Um belo dia, assisti a um vídeo (documentário)
sobre as atividades de certa instituição espírita dirigida rigorosamente sob os
preceitos da coerência doutrinária. Entretanto, no que pese o admirável
trabalho assistencial efetivado por essa instituição, ela o realiza em
sociedade (parceria) com outro “centro espírita”, que é administrado sem
discernimentos e integral inobservância dos princípios kardecianos.
Eis aí o nó da questão!
Para meu espanto, notei no vídeo que alguns
trabalhadores do segundo centro espírita estavam trajados com camisetas brancas
à guisa de uniformes e coruscantes manifestações de idolatrias ao “médium”
protagonista que “incorpora” “doutores do além” e/ou “espíritos curadores”.
No documentário ainda percebi cenas em que são
exibidas substâncias acondicionadas em diversas garrafas, supostamente contendo
“remédios” prescritos por orientações de “pretos velhos”. Com obviedade
estranhei sobre tal prática, considerando que o documentário foi exibido numa
instituição de orientação genuinamente kardeciana. Por isso, deliberei escrever
aqui sobre as inconsistências dessa segunda instituição.
São raras, ainda, as instituições espíritas que
se podem entregar à prática mediúnica, com plena consciência da tarefa que têm
em mãos. Deste modo, é aconselhável e prudente a intensificação das reuniões de
estudos sérios das obras de Kardec, a fim de que os trabalhadores de boa
vontade não venham a cair no desânimo ou na inércia por causa de um antecipado
e imaturo comércio com as energias do plano invisível.
Creio que os médiuns são úteis, mas não
indispensáveis numa casa espírita. É evidente que a ausência de estudos de
Kardec não é prudente nas instituições espíritas, e é de se estranhar que
médiuns estudiosos e sinceros continuem com suas consciências escravizadas,
incidindo no velho erro do misticismo e/ou da idolatria.
Quanto aos médiuns idolatrados, é importante
adverti-los que o seu maior inimigo não é quem os adverte, mas o seu
personalismo e sua pirraça no voluntário desconhecimento dos seus deveres à luz
do Evangelho. Há médiuns que se convenceram quanto aos fenômenos, sem se
converterem ao Evangelho pelo coração, trazendo para as fileiras do Espiritismo
os seus caprichos pessoais, opiniões cristalizadas no endurecimento do coração.
É importante prevenir fraternalmente que os
Espíritos que se apresentam como “caboclos” e “pretos(as)-velhos(as)” nos
terreiros ou noutros recintos possuem muito pouco ou quase nada de si mesmos
para ensinar, em termos de filosofia espírita.
O princípio do ÓBVIO nos sussurra que devemos
ter respeito, atenção, carinho, amor, sincero desejo de ajudar tais entidades,
porém essa não é uma recomendação isolada para Espíritos de “caboclos” e “pretos(as)-velhos(as)”.
Isso vale para todas e qualquer comunicação mediúnica.
Dizem que por trás desses estereótipos
(“pretos(as)-velhos(as)”, “caboclos”) podem estar “médicos”, “filósofos”,
“poetas” etc., que apenas se utilizam de tais “roupagens” para ensinar melhor
(!…). Conquanto exista obra mediúnica já consagrada nas hostes espíritas que
afiance isso, particularmente, duvido sobre tal veridicidade. Nada mais
precipitado do que se dar crédito a esses argumentos. Até porque, o PENSAMENTO
é a linguagem, por excelência, no mundo espiritual, e a forma e trejeitos no
falar e agir são adicionais supérfluos e desnecessários.
Ora, não há eternos espíritos de
“pretos(as)-velhos(as)”, nem brancos(as)-velhos(as), porque todos estão em
processo de evolução e não podem permanecer nessas categorias. Por essa razão,
devemos ter toda cautela com os seus atavismos primários. Até porque essas
entidades precisam descontruir tais psiquismos atávicos que, a rigor, mais
assemelham-se aos mitológicos “deuses” do velho politeísmo.
A Doutrina dos Espíritos está estruturada nas
Obras Básicas de Allan Kardec e não possui ramificações ou subdivisões com
outras crenças. Seu corpo doutrinário está contido nos ensinos dos Espíritos
Elevados (isso mesmo! Espíritos Superiores). Motivo pelo qual não podemos nos
acomodar com um Espiritismo “à moda brasileira”, ou seja, um Espiritismo
umbandizado, catoliquizado, irracional, místico e mistificado por desajustados
centros “espíritas” que insistem em difundir as ingênuas fábulas da carochinha…
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