Tom Shadyac era um diretor de cinema de
sucesso, diretor de filmes ralinhos, mas que lhe renderam muito dinheiro. Até
que se acidentou, adoeceu, viu a morte de perto e, sobretudo, sofreu dores
inenarráveis. Ele já havia sentido, certa vez, numa casa cinematográfica em que
morava em Beverly Hills, um grande vazio, um questionamento profundo de “para
que tudo isso”? “Isso me fez mesmo mais feliz?” Depois de se aproximar da
morte, a crise existencial se aprofundou e ele foi em busca de respostas.
O que ele descobriu está no documentário I AM(assista)
que já tem alguns anos, é de 2011, mas é atualíssimo e todos deveriam assistir.
Ele rodou o mundo, viu o sofrimento da
humanidade, viu as belezas e as desgraças do planeta e entrevistou religiosos,
cientistas, filósofos.
E a conclusão é animadora. Os entrevistados –
todas pessoas de gabarito e não guruzinhos de autoajuda – demonstram que o
discurso darwinista (ou pelo menos que se supõe darwinista, mas na verdade
seria mais de Huxley, que foi o divulgador da teoria de Darwin) de que a
natureza funciona pela vitória do mais forte… e de que somos predadores,
agressivos e competitivos por natureza, mostra apenas uma fatia da realidade.
Há hoje evidências científicas de que temos uma natureza cooperativa e solidária.
Ou seja, o velho Rousseau tinha razão – somos essencialmente bons. Tinham razão
os grandes mestres da humanidade, como Jesus: “o Reino de Deus está dentro de
vós”.
O documentário mostra ao invés que é o modo
como organizamos a sociedade, como educamos (ou não educamos) as novas
gerações, como propagamos um discurso negativista a respeito da natureza humana
é que formata um mundo de competição e violência, de desrespeito do ser humano
consigo mesmo.
Ao mesmo tempo em que o documentário vai dando
voz a resultados de pesquisas científicas (que contrariam o discurso científico
tradicional), vai mostrando grandes personalidades geradoras de mudanças
radicais no mundo: Gandhi, Martin Luther King, Mandela e o próprio Desmond
Tutu, que também é largamente entrevistado e diz coisas de muita sabedoria.
A ideia, – que aliás defendemos sempre e por
isso trabalhamos em nossa série das Grandes Pessoas, biografias de homens e
mulheres do bem – é que uma pessoa pode fazer a diferença e que quanto maior
número de seres humanos se engajarem a mudar o mundo, mais rápido teremos um
mundo melhor. E que se engajar para o bem, em atitudes altruístas, em trabalhos
transformadores e em renúncia à ganância e ao predadorismo social, é na verdade
cumprir nossa natureza mais profunda e não contrariá-la.
O filme mostra por exemplo o quanto é humano e
universal vibrarmos e nos emocionarmos com atos de solidariedade, heroísmo e
amor. Se esses atos ressoam em nós, é porque temos a capacidade de realizá-los
também.
E afinal, o próprio diretor, se desfez de toda
a sua riqueza, passou a dedicar-se aos outros e conclama a todos nós a fazermos
nossa parte, para podermos afirmar diante da pergunta existencial profunda de
quem somos: eu sou!
fonte: https://bloguniversidadelivrepampedia.com
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