Termo de aparente fácil compreensão e suposta
significação simples, a Preparação é uma palavra derivada do latim, cujo
alcance exorbita à dimensão da espera, do planejamento e do agir porque
consegue unir a ambos numa só ação. Levado ao seu profundo sentido é possível
admiti-la como uma das expressões mais adequadas para que se entenda o caminho
da vitória em qualquer empreendimento, independente de sua natureza apontar
para conquistas no campo material ou espiritual.
A
questão 259 de O Livro dos Espíritos (“Se o Espírito escolhe o gênero de provas
que deve sofrer, todas as tribulações da vida foram previstas e escolhidas por
nós?”), cuja resposta propositadamente foi deixada para consulta na própria
obra, encerra o caminho adequado para avaliarmos a extensão do termo
Preparação. Habitualmente depositamos no contexto das situações que nos
acontecem a responsabilidade dos fenômenos que cercam a forma de vida que
levamos. Isso intenta qualificar a nossa ação como simples resposta ao mundo,
mas isso não passa de desfaçatez de nossa parte quanto ao controle que podemos
e devemos ter do nosso pensamento e em consequências de nossas atitudes.
A
imperfeição humana, cantada em prosa e verso por cada um, acaba sendo a “carta
na manga” para esconder a falta de empenho quando a surpresa do inusitado
declara “o rei nu”. É lógico que são as esquinas que mostram o despreparo com
que nos pomos a caminho e julgamos que a estrada é composta apenas de retas,
porém não é apenas por repetições que são alcançados patamares mais altos de
conquistas. Os saltos de crescimento dependem da capacidade de suportar as
inovações, as intempéries, os sustos, as decepções, as situações indignantes.
Provável
que no âmbito dos valores que alimentamos tenhamos que provar o quanto estamos
dispostos a manter a linha de coerência dos ideais próprios e o mundo cobra a
ferro e fogo tal posicionamento, enquanto apresenta motivos e razões para nos
dissuadir pelo abandono da escolha. Resistir e permanecer no mesmo propósito
nem sempre é escolha mais fácil. Exige boa absorção de impacto (para evitar
nocautes), resiliência (propriedade de retomar a forma), resignação (aceitar o
que supera o próprio controle), reflexão (visão ampliada) e persistência
(constância, firmeza).
Assim
se configura a Preparação, e diga-se de passagem, não se trata de uma qualidade
alcançada, senão uma busca incessante de quem almeja se qualificar seja em que
direção for. Para alcançar qual seja o objetivo, incluindo a aspiração de
ganhos da serenidade e paz de espírito, Preparar-se, no sentido aqui tratado, é
condição obrigatória.
Não
deve causar surpresa, então quando assumimos que a Terra se destina aos altos
vôos de espiritualidade, mercê de nossas qualificações individuais influenciando
a perspectiva coletiva e apesar de todas as adversidades que o gênero humano
lhe impõe na atualidade. É que esse planeta simplesmente é governado por um
mago da Preparação, Jesus. E Ele sabe exatamente qual a finalidade de nossas
existências, que é o “conhecermos a nós mesmos”.
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