é o
pseudônimo que Deus usa quando não quer assinar suas obras". O que parece
ser aparentemente fruto do acaso tem suas raízes causais, como explica a
veneranda Joanna de Ângelis, a seguir, nos trechos retirados do cap. 3 do livro
Alerta, obra psicografada por Divaldo P. Franco: “O imprevisível é a presença
divina, surpreendendo a infração. O insuspeitável pode ser considerado como a
interferência divina sempre vigilante. O inesperado deve ser levado em conta
como a ocorrência divina trabalhando pela ordem”.
Por que a desencarnação súbita e precoce de todo
o grupo? O Espiritismo vem explicar, na obra Obras Póstumas, na primeira parte,
através da comunicação do Espírito Clélie Duplantier, um assunto deveras
elucidativo a respeito do tema em tela: “Expiações Coletivas”. Diz o texto que
(...) “salvo alguma exceção, pode-se admitir como regra geral que todos aqueles
que numa existência vêm a estar reunidos por uma tarefa comum já viveram juntos
para trabalhar com o mesmo objetivo e ainda reunidos se acharão no futuro, até
que hajam atingido a meta, isto é, expiado o passado, ou desempenhado a missão
que aceitaram”.
“Graças ao Espiritismo, compreendeis agora a
justiça das provas que não resultam de atos da vida presente, porque já vos foi
dito que é a quitação de dívidas do passado; por que não ocorreria o mesmo com
as provas coletivas? Dissestes que as infelicidades gerais atingem o inocente
como o culpado; mas sabeis que o inocente de hoje pode ter sido o culpado de
ontem? Que tenha sido atingido individualmente ou coletivamente, é que o
mereceu”.
(...) “São essas faltas coletivas que são
expiadas coletivamente pelos indivíduos que para elas concorreram, os quais se
reencontram para sofrerem juntos a pena de talião, ou ter a ocasião de
repararem o mal que fizeram, provando o seu devotamento à coisa pública, socorrendo
e assistindo aqueles que outrora maltrataram. O que é incompreensível,
inconciliável com a justiça de Deus, sem a preexistência da alma, se torna
claro e lógico pelo conhecimento dessa lei.
“A solidariedade, que é o verdadeiro laço
social, não está, pois, só para o presente; ela se estende no passado e no
futuro, uma vez que as mesmas individualidades se encontraram, se reencontram e
se encontrarão para subirem juntas a escala do progresso, prestando-se concurso
mútuo. Eis o que o Espiritismo faz compreender pela equitativa lei da
reencarnação e a continuidade das relações entre os mesmos seres”.
Joanna de Ângelis, na obra Após a tempestade,
enfatiza que “mentes vinculadas entre si por estranhas amarras de ódio, ciúme e
inveja que incendeiam paixões, são reunidas novamente em vidas futuras,
atravessando os portais da Imortalidade, através de resgates coletivos, como
coletivamente espoliaram, destruíram, escarneceram, aniquilaram...”
“Na provação coletiva verifica-se a convocação
dos espíritos encarnados, participantes do mesmo débito, com referência ao
passado delituoso e obscuro. O mecanismo da justiça, na lei das compensações,
funciona então espontaneamente, através dos prepostos do Cristo, que convocam
os comparsas na dívida do pretérito para os resgates em comum, razão porque,
muitas vezes, intitulais “doloroso acaso” às circunstâncias que reúnem as
criaturas mais díspares no mesmo acidente, que lhes ocasiona a morte do corpo
físico ou as mais variadas mutilações no quadro dos seus compromissos
individuais” (Emmanuel, em O Consolador - nº 250).
Kardec afirma que “a misericórdia de Deus é
infinita, mas não é cega. O culpado que ela atinge não fica exonerado e,
enquanto não houver satisfeito à justiça, sofre a consequência dos seus erros
(O Céu e o Inferno – 1ª Parte – Capítulo VII – Código Penal da Vida Futura).
Portanto, todos os envolvidos no acidente são
Espíritos que se reencontraram e, certamente, em grupo, necessitaram de uma
reencarnação expiatória, regressando à Dimensão Espiritual não mais como
algozes, agora como vítimas completamente reajustadas. Na próxima reencarnação,
retornarão para a devida reparação, desde que a reabilitação moral a ser
conseguida a exige, depois da passagem pelos patamares do arrependimento e da
expiação. Em verdade, a falta de reconciliação com o adversário leva a uma
prisão a ser paga até o último ceitil (Mateus 5:26), em consequência de
infração às leis de Deus que estão inseridas na própria consciência (O Livro
dos Espíritos – questão 621).
Diz o ditado popular que se semear vento, a
colheita será a tempestade. Quem pratica o mal sofrerá as consequências dos seus
atos ou atitudes, porquanto, dentro de si mesmo, vigorará um julgamento, em
cumprimento das leis que exigem a premente reeducação do infrator,
devolvendo-lhe exatamente o que tenha logrado criar de ruim. O Planeta Terra é
um educandário ideal, onde a justiça infalível atua como uma bondosa mestre,
proporcionando ao ser a oportunidade de aprendizado através de seus próprios
passos, expiando e reparando a falta cometida. Assim fazendo, conseguir-se-á a
alforria ansiada e nunca o desapiedado “sofrimento eterno”.
BOX-2: Ocorrências Paranormais envolvendo a Tragédia
dos Mamonas Assassinas.
Os órgãos de comunicação noticiaram vários
acontecimentos qualificados de sobrenaturais, relacionados com a tragédia. O
mais marcante ocorreu com o “mamona” Júlio Rasec, o qual sonhou, na véspera do
desastre, que a aeronave, conduzindo o grupo de artistas, sofreria um acidente.
O tecladista, apresentando-se muito abalado e triste, deixou gravada, em vídeo,
a emocionante revelação: “Essa noite sonhei com um negócio assim; parecia que o
meu avião estava caindo”.
Qual a explicação oferecida pela Doutrina
Espírita, esclarecendo esse fato divulgado como sobrenatural?
Em O Livro dos Espíritos, questão 402, o
inolvidável Kardec interroga a Espiritualidade Superior: “Como podemos julgar
da liberdade do Espírito durante o sono?”, recebendo a seguinte resposta:
“Pelos sonhos. Sabei que, quando o corpo repousa, o Espírito dispõe de mais
faculdades que no estado de vigília. Tem a lembrança do passado e, às vezes, a
previsão do futuro; adquire mais poder e pode entrar em comunicação com os
outros espíritos, seja deste mundo, seja de outro”.
Na questão 411, o Codificador pergunta: “O
Espírito encarnado, nos momentos em que se desprende da matéria e age como
Espírito, conhece a época de sua morte“? Os Arautos do Consolador afirmaram que
“muitas vezes a pressente, e às vezes tem dela uma consciência bastante clara,
o que lhe dá, no estado de vigília, a sua intuição. É por isso que algumas
pessoas preveem, às vezes, a própria data da morte com grande exatidão”.
Em O Livro dos Médiuns, no item 14 do nº 289,
ressalta-se a questão formulada por Kardec: “Como certas pessoas são avisadas,
por pressentimentos, da época em que morrerão”? Os Benfeitores Espirituais
frisam que “as mais das vezes, é o próprio Espírito delas que vem a saber disso
em seus momentos de liberdade e guardam ao despertar, a intuição do que
entrevia...”
Por seguinte, a Doutrina Espírita demonstra que
as ocorrências paranormais repousam em leis normais, derrocando o império do
maravilhoso e do sobrenatural, esclarecendo que a premonição vivenciada pelo
integrante da Banda “Mamonas Assassinas” é explicada perfeitamente, no estudo
do tema “Da Emancipação da Alma”, assim como o fato acontecido com uma amiga do
copiloto, sonhando que ele morreria numa queda do avião. Conhecedor do fato, o
aeronauta pediu a seus parentes que o cremasse em caso de morte, tendo sido sua
solicitação atendida.
O Espiritismo, do mesmo modo, aclara a
experiência dolorosa da namorada do “mamona” Dinho, Valéria Zopello, como foi
noticiado nos jornais, acordando, na madrugada anterior do acidente, em pleno
choro, já prevendo o que iria acontecer.
BOX-4
: Importante o Salto Evolutivo dado pelos Integrantes do Grupo.
O Espiritismo vem iluminar o caminho tortuoso
da incredulidade e do acaso, indicando-nos que tudo tem uma razão e que há uma
finalidade maior para a existência do homem e do Universo.
Os estimados integrantes da Banda, em que pese
a irreverência em algumas oportunidades, deverão ser sempre lembrados pelo bem
e pela alegria ofertados a seus sinceros admiradores, amigos e parentes.
Pensemos nos queridos artistas do grupo
“Mamonas Assassinas” e nos outros vitimados, com otimismo e serenidade,
porquanto, como Espíritos imortais e filhos amados do Criador de todas as
coisas, deram um grande salto diante do Infinito.
Apesar de ter tido apenas sete meses de sucesso
e já ter passado vinte anos da desencarnação coletiva, esses Espíritos bem
especiais marcaram a atmosfera brasileira com sua bendita presença e ainda são
lembrados com muita saudade e carinho. Seguramente retornarão, reencarnando
novamente em terras brasileiras, já renovados e ainda mais alegres e
brilhantes.
Que o Mestre Jesus ampare sempre a todos os
envolvidos na expiação coletiva, derramando bênçãos de paz e iluminando o
caminho que trilham em sua trajetória sublime em direção ao Criador.
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